A Notícia – No que o senhor pretende avançar na área da saúde no segundo mandato?

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Udo Döhler – Queremos fazer com que o Estado cumpra com a sua parte, que nos ressarça os recursos de medicamentos que estão atrasados desde março deste ano. Que também nos restitua os atendimentos que estamos fazendo aos municípios vizinhos e que não pagam essa conta. Como temos a gestão plena da saúde, somos obrigados a atender a qualquer paciente do País. Os pacientes das cidades da região hoje ocupam 25% dos leitos do Hospital São José e quem paga a conta é o município. Isso nós vamos começar a cobrar fortemente, tanto do governo do Estado quanto do governo federal.

AN – O senhor afirmou que, com as finanças em dia, conseguirá avançar na pavimentação. Como isso vai acontecer?

Udo – Primeiro, vamos construir 56 km de corredores de ônibus e também a via pública que fica junto a esse corredor. Só aí vamos encontrar cento e poucos quilômetros. Isso começará a ser executado a partir do começo do ano que vem. Vamos estimular a pavimentação com lajotas em três programas. Um deles vai ter a participação comunitária, em que o município cuida de toda a drenagem, da base e da sub-base, e o contribuinte entra com as lajotas. Isso significa, mais ou menos, 20% do custo. Existe um segundo programa de pavimentação com lajotas para ladeiras mais íngremes e ruas de grande movimento. Aí, 100% do custo são financiados pelo município. E o terceiro programa passa por processos licitatórios porque o município produzir asfalto é ficção. Custa o dobro ou triplo do preço.

AN – O objetivo é atingir os 300 km de pavimentação prometidos na campanha de 2012?

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Udo – Vamos ver o quanto podemos avançar porque tivemos que fazer escolhas. Agora, vamos ter um fôlego maior para avançar com a pavimentação.

AN – Como o senhor avalia a composição da Câmara para o próximo mandato?

Udo – Estamos muito satisfeitos. Toda a nossa previsão acabou acontecendo. Nosso partido, o PMDB, elegeu cinco vereadores e ampliou sua bancada, que tinha quatro. A nossa coligação elegeu mais três. Com a base de sustentação de governo, teremos a maioria na Câmara. Isso é muito importante para que as nossas mensagens possam ser acolhidas com a maior brevidade possível.

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AN – O senhor tem alguma preferência para a presidência da Câmara a partir de 2017?

Udo – Não, isso quem escolhe não é o prefeito, são os vereadores. Eles vão ter que refletir um pouco sobre isso, mas penso que não deve surgir aí uma dificuldade maior. Vão encontrar, certamente, um nome bom para conduzir a Câmara de Vereadores.

AN – Haverá grandes mudanças na composição do secretariado no novo mandato?

Udo – Claro que vamos ter modificações. Na primeira gestão, todo ano ocorreu modificações. Mais intensas no começo do mandato; menos intensas na parte final. Agora, temos dois vereadores eleitos que são ex-secretários: da Secretaria de Educação (Roque Mattei) e da Fundação de Esportes (Fernando Krelling). Então, teremos duas novas escolhas e outras modificações também acontecerão, mas, de um modo geral, nosso colegiado está bem segmentado e correspondendo às expectativas. Não deveremos ter alterações significativas.

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AN – Como está a sua relação com o governador Raimundo Colombo depois da campanha eleitoral?

Udo – O nosso contato com o governador sempre foi amistoso. Nós só respondemos a ele nas provocações feitas pelo seu candidato (Darci de Matos), que ele apoiou ostensivamente aqui em Joinville. Primeiro, dizendo que nós não estávamos entregando medicamentos à população. Isso não é verdadeiro. Dissemos ao governador que dos nossos 130 medicamentos, só faltam quatro a serem entregues; dos dele, falta um terço. Naturalmente, o governador não gostou. Da mesma forma, com relação à segurança, foi dito que o município não vinha cumprindo com sua obrigação. O combate ao crime é função do Estado e não do município. Nós apenas respondemos. Não houve, em nenhum momento, qualquer ataque ao governador do Estado. Pelo contrário, o nosso relacionamento sempre foi amistoso.

AN – O senhor usou durante a campanha o bordão “deixa o Udo trabalhar”. Houve algo ou alguém que o impediu de trabalhar no primeiro mandato?

Udo – Foi uma resposta que se deu para a campanha predatória do nosso opositor, dizendo que a cidade de Joinville estava abandonada e que isso era um caos. Parece que a saúde não existia, as escolas estavam caindo aos pedaços e que isso aqui era um campo de guerra. E isso não é verdadeiro. Então, só pedimos permissão para continuar trabalhando.

AN – Qual é o legado que o senhor quer deixar para Joinville após o segundo mandato?

