O ano de 2008 demorou a acabar. Os dias foram longos e de trabalho sofrido desde o atendimento às vítimas, superação de perdas, abertura de ruas, distribuição de doações e acomodar famílias nos abrigos. Superados esses desafios e os dias mais caóticos da tragédia de novembro de 2008, o Vale do Itajaí se viu diante de uma série de obras de contenção e recuperação que precisavam ser feitas para reconstruir a cidade.

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Nesses 10 anos, 17 obras de reconstrução foram executadas em Blumenau – 15 já estão concluídas e outras duas estão em fase de conclusão, com término previsto para dezembro. Para essas obras, o município obteve R$ 13 milhões, por meio de um convênio com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC 2) do governo federal.

A maioria dos trabalhos envolve contenção de encostas que apresentaram problemas de deslizamento há 10 anos. O principal critério utilizado pela prefeitura para indicar essas regiões foi a segurança, para evitar novos deslizamentos, e também mobilidade. Isso porque são terrenos que estavam vulneráveis e que em caso de novas chuvas e deslizamentos poderiam invadir as ruas e interditar a passagem, deixando comunidades isoladas.

Um exemplo dessas obras é a contenção feita na Rua Progresso, próximo à passagem conhecida como Ponte Preta. Ali foi investido R$ 1,6 milhão com muros e escada hidráulica que protegeram não só a encosta e as casas que estão na parte superior, como também previnem novos deslizamentos e interdições da rua que poderiam deixar a comunidade sem acesso em caso de novo episódio de chuvas.

Valor estimado pela prefeitura de Blumenau para as obras de recuperação: R$ 336,5 milhões

Valor investido até o momento em Blumenau: R$ 160,6 milhões

Mas para a reconstrução total da cidade foram identificadas também outras 29 áreas que exigiriam obras de contenção e recuperação. Dessas, 23 já têm projeto concluído e outras seis ainda precisam da elaboração dos estudos. Para executar todas essas obras a prefeitura depende de recursos do governo do Estado ou da União. Depois de consegui-los, a previsão é de que entre dois e três anos todas as obras possam ser concluídas. Por enquanto, porém, ainda não há expectativa de quando possam ser obtidos esses recursos.

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Duas obras apontadas pelo engenheiro civil da Secretaria de Infraestrutura de Blumenau, Lawrence Silva Campos, como as principais entre as que ainda estão pendentes são as contenções nas ruas Martin Luther e Hermann Huscher. No primeiro caso, a obra no ponto onde até hoje é visível uma antiga loja de móveis destruída por um deslizamento é considerado importante pela segurança e para garantir que a via não seja atingida por futuros deslizamentos em caso de novas cheias. A preocupação é semelhante na Rua Hermann Huscher, onde a estimativa é de que sejam necessários R$ 30 milhões para recuperar a encosta onde casas foram filmadas quando eram atingidas por deslizamentos.

No total, a prefeitura estimou após a tragédia que seriam necessários R$ 336,5 milhões para a reconstrução total da cidade. É este valor que foi solicitado pelo município ao governo federal. Até o momento, foram investidos R$ 160,6 milhões em obras de recuperação. A prefeitura investiu R$ 67 milhões de recursos próprios e recebeu os outros R$ 93,6 milhões de diferentes fontes, como governo federal, estadual e entidades que fizeram doações no pós-tragédia.

Em Gaspar, as principais obras de recuperação executadas foram a estabilização de uma encosta na Avenida das Comunidades, orçada em R$ 2,5 milhões, com R$ 2,3 milhões repassados pelo governo federal, além da recuperação da Ponte Hercílio Deeke, no Centro, que segundo o município já apresentava problemas, mas teve a estrutura prejudicada após o episódio de novembro de 2008. A reforma custou R$ 2,9 milhões – R$ 2,5 milhões via governo federal e o restante como contrapartida da prefeitura.

Uma drenagem no bairro Santa Terezinha de R$ 5,1 milhões também foi executada, novamente com maioria de verba federal, além de pontes em áreas rurais. Em Ilhota, o município informou que todas as obras de contenção teriam sido feitas pela Defesa Civil do Estado, que até a publicação da matéria não informou quais seriam esses investimentos de contenção feitos apenas na cidade.

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(Colaborou Eduardo Cristofoli, da NSC TV).