Um casal se conheceu na Empresa Industrial Garcia (hoje Coteminas), se casou e teve 14 filhos. Três homens e 11 mulheres. Amelia Malheiros, 54, é a segunda mais nova e morou com a família na Rua Belo Horizonte, no Grande Garcia, em Blumenau. Estudou sempre no Colégio São José (hoje Celso Ramos) e teve uma infância muito feliz. Lembra que nunca enfrentaram dificuldades, apesar do tamanho da família, mas as roupas passavam de um filho para outro sempre que possível.
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“Brincava desesperadamente o dia inteiro”, ao ar livre. Subia em árvores e comia frutas do pé. Laranja, ameixa, limão e goiaba. Muita goiaba. Ajudava em casa com a limpeza e a louça, mas nunca foi hábil em frente ao fogão. No colégio praticava atletismo e esportes de equipe e conseguia algum destaque nos Jogos da Primavera.
Aos 14 anos ela começou a trabalhar na mesma empresa em que os pais se conheceram. Pesava, embalava e entregava as sobras de tecidos que eram doadas aos funcionários que não faltavam ao trabalho, programa conhecido como Zero Falta. Ficou lá quatro anos, quando foi indicada para trabalhar como secretária na Comind Companhia de Seguros.
O escritório ficava no Centro e Amelia começou a andar de ônibus. Trabalhava ao lado das Lojas Hering e lembra que de vez em quando subia a escada rolante da loja de departamentos para comer um óculos (doce de nata) e tomar uma Coca-Cola na famosa lanchonete. Se casou e teve um filho aos 20 anos, mas o casamento terminou três anos mais tarde.
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Logo foi trabalhar na Malharia Thiemann, na Velha, numa função administrativa. Lá teve a oportunidade de fazer um curso de oratória do escritor Dale Carnegie, o que considera um divisor de águas na vida dela. Chegou a vender os cursos para empresas da região. Também passou pela Inpal Indústria Química e em seguida entrou na Cia Hering, onde permaneceu por 25 anos.
Na gigante têxtil ela começou com 28 anos como atendente de telemarketing, apesar da idade avançada para o cargo e do fato de não ter feito uma faculdade. Conversava com os lojistas, mas sempre tentava novas funções. Certo dia foi convidada para trabalhar no Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) que estava sendo implantado, mas para isso precisava cursar uma faculdade.
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Entrou para Administração na Universidade Regional de Blumenau (Furb) aos 33 anos. Depois nunca passou mais de quatro anos numa mesma função na empresa, mas sempre nas áreas de marketing e comunicação corporativa. Paralelamente fez pós-graduações em Gestão Empresarial. Na Hering ela foi também uma das responsáveis pela criação do Museu Hering, em 2010.
Em 2012 Amelia teve o que ela chama de piripaque. Convulsionou e foi diagnosticada com epilepsia. Serviu como aviso e buscou saber mais sobre autoconhecimento e busca pelo equilíbrio. Sentiu a necessidade de se entender e se cuidar melhor.
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Depois de 25 anos de Hering e 52 de idade ela precisava se reinventar. Há dois anos Amelia deixou a empresa para se dedicar à Fundação Hermann Hering, braço da companhia que cuida da relação da corporação com a cultura e com a memória. Por meio da Cia. Hering, Amelia está há 13 anos no projeto Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), que serve de elo entre a indústria e os cursos de Moda de SC. Foi colaboradora, diretora e presidente.
Depois de morar no Garcia ela viveu na Velha e no Progresso. Hoje está na Vila Nova com o segundo marido. Conheceu ele nos primeiros meses de Cia. Hering e estão juntos há 26 anos. Gosta de passar os finais de semana em um sítio que tem com a irmã mais nova na mesma Rua Belo Horizonte do passado. É apaixonada por tricô e crochê, atividades que ajudam a controlar a ansiedade. Não quer parar de trabalhar tão cedo e pretende agregar outros tantos países à lista de 12 que conheceu desde que começou a viajar, em 2012.