Por Fabrício Vitorino

Jornalista, gerente digital da NSC e mestre em cultura da Rússia

Ainvasão da Ucrânia pela Rússia completou um mês nesta semana. E, infelizmente, segue sem previsão de, ao menos, um cessar-fogo. Kiev, Luhansk, Lutsk, Kharkiv (ou Carcóvia), Volnovakha, Lviv, Sumy, Melitopol, Kherson… A lista das cidades bombardeadas por forças de Vladimir Putin cresce dia a dia. E cidades que outrora eram vibrantes, cheias de pontos históricos, movimentos culturais, agora são pilhas de escombros. Imagens de cidades como Mariúpol, com praticamente 90% das edificações destruídas, chocam.

Continua depois da publicidade

> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Se a ferocidade e a constância dos ataques russos apavoram o mundo, a resistência ucraniana parece deixar o Kremlin atordoado. Se poucos acreditavam em uma invasão da Ucrânia, perpetrada pela Rússia, ninguém imaginaria que o país – segundo mais pobre da Europa, que viveu duas revoluções em 30 anos e é tido como um dos mais corruptos do mundo – resistiria por tanto tempo à máquina de guerra de Moscou. Ainda mais liderados por um ex-ator e produtor – muitas vezes rotulado, pejorativamente, de “comediante”.

Continua depois da publicidade

> Ucrânia vê avanço lento para fim da guerra, e Rússia intensifica cerco em Mariupol

O fato é que, na semana que completamos um mês de conflito, as negociações de paz empacaram. Enquanto a Rússia, abalada pelos fracassos no campo de batalha, sinalizou ceder mais, a Ucrânia, por outro lado, motivada pela resistência, subiu a barra: não aceita qualquer termo que envolva rendição. É uma aposta alta, calcada nas sanções internacionais, nas cobranças ao “ocidente” e à Otan e na sensibilização dos países da Europa.

Se Volodymyr Zelensky faz uma volta ao mundo sem sair de Kiev – discursando em parlamentos, eventos e encontros mundo afora – Putin hoje está isolado. Entre eventos ufanistas e bravatas contra traidores e a Otan, a Rússia sinaliza, claramente, o início de um racha. Nesta semana, duas figuras muito importantes da invasão, Sergei Choigu, ministro da Defesa da Rússia e homem de confiança de Putin há décadas, e Valery Gerasimov, comandante das Forças Armadas, estão há dias sem fazer aparições públicas, levantando muita suspeita. Já Anatoli Chuibas, político, membro do governo há décadas e do círculo próximo a Putin, desertou: deixou a Rússia por discordar da invasão.

> Rússia x Ucrânia: especialista explica o conflito e o impacto em Santa Catarina

Ao completar um mês, marcamos o início de uma guerra que não tem data para acabar. Mas que, infelizmente, ainda pode escalar e se espalhar para toda a Europa – senão todo o mundo.

Leia também:

> Ucrânia confirma 300 mortos em ataque a teatro: “Crueldade desumana”

Continua depois da publicidade

> Idoso que sobreviveu ao Holocausto morre em ataque russo na Ucrânia

> Brasileiros entram na Ucrânia em guerra para resgatar bebês de barriga de aluguel