Pedro Castro levou à sério o conselho popular. Literalmente deu um passo para trás para depois dar dois para frente. Meio-campista de formação, o jogador de 26 anos virou primeiro volante do Avaí desde o começo do ano. Em vez de armar e atuar perto do ataque, seus companheiros mais próximos são os da defesa. O atleta fez em campo o que faz também fora dele.

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– Outras vezes já dei um passo atrás para dar dois para frente, inclusive na vida. Jamais me arrependi, porque sempre colhi na frente. Estou feliz de ter feito isso. Por tudo que eu passei no Avaí, olho para trás e sinto que valeu a pena. Mas me mantenho focado e a continuar trabalhando – resume o jogador que defende o Avaí pela terceira temporada.

As anteriores não foram fáceis ao carioca de Volta Redonda. Na primeira, desembarcou sob o estigma de ser um substituto de Marquinhos – o que não se concretizou em campo, mas o deixou marcado. Na segunda, virou símbolo da fase ruim da equipe diante do torcedor – com série de seis partidas sem vitória na Ressacada. Porém, o gol decisivo em triunfo na Ressacada, sobre o CRB, pela 25ª rodada da Série B, começou a mudar a sua história. Terminou a temporada como titular e recomeçou a atual também, mas em nova função.

A persistência e a dedicação são recompensadas pelo melhor início de temporada da carreira, em sua própria avaliação. No Avaí que tem a melhor defesa e o melhor ataque do Catarinense 2019, ele tem sido destaque pelas atuações. Em campo, faz o Leão não sentir tanta falta de Judson, que reinou absoluto como primeiro volante nas últimas três temporadas, e enfim conquistou a confiança da torcida azurra.

– Acredito que a relação com o torcedor mudou bastante. Comparado ao ano passado, está bem diferente. Fico feliz, mas isso é fruto do trabalho. Sempre acreditei que só iria mudar com o trabalho.

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Serviço que vai além do campo. Ainda na pré-temporada, nos primeiros treinos, começou a ser colocado na frente da zaga. Na época, Pedro Castro acreditava que seria passageiro, que o clube contrataria um primeiro volante. Ainda antes da primeira partida, porém, percebeu que aquela seria a sua chance neste começo de ano. Disposto a jogar em qualquer posição, tratou de saber mais do setor, e foi assistir vídeos de atletas como Casemiro, do Real Madrid, e Fernandinho, do Manchester City. Aliado aos treinamentos, encontrou seu espaço no time e uma forma diferente de jogar.

—Foi aqui a oportunidade dada e darei sempre meu melhor por ela. Mas foi desafiador, pelo fato de nunca ter jogado. Tinha de segurar mais, e eu gosto de chegar na área, de chutar. Assim fica mais distante do gol, de dar um passe. Mas encaro numa boa, porque penso na equipe. Se tiver de ficar apenas marcando para sairmos vitoriosos, vou marcar. Para mim é algo diferente, que precisa estar mais atento por estar próximo de seu gol, o erro tem de ser mínimo.

O passo para trás rendeu dois para frente. Não foi apenas o reconhecimento do torcedor que Pedro Castro ganhou. Jogando mais atrás, também anotou dois gols até agora com a camisa azurra nesta temporada.

– No ano passado fiz um. Acho agora que é pela fase do time, que tem feito grandes jogos. Espero aumentar os números. Não vou parar por aí – aponta Pedro Castro, em busca de mais passos para frente.

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