Não há mais como negar: na sociedade atual, o casamento não é necessariamente para sempre. É claro que todo mundo quer um relacionamento que dê certo. Mas sejamos realistas. Hoje, no Brasil, um em cada cinco casamentos acaba em divórcio, atesta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O divórcio está tão disseminado que até em brincadeira de criança existe. Em fevereiro, por exemplo, a Mattel anunciou que Ken estava tentando reconquistar a Barbie após sete anos separados. Eles ficaram 43 anos juntos, mas em 2004 resolveram acabar o relacionamento – mesmo que nunca tenham se casado oficialmente. No Dia dos Namorados – 14 de fevereiro nos Estados Unidos -, a fabricante anunciou a reconciliação do casal.
A jogada de marketing para promover os 50 anos do lançamento do boneco Ken é prova de que até no universo infantil o divórcio já faz parte da brincadeira. Afinal, as crianças lidam com padastros, meio-irmãos e famílias plurais. Paralelamente, o direito de família vai se modernizando. No ano passado, por exemplo, foi aprovada a Emenda Constitucional 66 para acabar com a separação judicial. Hoje, o divórcio é mais rápido, não precisa mais ser justificado nem a Justiça tenta reconciliar o casal. Basta decretar o fim do afeto.
A lei prevê que tanto os homens quanto as mulheres podem proteger os seus bens, seus direitos e até o seu nome ao se casar. Por isso, é impossível não pensar: que medidas podemos tomar ao casar para facilitar o divórcio, caso ele seja imprescindível?
– No divórcio, cada caso é um caso. Não existe uma fórmula para dar certo. O casal divorciado deve descobrir qual o melhor acordo para ambas as partes – adianta o advogado Rodrigo Madeira Nazário, do escritório Madeira & Nazário Advogados Associados.
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Mas os especialistas são unânimes: quanto mais se sabe sobre os direitos e os deveres do casamento, menos surpresas se tem no divórcio. Por isso, montamos este guia prático. Consultamos advogados, financistas e psicólogos para descobrir se é possível tratar o tema – tão disseminado em nossa sociedade – de forma pragmática. A conclusão é geral: com diálogo, se resolve juridicamente e emocionalmente quase tudo.
Cantinho do conselho
Normalmente, o que complica o divórcio é a discussão sobre pensão, guarda de filhos e partilha de bens. Muitas dessas brigas, no entanto, são motivadas por laços emocionais, mais difíceis de serem desfeitos.
– O apego material está ligado a alguma compensação emocional. Avalie se essa briga é legítima ou um simples mecanismo de manter o vínculo com o ex-cônjuge – sugere Enrique Bessoni, professor de psicologia da Universidade Católica de Brasília e psicólogo clínico.
Quero me divorciar!
Quais as primeiras medidas?
Pense nas crianças
:: Facilite o processo para amenizar a dor dos filhos. Faça o acordo de guarda que seja melhor para as crianças. Tente não deixar o padrão de vida das crianças cair.
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Contrate um advogado de confiança
:: Saiba quais são os seus direitos e as suas obrigações.
Faça uma avaliação patrimonial
:: Descubra o que foi adquirido no período de casado para saber o que você pode enfrentar. Onde vai morar? Como vai sobreviver?
Procure o diálogo e esgote as possibilidade de acordo
:: Brigar na Justiça é sempre o pior. O processo se alonga e a recuperação emocional demora. “Acordo só é bom quando é bom para ambas as partes”, diz Frederico Viegas, professor de direito da Universidade de Brasília.
Desabafe: procure um mediador.
:: Pode ser um amigo, alguém da família, grupos de ajuda, um psicólogo ou até o advogado. O importante é lidar com sentimentos e não colocá-los em peso nas brigas judiciais.
Que erros não cometer
Vingança
:: Além do ex-cônjuge, você prejudica o seu bolso. Brigas desnecessárias alongam o processo e o divórcio fica mais caro. Você ganha brigas bobas, mas perde outras mais importantes.
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Resistência
:: Não existe mais por que um casal ficar junto se uma das partes não quer.
Em muitos casos, a parte que não quer se divorciar arrasta o divórcio por meses para manter o vínculo com o ex-cônjuge.
Guarda/Alimentos
:: “Vou dar uma pensão baixa para os meus filhos para o meu ex-cônjuge não pegar
o meu dinheiro.” Esse tipo de pensamento é comum. É sempre bom lembrar que os
filhos devem sair ilesos dessa história. Esse tipo de sentimento só os prejudica.
Agora sou solteiro! O que fazer?
Finanças
:: Todo divórcio diminui a qualidade de vida. Por isso, é preciso fazer uma avaliação da renda que ficou. Como viver com aquela nova economia? Como vou pagar aluguel? Como vou pagar a pensão? “É possível viver bem com toda renda. Basta ser econômico e objetivo”, alerta Marcos. Há quem faça cursos para aprender a lidar com esse novo dinheiro.
Dia a dia
:: O primeiro passo é criar uma nova rotina. O que fazer com o tempo livre? Pode-se fazer novos amigos, voltar para casa em horários diferentes, criar outros hobbies. Com o tempo, tudo se reestrutura.
Filhos
:: A nova rotina cria uma relação diferente com os filhos. É preciso refazer vínculos, aprender a dividi-los e criar um novo ambiente acolhedor.
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Tenho um ex-marido! Como lidar?
Diálogo
:: Manter um diálogo aberto e honesto é sempre o melhor. Assim, não se criam intrigas e problemas mais sérios com o ex-cônjuge.
Amigos
:: Não se deve obrigar os amigos a tomarem partido. Mas, se você não se sente bem com aquela turma, procure conhecer outras pessoas.
Família
:: O contato com a família do ex deve ser acordado. Se uma das partes se sentir incomodada, deve-se cortar os laços.