Muitas vezes costumo fazer um pequeno exercício de abstração: imaginar que não conheço Blumenau e a estou visitando pela primeira vez. É tarefa esquisita. Desvencilhar-se de uma paisagem tão presa à pele, da qual se conhece quase todas as evoluções, está mais pro impossível. Mas eu tento.
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Deste modo, me permitindo, chego à noite pelo Bairro Ponta Aguda e da cabeceira da ponte vislumbro pela primeira vez a iluminada Avenida Beira-Rio com seus prédios bem acabados, céu estrelado, árvores caipiras debruçadas preguiçosamente sobre o guarda-corpo e a grama, mais o reflexo difuso de tudo isso no Itajaí-Açu. E constato: um panorama de 180º como este só pode tirar o fôlego.
Também tento me surpreender, qual primeiro visitante – e novamente à noite – com a cena que se descortina na Rua Itajaí, depois do Hospital Santo Antônio, à direita, pouco antes de alcançar a Rua XV. Lá está a angulosa curva do rio, o histórico vapor, o tradicional Moinho e, ela de novo, a cidade ao fundo, com o deslizar suave dos faróis.
Claro, Blumenau não é só beleza cinematográfica. À luz do dia – além das muitas ruas, alamedas e casarões com jardinas bem cuidadas, e inserções equivocadas da arquitetura alemã – convivemos com construções irregulares, enchentes, deslizamentos, avanço da criminalidade, malabaristas de terceira, mobilidade comprometida e alguns desgovernos. E, como boa província, com as idiossincrasias assim meio fora da curva, também temos nossos poetas e intelectuais de boteco, os insistentes emissores do bordão “Ai, Blumenau não dá…”.
Como assim, meu (literalmente) carapálida? Dá, sim! Se não dá, onde dará? Estocolmo? Treze Tílias? No Bexiga? Em Teresina? Ou então vá embarrigar-se em algum boteco de aposentados à beira-mar pra ver o que é bom pra tosse…
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Dá, sim. Aqui tenho meus amigos e cantinhos, já sem a ingenuidade da adolescência quando dava bicancas no campo dos padres e roubava goiaba verde.
Querida Blumenau, caminhando contra o vento morno, com o indefectível lenço no bolso e os documentos em dia, eu vou. Por que não? Por que não? Dá, sim!
Identidade e tradição
Sarita Gianesini – Repórter
Blumenau é a cidade referência para todo o Vale do Itajaí. Com 316.139 habitantes, o município é o mais populoso da região e o terceiro de Santa Catarina.
É a cidade catarinense que mais tem indústrias de transformação, com 2.922 unidades. No número total de empresas, é a terceira no Estado, com 17.984 empreendimentos dos mais diversos setores. Entre as empresas, estão as cervejarias artesanais. Por consequência, é a terceira cidade de Santa Catarina que mais emprega: são mais de 156 mil pessoas ocupadas. O título de município com maior número de organizações relacionadas a atividades imobiliárias é visível nos prédios que se espalham por todo o território municipal. O Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 8,95 milhões é o quarto no Estado e o 62º entre todas as cidades brasileiras.
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De acordo com últimos dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para desenvolvimento (PNUD), Blumenau possui Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,855. O indicador, um dos 20 mais altos do país, reflete equidade, qualidade de vida, longevidade e acesso à educação na cidade.
Apesar de grande parte da população ocupar área urbana, Blumenau ainda preserva recantos naturais como o Parque Spitzkopf e o Parque Nacional Serra do Itajaí. Também há roteiros de contato com a natureza no Bairro Nova Rússia. Já no distrito da Vila Itoupava, a rota preserva construções enxaimel e lindas paisagens rurais que encantam os turistas.
Enfim, é a terra que o Brasil inteiro adora em outubro: quando a alegria do chope e das marchinhas alemãs invade a Rua XV de Novembro, chega até o Parque Vila Germânica e contagia, com a Oktoberfest.
Napoleão Bernardes
Prefeito
– Sua gente é especial e tem como honra fazer as coisas bem feitas.
SAIBA MAIS
Localização: Vale do Itajaí, a 149 quilômetros de Florianópolis
População: 316.139 habitantes
Características: polo industrial têxtil e referência em tecnologia, cidade tem agenda cultural focada nas festas e tradições dos imigrantes europeus
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Atrativos: turismo rural, ecológico e de festas
Pontos turísticos: Parque das Nascentes e Parque Nacional da Serra do Itajaí. Morro Spitzkopf, Centro Histórico, Roteiro de Natureza Fritz Müller, Vila Itoupava, Praça do Biergarten (Jardim da Cerveja) e Museu da Cerveja
Particularidades: cidade-sede da região metropolitana do Vale do Itajaí. É a terceira cidade mais populosa do estado, a 11ª da Região Sul do Brasil e única cidade média-grande de Santa Catarina, constituindo um de seus principais polos industriais, tecnológicos e universitários
Curiosidades: Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, fundador da cidade, era químicofarmacêutico e filósofo e nutria o sonho de criar uma comunidade perfeita quando fundou a cidade. Em 1984 a cidade registrou neve num dos pontos mais altos do município, o Morro do Cachorro