Considerado o melhor árbitro assistente das edições de 2009 e 2013 do Campeonato Brasileiro, o experiente assistente Carlos Berkenbrock, 41 anos, não sabe explicar como não marcou o impedimento do meia Paulo Baier no gol da vitória do Criciúma sobre o Metropolitano, quarta-feira à noite, no Heriberto Hülse.

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Natural de Rio do Oeste, o árbitro chegou em casa, em Itapema, às 2h, e passou a enfrentar o “pós jogo”. Primeiro, não conseguiu dormir para descansar após o erro cometido horas antes. Depois, pela manhã, teve dificuldade para assimilar um simples cumprimento e desejo de bom dia feito pela mulher Fabiana. “Como vou dizer bom dia se a minha quarta-feira ainda não havia acabado”, explicou. Na sede do seu escritório de advocacia em Balneário Camboriú, por telefone, o assistente atendeu à reportagem do Diário Catarinense e revelou sentir vergonha porque o seu erro individual colocou em xeque toda a arbitragem catarinense.

Diário Catarinense – O que o senhor por falar sobre o lance?

Carlos Berkembrock – Na verdade, temos a recomendação da Fifa de não falar, comentar ou tecer explicações sobre os lances do jogo.

DC – O senhor já assistiu ao lance pela televisão?

Berkembrock – Eu vi apenas fotos que meus colegas de arbitragem me enviaram comentando o lance, hoje pela manhã, pelo Whatsapp. O que aconteceu todo mundo viu. Difícil é o que eu estou passando agora. O pós jogo é o mais difícil para a arbitragem, porque nós somos julgados por um lance e não temos como mostrar nosso potencial posteriormente, de forma imediata. Tivemos dois lances difíceis na quarta, mas erramos no domingo e é isso que todo mundo vai lembrar. Os valores são inversos em relação aos jogadores, porque eles erram um pênalti e depois podem fazer um gol, numa comparação. Temos que acertar sempre e temos que cumprir uma eventual punição pelos erros que acontecem.

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DC – Um repórter, que estava no Heriberto Hülse, disse que o trio de arbitragem estava abatido após o jogo, já sabendo do erro cometido. Um juiz sabe quando fez um bom trabalho ou quando não após o termino da partida?

Berkembrock – Eu tenho 22 anos de arbitragem, já tive outros erros, mas a gente acha que nunca vai ocorrer um erro destes com a gente. Eu venho de um ano de 2013 praticamente perfeito e um Catarinense impecável. Um erro daquele não tem explicação. Cacaca não tem como explicar. Se tentar explicar, só vai piorar a situação. Eu trabalho na arbitragem porque gosto e só não consigo aceitar o que dizem, que atentam nossa moral, nosso caráter. Porque eu erraria se eu faço o que eu gosto e por causa do erro ficarei de fora? Não é o financeiro que me motiva. Graças a Deus, eu tenho uma carreira de advogado consolidada. Estou na arbitragem porque gosto, porque amo.

DC – O senhor já recebeu alguma comunicação da Comissão de aribtragem e da Federação Catarinense de Futebol em relação a uma punição, como afastamento das próximas rodadas?

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Berkembrock – Não, mas se receber, vou cumprir, é com os erros que a gente aprende. Eu fico triste por não ter correspondido à confiança depositada pela comissão de arbitragem. Isso me deixa muito triste. O que me deixa mais chateados ainda é que todo o trabalho da arbitragem catarinense está sendo criticado, todos os árbitros estão pagando por um erro do senhor Carlos Berkenbrock, ou seja, você pune toda uma classe por um erro individual. Isso me deixa envergonhado.