No momento em que os olhos do mundo esportivo estão voltados para o Estado, a infraestrutura da cidade acaba sendo colocada em xeque.

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O Congresso Técnico da Fifa, que começou oficialmente ontem com a presença de representantes das 32 delegações estrangeiras e com a cobertura de 300 jornalistas do mundo todo, dá a Florianópolis e ao Estado uma visibilidade privilegiada, servindo como divisor de águas em termos de eventos de grande porte e de projeção além-fronteiras. Mas no momento em que os olhos do mundo esportivo estão voltados para as decisões que serão tomadas pelos dirigentes da organização que comanda o futebol mundial e pelos treinadores das seleções, a infraestrutura da cidade acaba naturalmente sendo colocada em xeque.

Mesmo que os protagonistas do evento tenham um tratamento especial, com batedores para abrir caminho, segurança reforçada e assessores para encaminhamentos burocráticos, cabe a Santa Catarina buscar nos olhos dos turistas e dos correspondentes estrangeiros algumas percepções que podem ajudar no debate da cidade.

No DC de ontem, por exemplo, era uma unanimidade o elogio à beleza física da Ilha. Na entrevista coletiva, o técnico da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari, não economizou elogios a Florianópolis: “A Fifa está de parabéns por escolher Florianópolis para recepcionar os técnicos e fico surpreso por este local não ter sido escolhido por nenhuma seleção”. Mas também não passam desapercebidas as habituais deficiências, como bem apontou o jornalista britânico David Coverdale que, em poucas horas na cidade, percebeu a carência de táxis e o complexo sistema de transporte coletivo: “Tive de andar meia hora para vir do hotel ao Costão”.

O aeroporto é outro ponto inevitável de avaliação. Com obras de ampliação andando a passos lentos, o acanhado Hercílio Luz recebe doses maiores de críticas nesses momentos em que o fluxo aumenta. A chegada das delegações estrangeiras foi suficiente para transtornar ainda mais a vida do usuário habitual. É de se elogiar o esquema de segurança montado para guarnecer os ilustres visitantes do Estado, pois um eventual escorregão nesse quesito mancharia a imagem do país — não apenas de Santa Catarina. Mas nas ruas e pelas redes sociais nota-se o clamor dos moradores locais e do próprio trade turístico pedindo que o padrão Fifa seja contínuo, reforçando a percepção de segurança dos cidadãos.

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Como se vê, o evento de três dias pode servir de referência para avaliar a capacidade de mobilização de Florianópolis e do Estado. Talvez nunca antes a cidade tenha ganho tamanha oportunidade de vitrine e isso deve ser creditado àqueles que viram no evento do Costão do Santinho um gigantesco potencial. Vale o investimento, portanto. Mas desde que a partir de sexta-feira, quando as 32 delegações se despedirem, administradores públicos e líderes da iniciativa privada saibam transformar este evento da Fifa em impulso para uma cidade melhor.

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