Em 4 de maio de 1946, nascia em Joaçaba, no Oeste de Santa Catarina, uns dos mais importantes cineastas brasileiros. Rogério Sganzerla, mais lembrado pelo filme O Bandido da Luz Vermelha, foi um prodígio e lançou com a ajuda da mãe, um livro de conto aos sete anos.
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O roteiro do quinto episódio da série dramaturga e documental produzida pela TVi em parceria com a NSC TV, escrito por Cristina Gomes, mostra como o terceiro dos cinco filhos do casal Albino e Zenaide Sganzerla passou de uma criança tímida para um talento da cultura audiovisual.
Para Felipe Mucci, que dirigiu o quinto capítulo da produção, o mais marcante foi retratar os acontecimentos da vida de um nome respeitado no cinema nacional.
— Eu gostei muito de fazer esse episódio, foi com se fosse uma homenagem, ao mesmo tempo eu estava contando a história dele. Porque muita gente não conhece, não sabe qual é o impacto dele no cinema — diz Mucci.
Na infância Sganzerla fazia shows de mágica no quintal de casa. Para melhor compor o personagem vestia um paletó, demonstrando desde cedo o dom para as artes cênicas. Seu pai, que era proprietário de uma rádio na cidade onde viviam, foi um dos seus maiores incentivadores. Como prova disso, Angelo Sganzerla – irmão de Rogério – também se tornou cineasta.
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No material que vai ao ar a partir das 14h deste sábado (10), na NSC TV, fica claro como o diretor tinha uma relação de simplicidade com as obras que trabalhava. Por muitas vezes chamava as produções de “filmecos”, apesar do alto grau de sofisticação e experimentação que desenvolvia nelas.
Técnicas reaproveitadas
Mucci aproveitou a oportunidade de contar a narrativa sobre Sganzerla para usar algumas técnicas que o profissional utilizava nas produções.
— Na parte do sotão, teve dois momentos que eu explorei a maneira como ele usava a câmera na mão, uma coisa livre. De seguir os personagens e deixar o mundo e as histórias acontecerem na frente da câmera. Eu fiz isso no momento que fala da ditadura. Usei uma pessoa passando em cena, abaixei a luz em cena e a câmera ficou tremida e outra vez que o personagem Pedro vai para debaixo da mesa — conta.
A linguagem de Sganzerla era marcada pela originalidade genuinamente brasileira, apesar de beber em fontes francesas e americanas. Gostava das salas de exibições cheias para a reprodução de obras populares. Foi exilado e partiu com a esposa para Londres, depois para o Marrocos, onde ficou um período como nômade e filmou o documentário Fora do baralho.
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Sganzerla morreu em 2004, por um tumor no cérebro, depois de gravar O Signo do Caos e sem realizar o sonho de refilmar O Bandido da Luz Vermelha, com Alexandre Borges no elenco.