Guilherme Bernard

Presidente da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate)

O Vale do Silício, na região de São Francisco, Califórnia (EUA), é fonte de inspiração para quase toda empresa de tecnologia. É um centro mundial de inovação, berço de gigantes como Apple, HP, Oracle, Cisco, Intel, Yahoo!, Facebook e Google, entre outras. Muito se fala sobre o potencial de Santa Catarina para ser o “Vale do Silício” brasileiro. Nosso Estado conta com empresas referência no setor – concentradas principalmente na Capital, em Joinville e em Blumenau – atuando globalmente. Mas será que isso nos qualifica para sermos considerados o Vale do Silício brasileiro?

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Entre os fatores-chave do sucesso da região californiana estão a mão de obra qualificada, o acesso fácil ao capital e à infraestrutura de pesquisa – como universidades e institutos – e também o ambiente legal favorável aos negócios, com segurança jurídica e pouca burocracia. Países como China, Israel e Índia têm investido sistematicamente para reproduzir tais condições. Da mesma forma os nossos polos tecnológicos. Avançamos em todas essas esferas, mas os empresários do setor catarinense sabem que ainda não chegamos lá.

E o que nos falta para chegar mais perto de reproduzir – mesmo com todas as devidas limitações – o cenário do Vale do Silício é a gestão da cultura de inovação. Criar, desenvolver e manter um ambiente favorável à inovação deve ser a principal aposta dos empresários que buscam um diferencial competitivo no mercado. Isso pressupõe a promoção do empreendedorismo, a valorização do risco, a tolerância ao fracasso, o networking qualificado e um intercâmbio contínuo entre os talentos.

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A inovação deriva, portanto, mais da estratégia e da cultura presentes em uma organização do que da quantidade de dinheiro investido em pesquisa e desenvolvimento ou até mesmo do ambiente externo à organização. Todos os segmentos demandam tecnologia, e isso faz com que nosso setor cresça acima da expectativa, ano após ano – neste magro 2014, a perspectiva é de uma expansão de mais de 20% da TI catarinense. Mas, se queremos ir além, precisamos olhar para dentro das nossas empresas e promover a inovação de processos e também buscar pessoas inovadoras, que tragam um espírito empreendedor diferenciado – cultura tem tudo a ver com pessoas e isso torna o contexto muito mais completo. Investir na cultura da inovação é um passo – longo e difícil – na construção do “Vale do Silício brasileiro”, mas o caminho já está sendo trilhado.