Jornalismo é feito de boas histórias e as melhores não podem ficar restritas aos limites geográficos. Estão conectadas, impressas, copiadas. Elas serão lidas e contadas em diferentes lugares, por diferentes pessoas. Podem perder algumas vírgulas, mudar até de nome, mas carregam consigo uma virtude: de alguma forma elas nos fisgam, mesmo que seja sobre algo que normalmente não nos interessamos.
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A reportagem sobre a hora de encerrar a carreira de jogador de futebol que trazemos no caderno de Esporte nesta edição de domingo (das páginas 44 a 49) é fruto do trabalho do nosso colega Paulo Germano, que trabalha na Zero Hora, em Porto Alegre. O dilema, as dificuldades e o sucesso, em alguns casos, de dar fim a algo que você fez imbuído de extrema paixão superam divisas e barreiras. Estão presentes em Santa Catarina e em todo o país. São parte do futebol e de muitas outras profissões. Nada mais natural do que abraçar essas histórias de vida ricas em informação e trazer para o leitor que acompanha o Diário Catarinense.
Mas para isso é preciso sintonia entre as duas redações. Nessas horas agradecemos à internet em primeiro lugar que permite ágil troca de informações e envio das matérias e das ilustrações. Em Porto Alegre, todos correram um pouco mais para poder finalizar desenhos, textos e diagramação o quanto antes. De posse do material colocamos nossa cara e as histórias apuradas por nós.
Durante essa última semana procuramos duas histórias que os moradores de Santa Catarina poderiam estar mais familiarizados. Encontramos em Fernandes e Sávio dois exemplos que encaixaram perfeitamente como peças de um quebra-cabeça e enriqueceram o material.
Conversar com eles mais de duas horas foi um enorme prazer. Ouvimos os detalhes sobre as suas carreiras e preocupações ao longo de quase 20 anos como jogadores e traçamos os fios de condução da profissão presentes até o dia em que deixaram os gramados. Ao reviver momentos, os sentimentos guardados na memória retornam e ganham nova perspectiva sob o olhar de que não joga mais.
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Se tais histórias mexem com quem as viveu, certamente são capazes de despertar algo em nós. Cada um que ler ou ouvir essas recordações terá uma interpretação diferente. Todos nós de alguma forma nos preocupamos com o dia em que a nossa paixão profissional pode ter um fim e com a nossa capacidade de adaptação ao que virá.
Talvez essa seja a grande essência das boas histórias: de alguma forma elas nos unem e por isso só já valem a pena. Até porque não há nada que valha a pena fazer sozinho, muito menos o jornalismo.