Dos 100 municípios catarinenses que têm áreas de risco para deslizamentos e inundações, 34 não contam com um Plano Municipal de Contingência. O levantamento foi realizado pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC) e divulgado na última quarta-feira (21).

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Criado pelo Governo Federal em 2012, o Plano Municipal de Contingência — chamado de Plamcon — estabelece as ações de proteção e defesa civil em caso de desastres. A criação do documento fica a cargo das prefeituras e não é obrigatória, mas é exigida para que os municípios participem da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e, portanto, tenham apoio da União e do Estado em ações de redução de desastres e apoio às comunidades atingidas.

No total, Santa Catarina tem 3 mil áreas em 100 municípios com risco de deslizamentos e de inundações, de acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil. Entre as cidades que não contam com Plamcon, estão Camboriú, Navegantes, Caçador, Itapema e Joaçaba.

— O problema das inundações e dos deslizamentos é um problema latente do nosso Estado. Temos muitas áreas que dão problemas quase que todos os anos — explica o auditor fiscal Osvaldo de Oliveira, coordenador de Auditoria Operacional e Financeira da Diretoria de Atividades Especiais (DAE) do TCE/SC.

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Cidades sob risco de deslizamentos em SC que não têm Plancom

  • Camboriú
  • Navegantes
  • Caçador
  • Itapema
  • São Miguel do Oeste
  • Penha
  • Joaçaba
  • Barra Velha
  • Forquilhinha
  • Ituporanga
  • Abelardo Luz
  • Seara
  • Santa Cecília
  • Nova Veneza
  • Ilhota
  • Correia Pinto
  • Canelinha
  • Catanduvas
  • Ipuaçu
  • Maracajá
  • Meleiro
  • Vidal Ramos
  • Guatambú
  • Ponte Alta
  • Rio Fortuna
  • Cordilheira Alta
  • Nova Itaberaba
  • Caxambu do Sul
  • Ponte Alta do Norte
  • Bom Jesus
  • Planalto Alegre
  • Urupema
  • Frei Rogério
  • Lajeado Grande

Outros diagnósticos

O levantamento do TCE também aponta que 49% dos muncípios em risco não contam com o Fundo Municipal de Proteção e Defesa Civil (Fundec), que serve para para financiar prevenção de desastres. Esse fundo pode receber recursos do próprio município, como doações, e também dos governos Estadual e Federal.

— O fundo viabiliza um controle mais apropriado dos órgãos de controle de uma forma geral, porque é usado na preparação, na mitigação e na prevenção de consequências dos desastres naturais — explica o auditor fiscal.

Outros dados apontam que 13% dos municípios não têm órgãos de defesa civil e 36% não fazem fiscalizações periódicas das áreas com riscos de desastres. Em relação às famílias que residem em áreas de risco, 74% dos municípios não mantêm um cadastro dessas pessoas e 55% não têm canais de comunicação com elas.

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Desastres em SC

Historicamente, Santa Catarina está entre os estados onde há mais desastres naturais, em decorrência de sua posição geográfica. Nos últimos anos, a crise climática intensificou esse cenários. No ano passado, o El Niño ocasionou chuvas históricas entre outubro e novembro.

Associado a isso, o adensamento populacional, a ocupação desordenada do território e a falta de infraestrutura urbana e rural para prevenção e mitigação de desastres contribui para que os desastres causem mais danos. É aí que ganha importância o planejamento e a implementação de ações de governança para a redução de risco de desastres.  

— Nós sugerimos uma orientação para que o Governo de Santa Catarina conceda apoio técnico e financeiro para que esses municípios se inscrevam no Cadastro Nacional. O Estado tem um papel estratégico de prestar assessoria e orientação às prefeituras — diz o auditor fiscal de controle externo Osvaldo Faria de Oliveira.

Veja a linha do tempo dos desastres e os fenômenos associados

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