Como ex-prefeito de Bogotá, na Colômbia, Enrique Peñalosa refletiu suas ideias na prática para melhorar a mobilidade urbana. Em palestra em Florianópolis nesta segunda-feira, ele comprovou com exemplos mundiais que cidades que preferem calçadas a estradas crescem mais.
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Disse ainda que viver melhor é viver caminhando. Por isso, trouxe modelos coletivos com ciclovias, faixas exclusivas para ônibus e menos autopistas. Em entrevista ao Diário Catarinense, trouxe sua experiência para a vida da Ilha de Santa Catarina:
Diário Catarinense – Se você fosse prefeito de Florianópolis, por onde começaria?
Enrique Peñalosa – Eu acredito que meu principal desejo seria criar faixas exclusivas para ônibus. Inclusive, o maior desafio é desafogar as pontes e isso só é possível com um sistema sofisticado e há que demorar muito em um estudo amplo para reunir calçadas, estradas e ciclovias. De nada adianta criarmos um caminho que não vá chegar onde está a demanda de fluxo, acho que esse é o problema de Florianópolis. Deve-se pensar que a cidade cresce em alta densidade, mas que precisa crescer com sítios e parques. A qualidade de vida só existe quando o local é feito por pedestres e ciclistas. Uma cidade precisa ter gente caminhando nas ruas. E repito: uma cidade sem carros não é um sonho hippie. Isso é possível e já existe. Inclusive, são as melhores moradas do mundo.
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DC – Qual foi sua maior dificuldade ao implantar um novo sistema para mobilidade em Bogotá?
Peñalosa – Quitar os espaços dos estacionamentos para carros e transformá-los em calçadas mais amplas para os pedestres. Sempre é um conflito muito grande de interesses. O maior tesouro que tem uma cidade é o espaço da rua. O primeiro espaço que não pode ser desperdiçado é o estacionamento.
DC – Qual é a principal característica de uma cidade evoluída na questão da mobilidade?
Peñalosa – Basta olhar a qualidade das calçadas, elas devem estar perfeitas. Os ricos devem andar a pé, de ônibus ou de bicicleta. E os shoppings não substituem os espaços ao ar livre.