O dia começa cedo no Hospital Santo Antônio, em Blumenau. É com o amanhecer que chegam os primeiros pacientes de outras cidades em busca de atendimento especializado no hospital considerado referência em traumatologia, gestação de alto risco, oncologia e cirurgia bariátrica para as 14 cidades que fazem parte da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (AMMVI). Os pacientes dos municípios vizinhos chegam ao hospital nas vans das secretarias de Saúde ou deslocam-se em veículos particulares.

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Uma parte deles se dirige ao setor de Oncologia. Algumas pessoas procuram o local apenas para retirar os comprimidos da quimioterapia, outras passam a maior parte da manhã recostados em poltronas em uma ampla sala, recebendo o tratamento por via venosa. Cerca de 100 pessoas passam diariamente por ali.

Para que o tempo do tratamento intravenoso – que dura em média quatro horas – passe mais rápido, algumas senhoras fazem crochê e outros pacientes levam livros e notebooks. Para disfarçar o gosto amargo na boca, efeito colateral da medicação, jarras de café e chá e pequenos lanches ficam à disposição dos pacientes em uma mesa no fundo da sala.

Desde que começou o tratamento, Sílvia Vogel Pfuetzenreiter, 52 anos, usa um lenço nas cores verde e preto para disfarçar a queda dos cabelos causada pela quimioterapia. O câncer resultou na retirada de uma das mamas e a vendedora passa pela terceira sessão de quimioterapia desde a cirurgia.

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A moradora de Indaial conta que quando os cabelos caíram ficou uma semana sem sair de casa, mas garante que superou o novo visual e, quando os cabelos voltarem, cogita continuar aderindo à moda do lenço.

– O segredo é fé e medicação. Às vezes as pessoas se incomodam com o cabelo, mas ele cai e volta – afirma Sílvia, revelando como mantém o otimismo durante o tratamento.

Ambulatório

Outra parte dos pacientes segue para o ambulatório de ortopedia e traumatologia, que funciona provisoriamente em uma estrutura na Rua Itajaí, próxima ao Santo Antônio. A expectativa é que o setor integre, de fato, o hospital dia 15 de dezembro, quando serão inauguradas as novas alas construídas com investimento do Governo Estadual. No local funcionarão os setores de ortopedia, radioterapia e o centro de diagnóstico por imagem.

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Enquanto as obras não são concluídas, pacientes como Maurina da Sil-

va Venske, 50 anos, continuam sendo atendidos no ambulatório. A cozinheira afastada de suas atividades diárias em função de lesões nos dois pulsos e em um dos joelhos já conhece os profissionais do ambulatório pelo nome. E também é conhecida por eles. No seu histórico clínico, já foram três cirurgias feitas no hospital.

– Todos me conhecem pela voz e os médicos me chamam pelo nome. Eu me acho uma paciente inesquecível – brinca a blumenauense que também nasceu no Santo Antônio.

Alimentação

O almoço começa a ser servido cedo, por volta das 11h. Na cozinha trabalham 36 pessoas – são oferecidas cinco refeições por dia para cada paciente e, somando-

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se as dos acompanhantes, o número chega a 1,3 mil refeições diárias.

É a mistura de ingredientes e temperos que deixará o alimento mais atrativo a pacientes, muitas vezes sem apetite devido aos tratamentos a que são submetidos. Depois de prontas, as refeições são embaladas, colocadas em carrinhos e distribuídas pelos corredores da casa. Para a nutricionista coordenadora do setor, Tatiane dos Santos Aligleri, até a maneira com que o copeiro entrega a refeição influencia na aceitação do alimento.

– Há dados que mostram que o paciente que tem uma alimentação balanceada pelo nutricionista tem redução no tempo internado, custos com internação e também medicamentos – afirma.

Tratamento intensivo

Nas UTIs o tratamento é personalizado. Há três unidades no Santo Antônio, com 10 leitos cada: a neonatal, para nascidos prematuros; a pediátrica, que atende pacientes de 30 dias a 14 anos; e a UTI geral, destinada a adultos.

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Nas unidades neonatal e pediátrica, fica mais evidente que há mais do que profissionalismo entre colaboradores e pacientes. A maneira com que técnicos, enfermeiros e médicos afagam e alimentam bebês e crianças aproxima-se muito da relação entre pais e filhos.

– Quando acontece a perda de uma criança, o setor fica uma escuridão total. É um dia pesado, uma semana ruim – resume a médica residente em Pediatria, Joana Orth.

Há cinco meses o pequeno Caio Henrique Koslowski ocupa um dos leitos da UTI. O bebê passou apenas três meses de sua curta vida fora da unidade. Caio sofre de uma complicação neurológica que afeta a respiração. O pai, Dionei, alterou a rotina de trabalho e passa pelo menos uma vez por dia no Santo Antônio.

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– Somos uma família. Cada dia que passa, é uma vitória para nós.