O desfile das escolas de samba de Florianópolis, realizado na noite de sábado, na Passarela do Samba Nego Quirido, foi um show de cores e ritmos. Os fogos antes da entrada das agremiações na pista, a vibração do público cantando os sambas e o som irresistível da bateria marcaram a noite de folia na Capital.
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GRES Consulado
Primeira escola a pisar na Passarela do Samba Nego Quirido, a GRES Consulado trouxe uma Comissão de Frente formada por bailarinos retratando que dança e música são inseparáveis. Com isso, mostrava que o enredo 2011 marcaria a apresentação da escola por meio de instrumentos, bailarinos, sons e cores.
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Em seguida, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira (Wallacy e Sthephanny), representando bênção de Shiva – o deus indiano é a personificação da dança e das transformações. A escola abriu os desfiles ainda com um público não muito expressivo nas arquibancadas.
A plateia foi respeitosa, mas não se pode dizer que a agremiação tenha “colocado a Nego Quirido para dançar’, uma das propostas bastante comentadas no período de pré-carnaval. Muitas alas coreografadas podem ter causado um problema para a harmonia da escola, que teve grandes espaços (buracos) entre alas e a necessidade de correr para fechar o tempo do desfile.
A escola da Caeira do Saco dos Limões, que já chegou ao tricampeonato, não repetiu seus desfiles tecnicamente perfeitos que marcaram a história do Carnaval de Florianópolis.
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Unidos da Coloninha
Unidos da Coloninha fez um desfile sem os atropelos de anos anteriores, quando, por problemas como carros quebrados, ouvia-se que “a Coloninha perde para ela mesma”. Segunda escola a se apresentar na Nego Quirido, fez um desfile dentro das possibilidades que um tema até certo ponto batido permitia: o comércio e as diferentes fases da economia, de Pero Vaz de Caminha ao período dos importados da China, Índia e Estados Unidos.
Negros, senhores do engenho, fases do ouro e do barroco, imigrantes, ciclos da borracha e da siderurgia presentes no desfile traçado pelo carnavalesco José Alfredo Beirão.
Desfile com a cara do carnavalesco, que gosta da profusão de cores, de fantasias bem acabadas e, sempre que possível, com luxo. Desnecessário? Talvez a imagem da Estátua da Liberdade.
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Não há como não ligar o carro alegórico – o terceiro que retratou o shopping, o paraíso das compras – com o patrocínio que a escola teve para este Carnaval. A Coloninha veio com cerca de 2,5 mil componentes, esteve compacta e sabe que fez um bom desfile.
União da Ilha da Magia
Que o enredo “Cuba, Sim! Em nome da Verdade” era revolucionário, todos sabiam. Afinal, pela primeira vez na história do Carnaval, uma escola de samba se mostrava disposta a falar da Ilha de Fidel. Mas que a União da Ilha da Magia faria um desfile revolucionário na Nego Quirido muitos duvidavam.
A apresentação da escola da Lagoa da Conceição, terceira na noite de sábado, foi coberta de expectativas. A Comissão de Frente, uma das mais bonitas, representando tributo aos heróis da Revolução Cubana.
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A presença de Aleida Guevara, a filha de Che Guevara, em um dos carros da escola, foi a grande sensação da noite. Simples e simpática, ao lado do jovem personagem que representou Che, Aleida foi mirada pelas lentes e sua imagem desfilando no Carnaval brasileiro – e não no carioca – corre o mundo.
Nas arquibancadas, surgiram faixas com imagens de Che e mensagens repassadas por movimentos socais, como o dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Dos camarotes, gritos como “camarada’ e “non se puede perder la ternura”.
A escola fez um desfile vibrante, com seus componentes cantando o samba empolgados com a bateria fantasiada de guerrilheiros.
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A UIM apresentou um conjunto de fantasias bonito, com acabamento e quase todo com plumas. No final do desfile, os abraços e a alegria dos dirigentes deu o sinal: mesmo que a escola não alcance nota máxima em algum quesito, a UIM mostra que é possível fazer um Carnaval que lembre um espetáculo em que não falte beleza, originalidade, alegria. Sem perder a ternura.
Os Protegidos da Princesa
Quarta escola a se apresentar na Nego Quirido, Os Protegidos da Princesa teve uma ala que deu show à parte na passarela: a bateria. A Furiosa, comandada pelo jovem mestre Marcelo Dutra, continua sendo o grande diferencial da mais antiga escola de samba e mais vezes campeã (24 títulos) de Florianópolis.
Mestre Marcelo Dutra e seus diretores são muito confiantes nos seus ritmistas e sabem que deles podem tirar disciplina e dedicação. A Furiosa não foi ousada apenas nas paradinhas e coreografias, mas até na fantasia: três cores (amarelo, vermelho e preto) representando as cores da Alemanha, terra da cerveja, em alusão ao enredo “Ein Prosit: Oktober. Cerveja, o pão líquido dos deuses”.
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A bateria que encanta passa confiança e energia para os componentes que cantaram o samba de Conrado, Fred Inspiração, Willian Tadeu e Mancha do Cavaco. Em certos momentos, como próximo do recuo, problemas com espaços entre alas. Foi exigida a “corrigidinha” para corrigir.
No período pré-carnavalesco, uma das coisas que mais se comentou foi sobre fantasias. Foi anunciada uma repaginada do que foi apresentado no lançamento dos protótipos, o que ocorreu com uma visível melhora.
Embaixada Copa Lord
Campeã em 2010, a Embaixada Copa Lord foi a última escola a desfilar. Os pingos de chuva que chegaram a ameaçar outras escolas, como o desfile da Unidos da Coloninha, ficaram para o final. A escola do Morro da Caixa desfilou sob chuva, o que sempre acaba trazendo prejuízo na apresentação.
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Com o enredo Enfim…Há mãos e Mãos! As Tuas, Quais São?, a escola começou com novidades: o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Lu e Telminha, veio logo atrás da comissão de frente, representando Luz da Criação.
Nem todo mundo gostou, embora os jurados na cabine tenham prestado reverência à dupla que apresentou uma das mais lindas fantasias do quesito da noite. Um outro casal que caiu nas graças do público – já bem menor por causa da chuva -, foi o segudo, representando o filme Edward Mãos de Tesoura e Kim.
Desafiada pelas críticas de que não conseguira repetir a beleza dos protótipos, a escola pareceu fiel ao compromisso assumido. Mas chamou a atenção que as vagas para destaques em um dos carros estivessem ocupadas por componente com fantasia da ala que vinha atrás.
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Considerada a “mais querida”, a Embaixada Copa Lord encerrou seu desfile já com os primeiros raios de luz iluminando a Ilha. Últimos a desfilar, não parecia haver entre os copalordeanos a mesma convicção de anos anteriores, como em 2010, sobre o título. Mas a certeza de um bom desfile.