Visitei a China em dezembro de 2013. Passei por várias regiões do país, sempre cheias de surpresas para um ocidental do sul do Brasil, como eu. Andar pelas ruas de qualquer cidade chinesa hoje provoca na gente um misto de estranhamento, curiosidade e prazer visual. Lá se vê de tudo. E se o assunto for moda e mulheres, então, a diversidade é incrível. Encontramos por todo canto pessoas vestidas com os tradicionais trajes étnicos, até garotas com combinações high tech, tão contemporâneas quanto as jovens de cidades ocidentais que ditam a moda no mundo.

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Durante os dias em que estive por lá, tentei documentar um pouco dessa variedade de formas de vestir. Dos pesados “uniformes” da era Mao, até a abertura por que passa a China atual, todos os estilos convivem. A sensação que ficou é que as mulheres chinesas estão em busca de uma nova identidade, procuram um jeito de ser, um estilo, para viver nesse mundo globalizado que se abre cotidianamente para o país.

Das cidades onde predominam as 56 minorias étnicas, como Guilin e Lijiang, às cidades mais “normais”, como Wuhan e Ghengdu, até chegarmos às cosmopolitas Beijing e Shanghai, a diversidade do modo de vestir chama muito a atenção dos visitantes.

Nos gigantescos e modernos shoppings centers, as lojas são abarrotadas de chinesas comprando de tudo, mas é possível perceber uma certa imaturidade no processo de compra. Ao mesmo tempo em que buscam marcas famosas, conhecidas mundialmente, elas são viciadas nas novas marcas chinesas, posicionadas como “criativas”. Assim, o que se vê nas ruas é muito strass e brilhos, não importa o horário, cores e sobreposições que, em princípio, parecem não combinar, muita infantilização nos detalhes dos acessórios, tudo isso convivendo com roupas tradicionais, onde a exposição da parte de cima do corpo é inexistente.

A sensualidade das chinesas parece algo ainda oculto. Só é percebida, provavelmente, pelos próprios chineses. Quanto mais “adolescentes”, mais atraentes elas se mostram para os homens da sua terra. A turma mais jovem, especialmente, busca a forma do corpo e o “lifestyle” do Ocidente. Mas os atributos que sobram nos corpos femininos brasileiros, por exemplo, seios fartos, quadris largos, bundas salientes, faltam nas chinesas na mesma proporção.

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As mulheres chinesas valorizam o design de moda japonês, apesar das rixas políticas. Em lojas como a Uniqlo encontrei roupas com uma tag dizendo: tecnologia japonesa.São vaidosas e submetem-se a tratamentos faciais. Uma boa pele na China é tudo. Por outro lado, não se importam com os dentes. Também não se preocupam com dietas, superfoods ou super “fit”, mas querem ser saudáveis.

As chinesas que apostam em um futuro seguro procuram se casar com estrangeiros. Acham os homens que vêm de fora mais interessantes, ricos, abertos e, dessa forma, entendem que tê-los em suas famílias é muito bom.

As mais contemporâneas estão avançando nos postos de trabalho. Têm boas notas escolares e superam os homens chineses dessa nova geração, que se mostram mais femininos. As mulheres estão muito mais YANG; os homens, ao contrário, mais YIN.

As chinesas sonham com a maternidade, que começa bem antes, com a procura do par “chinês” ideal (com posses, apartamento, carro, emprego estável) que seja um futuro bom pai de família.

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Quando grávidas, elas morrem para o mundo e para o marido. Usam jardineiras, que as protegem contra radiações, e escondem-se em roupas como se tivessem vergonha de ter sido “o fruto proibido”. Ficam em repouso, dias sem lavar os cabelos, não tomam nada gelado, não olham televisão, entre outras restrições.

De um modo geral, são submissas, mas fingem ser “bravas”. Brigam (brincam) em público, dando soquinhos, beliscões e tapas. Adoram se fazer de rogadas e manipulam seus pares com um chorinho que, cá para nós, sabemos que é “fake”. Como quase tudo na China, tem o seu lado B.