O número de pedidos de posse de armas na região dobrou após a assinatura do novo decreto do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Para ser mais exato, o percentual de crescimento é de 120%. Isso apenas no posto da Polícia Federal de Itajaí. O local é o único no Vale para fazer a requisição.

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De 15 de janeiro a 14 de fevereiro, as solicitações chegaram a 117. No mesmo período do ano passado foram apenas 53. As autoridades dizem que não é possível saber quantos desses pedidos receberam parecer favorável, mas o crescimento pode ser medido pela procura por exames de aptidão.

Nos consultórios a demanda por exames psicológicos que liberem ou não os interessados a portar uma arma também aumentou. É o que afirma a psicóloga Maria Júlia Zimmermann, credenciada pela Polícia Federal para fazer a avaliação.

Ela diz que a procura na clínica onde é diretora técnica cresceu cerca de 10% após o novo decreto de Bolsonaro. O número é considerado pouco expressivo pela profissional. A maior parte dos que chegam até ela são profissionais liberais e proprietários de estabelecimentos.

– O que chama a atenção é a quantidade de mulheres. Claro que os homens ainda são a maioria, mas elas também estão vindo – conta Maria Júlia. A psicóloga explica, porém, que a maior procura por armas não ter ligação direta com a violência doméstica, crescente no Vale do Itajaí. Segundo ela, são empreendedoras em busca de mais segurança.

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Nas lojas, porém, o reflexo ainda é tímido. Um estabelecimento no Centro de Blumenau, consultado pela reportagem, diz que o decreto deu um ânimo para as pessoas, mas o produto continua caro e não são todos que podem comprar. Além disso, ainda há muitas dúvidas sobre o que mudou com a flexibilização.

O que os comerciantes apontam é que muitos clientes confundem a possibilidade de posse de arma com o porte de arma. Na loja consultada, a maior procura é de pessoas que temem a criminalidade.

Quanto custa e o que é preciso para ter arma

Para ter uma arma é preciso apresentar documentos como identidade, carteira de trabalho, comprovante de residência e foto 3×4. A compra ainda exige uma avaliação psicológica e a comprovação de capacidade técnica com uso de arma de fogo, que envolve curso com instrutor de tiro.

Há também a necessidade de outras declarações como de efetiva necessidade – que foi um dos alvos da mudança do decreto de Bolsonaro, já que agora a violência urbana passa a ser uma justificativa para a obtenção desse documento em todas as regiões do país. Um formulário e certidões negativas que confirmem que não há antecedentes na Justiça estadual, eleitoral, federal e militar também são exigidos.

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A arma só pode ser adquirida e retirada depois de ser registrada. Quanto tudo isso custa? A avaliação psicológica é estimada em R$ 200 e o curso com instrutor de tiro costuma ter valor médio de R$ 250 na cidade. Há ainda uma guia de R$ 88 de impostos para a União para o registro. Os preços das armas em si podem variar, mas costumam partir de R$ 3,5 mil.