Um dos focos do Porto Alegre Em Cena desde que o festival se iniciou, há quase duas décadas, a produção cênica do Mercosul aparece em destaque na programação desta 18ª edição do evento. A partir desta quarta-feira, quando a montagem argentina Nada del Amor me Produce Envidia tiver a primeira de suas duas exibições no Teatro Bruno Kiefer, serão oito montagens vindas dos dois países do Prata – quatro do Uruguai e quatro da Argentina. Até o dia 22, data da terceira e última apresentação do espetáculo Ella, serão 20 noites com teatro e música trazidos diretamente dos países vizinhos para palcos como o Renascença e o Goethe.
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Em destaque, a elogiada presença da atriz Bettina Mondino em Music Hall e Ella, duas produções uruguaias, e o musical Nomeolvides, oportunidade para conhecer as canções do produtor e compositor Carlos Villalba, figura central do intercâmbio cênico entre Porto Alegre, Montevidéu e Buenos Aires registrado nos últimos anos. No palco, Villalba receberá intérpretes como a brasileira Cida Moreira e a argentina Liliana Herrero. Elas vão interpretar as músicas do disco homônimo, todas compostas por ele e gravadas na capital argentina. Confira informações sobre cada um dos oito espetáculos hermanos.
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Nada del Amor me Produce Envidia
Monólogo dirigido pelo cineasta Diego Lerman e interpretado por Maria Merlino, chega a Porto Alegre como uma das montagens mais curiosas desta 18ª edição do Em Cena: trata-se de um melodrama musical de época sobre uma costureira que, nos anos 1930, recebe duas encomendas de roupas muito parecidas, uma da celebridade Libertad Lamarque e outra de uma novidade entre as celebridades portenhas da época – Eva Perón. Elogiado na Argentina, o espetáculo foca o dilema da mulher, uma cantora frustrada, sobre qual pedido atender. Trata-se da primeira incursão de Lerman no teatro, ele que aqui encena uma peça do também cineasta Santiago Loza. Quarta (7) e quinta (8) às 19h, no Teatro Bruno Kiefer.
Amar (espetáculo esgotado)
Três casais viajam para passar um fim de semana em um balneário. Em uma noite regada a álcool, uma conversa começa despretensiosamente até que, aos poucos, a realidade de cada personagem se coloca em primeiro plano. O espaço cênico é reduzido e os cenários, mínimos _ a luz é toda feita com lanternas manipuladas pelos próprios atores no palco, enquanto a trilha sonora ressalta o barulho do mar ao fundo. A montagem argentina, que tem direção de Alejandro Catalán, angariou fãs em seu país a partir do trabalho com o sexteto de atores formado por Lorena Vega, Natalia López, Paula Manzone, Federico Liss, Edgardo Castro e Toni Ruiz. Apresentações nos dias 11 e 12, às 23h, na Sala Álvaro Moreyra.
Music Hall
Uma das peças mais conhecidas do dramaturgo francês Jean Luc Lagarce, Music Hall não segue a tradição do gênero no qual prevalecem o canto, a dança, o drama e a comédia. O espetáculo apresenta um trio de intérpretes em franca decadência artística vivendo de um passado de muito sucesso que, no entanto, já ficou há muito tempo para trás. Movidos pela paixão por representar, eles são impelidos a continuar subindo ao palco para se apresentar, apesar das dificuldades cada vez maiores que enfrentam para se manter. A direção é de Diego Arbelo, e o elenco conta com nomes como Fernando Vannet, Gustavo Suárez e Bettina Mondino, uma das mais importantes intérpretes uruguaias de sua geração. Nos dias 13, 14 e 15, às 19h, no Teatro Bruno Kiefer.
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Neva
São Petersburgo, 1905. Enquanto tropas militares reprimem trabalhadores nas ruas, duas atrizes e um ator ensaiam num teatro em frente ao rio Neva. Uma delas é a célebre Olga Knipper, esposa do recentemente falecido Antón Tchekhov. Para ajudá-la a superar a perda do marido, seus parceiros recriam a morte de Tchekhov num sanatório alemão. A atriz é Bettina Mondino, a mesma de Music Hall. O texto, do chileno Guillermo Calderón, foi elogiado em Montevidéu por sua reflexão crítica a respeito do próprio fazer teatral. A direção é de Álvaro Correa. Dias 13, 14 e 15, às 22h, no Teatro de Câmara Túlio Piva.
Nomeolvides
Espetáculo musical em que o produtor e compositor argentino Carlos Villalba, juntamente com a Orquestra Velázquez, apresenta a íntegra de seu primeiro disco, Nomeolvides. No palco, Villalba, recebe convidados especiais como Alberto Muñoz e Liliana Herrero. Nomeolvides tem participação especial de Cida Moreira, direção musical e arranjos de Diego Schissi e músicos como Ignácio Varchausky (baixo), Alan Platcha (guitarra), Mario Gusso (percussão), Gustavo Mule e Natalia Cabello (violinos), Paula Pomeraniec (violoncelo), Martín Pantyer (sax e clarinete) e Silvina Alvarez (viola). Nos dias 17 e 18, às 20h, no Teatro Renascença.
Dolor Exquisito
Fundador do histórico grupo teatral portenho El Periférico de Objetos, o diretor Emilio García Wehbi dirige Maricel Alvarez neste espetáculo adaptado da obra da artista francesa Sophie Calle. Fruto de uma experiência pessoal da autora, o texto narra a história de uma mulher que ganha uma bolsa de estudos para o Japão e viaja para o Oriente deixando para trás o homem que ela definira como o amor da sua vida. Quando retorna, o amado que prometera esperá-la termina a relação. A adaptação é de Ricardo Ibarlucía e conta com acréscimos tirados da experiência pessoal do diretor e de sua atriz principal. Dias 20 e 21, às 19h, no Teatro Bruno Kiefer.
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Blackbird
Montagem uruguaia da diretora Margarita Musto de uma peça do dramaturgo escocês contemporâneo David Harrower. O espetáculo conta o reencontro de uma jovem com um homem com o qual manteve uma relação amorosa quando tinha apenas 12 anos. O texto é estruturado a partir de frases entrecortadas, vacilantes, perguntas e respostas que às vezes, aparentemente, não têm conexão umas com as outras. No elenco, o trio Levón, Jimena Pérez e Antonella Aquistapache. Atenção: a classificação etária é 18 anos. Dias 20, 21 e 22, às 20h, no Teatro Renascença.
Ella
Dentro de uma sauna, dois homens discutem violentamente. A disputa física e verbal é provocada premeditadamente para que um arranque confidências do outro, já que ambos amam a mesma mulher. É esta personagem que o espectador não vê que está no centro do espetáculo montado pela diretora uruguaia Patrícia Yosi a partir da peça de Susana Torres Molina, uma das mais conhecidas dramaturgas argentinas da atualidade. No elenco, estão Álvaro Pozzolo e Sergio Pereira. Nos dias 20, 21 e 22, às 19h, no palco do Instituto Goethe.