Agora, cabe à sociedade cobrar do poder público o fim do círculo vicioso que alimenta essa violência, desmontando a metodologia das quadrilhas.
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A sentença proferida pela 3a Vara Criminal de Blumenau em relação aos réus do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) – publicada na segunda-feira à noite e divulgada ontem com exclusividade pelo Diário Catarinense – deve servir de divisor de águas no combate ao crime organizado em Santa Catarina. É um passo importante para evitar que fatos deploráveis, como as ondas de atentados de 2012 e de 2013, não se repitam. É uma resposta clara do aparato estatal de que o crime organizado não pode e não vai ser tolerado no Estado. E mostra também que as instituições cumpriram seu papel desde que os atentados levaram terror às ruas e amedrontaram os catarinenses. Afinal, em apenas um ano e três meses da segunda onda, do total de 83 denunciados pelo Ministério Público Estadual, 80 foram efetivamente condenados em primeira instância, decisão da qual ainda cabe recurso ao Tribunal de Justiça.
Cumprida essa primeira etapa do maior julgamento da história catarinense – em função do número de acusados, da gravidade das acusações e dos reflexos para a sociedade -, resta agora esperar que as penas sejam efetivamente cumpridas. É essencial afastar qualquer possibilidade ou brecha de impunidade, fermento perigoso para a paz social e para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito.
Além disso, cabe à sociedade cobrar do poder público o fim do círculo vicioso que alimenta essa violência, desmontando o modus operandi das quadrilhas. Não há como entender que o poder público continue permitindo, ao omitir-se nas providências que lhe cabem ser tomadas, que criminosos prossigam dando ordens de dentro dos presídios e afrontando as autoridades. Por que é tão difícil interromper as mensagens trocadas pelos quadrilheiros? Por que é tão complicado impedir as ligações via telefones celulares entre condenados e seus comparsas que continuam praticando crimes nas ruas?
A Justiça aplicou 1.049 anos de penas aos responsáveis pelas barbáries praticadas em Santa Catarina e que levaram terror aos moradores, um resultado emblemático mas que ainda não significa o fim da batalha. A derrocada do crime organizado depende de vontade política, ações institucionais integradas, cooperação federal e muito, muito mais. O julgamento do PGC é um início alentador.
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