Formado em Ciência da Computação e pós-graduado em Gestão Empresarial pela Universidade Federal de Santa Catarina, o secretário municipal de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico Sustentável, Rui Luiz Gonçalves, falou ao DC por e-mail sobre a implantação em Florianópolis de projetos que compõem os eixos estruturais de uma cidade inteligente.

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Diário Catarinense – Florianópolis pode ser uma cidade inteligente? Como?

Rui Luiz Gonçalves – Assim como as pessoas, todas as cidades podem mudar seu futuro. Para que Florianópolis tenha um futuro melhor, vamos, neste momento, parar e repensar o que queremos para a nossa cidade. Para isso, precisamos ver, escutar, aprender e conhecer o que está sendo feito de melhor em todo o mundo. Essa é a proposta do seminário: introduzir o assunto na nossa realidade e nos provocar a análise e reflexão em relação às melhores práticas mundiais.

Florianópolis pode sim ser uma cidade inteligente. O primeiro passo está sendo dado. Estamos buscando subsídios e informações para que com vontade política, determinação e conhecimento, possamos desenhar o planejamento de uma cidade inteligente, que ofereça um futuro com mais oportunidades, qualidade de vida e desenvolvimento para quem escolher Florianópolis para morar, visitar, trabalhar e investir.

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DC – Já existem projetos relacionados a cidades inteligentes em desenvolvimento pela Prefeitura?

Gonçalves – Sim, identificamos vários projetos realizados pelos diferentes setores da Prefeitura que se encaixam no modelo de cidades inteligentes. Algumas ações, como na saúde e na educação, são referências nacionais, com indicadores que colocam Florianópolis entre as melhores cidades do país nessas áreas. Outros projetos que atendem os seis eixos de cidades inteligentes são, por exemplo, o de sistema de bicicletas compartilhadas, o Rota da Inovação, o estudo de viabilidade do carro elétrico Hiriko, o novo Plano Diretor, entre outros.

DC – Quais são as propostas da Prefeitura para aplicar o conceito de cidades inteligentes em Florianópolis?

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Gonçalves – Para ampliar a efetividade dessas ações, iremos criar o Plano Florianópolis Inteligente, por meio de um convênio que será assinado entre a Prefeitura e o Ágora Lab. Esse plano aliará as melhores práticas mundiais ao respeito à realidade e peculiaridades locais. O objetivo é ter um condutor para, por meio de uma metodologia e do conhecimento científico, definirmos as diretrizes de Florianópolis como cidade inteligente.

O objetivo desse plano é assumir o compromisso e o desafio de realizar projetos que melhorem a vida dos cidadãos a curto prazo e que busquem resolver os problemas da cidade com soluções definitivas a longo prazo, sendo o incentivo à educação um dos fatores principais para mudança de postura e participação da população.

DC – Qual é o maior desafio para tornar Florianópolis uma cidade inteligente e sustentável?

Gonçalves – Acredito que o maior desafio para Florianópolis no seu caminho de cidade inteligente e sustentável são alguns instrumentos legais que ainda retardam, limitam ou até mesmo impedem o desenvolvimento da cidade de forma equilibrada, em diferentes esferas. Ser uma cidade inteligente também envolve conhecer seus pontos fortes e fracos e identificar como essas questões podem ser enfrentadas para abrir portas para as soluções criativas e inovadoras que impactem positivamente no dia a dia da cidade e das pessoas.

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DC – O quanto o fato de parte da cidade ser uma ilha é um limitador?

Gonçalves – A geografia de Florianópolis pode impor algumas dificuldades, especialmente para a implantação dos sistemas de mobilidade. No entanto, também deve ser vista como um fator de orientação e condução do planejamento da cidade, considerando as suas diferentes características. Essa variedade de ambientes da cidade é sim um estímulo para encontrar e aplicar soluções ainda mais criativas que se adaptam a diferentes necessidades e demandas. Portanto, Florianópolis é um terreno fértil para o estudo e aplicação de novos sistemas, procedimentos e até tecnologias que contribuam para a superação dos desafios da cidade.

DC – O que a sociedade civil, cada morador de Florianópolis pode fazer para contribuir para que o município trilhe o caminho para ser uma cidade inteligente?

Gonçalves – Um dos seis eixos estruturantes da cidade inteligente são as pessoas inteligentes. Isso significa que as pessoas têm um importante papel na construção e manutenção de uma cidade inteligente. Afinal, são as pessoas que vivem e fazem as cidades. Dessa forma, a responsabilidade de cada cidadão é definitiva para Florianópolis alcançar a meta de ser uma cidade inteligente.

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Para isso, os cidadãos não podem abrir mão de participar da vida pública, acompanhando, cobrando e sugerindo melhorias e ações para a administração pública. As pessoas também precisam procurar conhecer outras realidades, buscar informações e transitar em diferentes ambientes, enriquecendo suas experiências. Por fim, uma cidade inteligente é feita de pessoas inteligentes, criativas e inovadoras, que buscam o aprendizado constante, que investem em qualificação e que aproveitam as oportunidades.

DC – Como incentivar a população a deixar o carro em casa e utilizar outros meios de transporte, quando o sistema de transporte urbano ainda é deficitário?

Gonçalves – A forma mais eficaz de oferecer esse incentivo é criar alternativas de transporte de qualidade e multiplicar as opções de modais, sempre respeitando os desejos e as necessidades dos cidadãos. Os sistemas coletivos, seja o ônibus, a carona, o trem de superfície, entre outros, devem ser a prioridade e quem usa essas alternativas deve ser reconhecido por meio de incentivos. O compartilhamento – de carros e bicicletas, por exemplo – é outro ponto ainda pouco explorado na nossa realidade, mas que, além de ser uma alternativa de transporte, promove a interação social e a integração das pessoas.

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