Udo – Queremos terminar com o clientelismo político. Isso tem acabado com o nosso País. A corrupção já se instalou no serviço público. O político entra pobre na vida pública e, de lá, sai rico. Isso está evidenciado nas operações do Mensalão, da Lava-jato. E se as pessoas de bem não se aproximarem da vida pública, não tem como consertar esse clientelismo. Esse é o nosso compromisso. Fizemos um governo de mãos limpas, com uma política limpa, honesta e responsável. Não abrimos um milímetro para conviver com a corrupção e a combatemos fortemente, tanto que nesses quase quatro anos de governo, não tivemos nenhuma licitação anulada.

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AN – Como foi o primeiro dia após a reeleição?

Udo – Foi normal. Chegamos aqui logo cedo e saímos para uma entrevista na RBS TV, às 6h30. A manhã foi consumida por entrevistas, mas na última hora da manhã, tivemos despachos normais com a Secretaria de Gestão de Pessoas e a Secretaria da Saúde. Depois, tivemos alguns contatos políticos com presidentes da nossa coligação. Amanhã (hoje), vamos ter mais uma reunião com a coligação, mas no nosso dia a dia, o expediente está sendo normal. Continuamos a nossa rotina, que não foi alterada durante a campanha eleitoral.

AN – O segundo mandato começa agora? O que a população pode esperar desses últimos dois meses do ano?

Udo – Quando nós chegamos aqui em 2013, fomos surpreendidos com uma Prefeitura financeiramente desarrumada. Tivemos dificuldades de pagar o salário de dezembro, do governo anterior, como foi provisionado. Tivemos que parcelar em duas vezes. A Prefeitura recuperou crédito e, até o final do ano, as dívidas com os fornecedores estarão 100% liquidadas. A crise estava ali em 2013. Aí veio a crise de 2014, que se aprofundou em 2015 e que continua até hoje. A nossa despesa cresceu e a receita teve uma perda significativa, da ordem de 15%. Então, fizemos uma contenção de gastos importante, reduzimos aluguéis, a nossa frota de veículos. Enfim, fizemos o processo de gestão. Isso nos traz alguma tranquilidade. Também nos permitiu que pudéssemos buscar recursos importantes. Um do BID, que acertamos no final de 2014. Dependemos tão somente do aval do governo federal. São US$ 70 milhões. Ele não aconteceu durante o governo Dilma. Aí veio o governo de transição de Temer. Conversamos com o presidente e ele ficou de examinar. Nesse entretempo, se resolveu a questão do impeachment e isso ficou em compasso de espera. Nós esperamos que esse aval venha a ser construído ainda este ano. Então, teremos recursos para cuidar da drenagem do rio Itaum-Açú e, por isso, resolver o problema de enchentes na zona Sul da cidade. No Centro, estamos executando a drenagem do rio Mathias, que também se resolve por aqui. Parte dos recursos também serão destinados para terminar a Estação de Tratamento de Afluentes da Vila Nova e também alguma pavimentação ainda por se fazer. Tudo isso foi possível graças ao saneamento das nossas finanças. Temos um financiamento contratado com a Caixa Econômica Federal, de R$ 104 milhões, que vai permitir a construção dos nossos corredores de ônibus, além de três pontes que já começam a ser executadas. A primeira dela é a da Plácido Olímpio, que é possível que a gente tenha a ordem de serviço ainda neste ano. Depois temos a da rua Anêmonas e da rua Nacar, que vão acontecer no primeiro semestre do ano que vem. Os corredores de ônibus vão permitir com que a gente possa ter um transporte coletivo mais rápido e mais seguro. Os ônibus serão modernizados, terão o piso rebaixado, com ar condicionado. Com isso, nós pretendemos que a população use mais o ônibus. Hoje, apenas 12% da população usa o ônibus e queremos fazer com que isso quase que dobre. Com esse adensamento do transporte coletivo, vamos ter o descongestionamento do transporte individual, que hoje incomoda. E com essa mudança na escala do transporte coletivo, vamos ter uma redução significativa da passagem de ônibus, que poderá ser da ordem de quase 30%. Então, esse é um avanço importante. Hoje, não há como se administrar uma tarifa de ônibus com taxas e preços aceitáveis com a frequência hoje existente.

AN – O senhor acredita que essa redução no preço da passagem comece a acontecer no próximo ano?

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Udo – Não vai acontecer no próximo ano. Isso vai acontecer ao longo dos anos, gradativo, à medida que os corredores de ônibus forem avançando. Vamos dar um pequeno exemplo: nós vamos implantar agora o corredor de ônibus na rua Nove de Março, que é um trecho de 800 metros, e que hoje leva de 20 a 25 minutos (em horários de pico) e vai reduzir para cinco a seis minutos. Então, só ali vai ter uma economia significativa.

AN – Das propostas apresentadas nesta campanha, há algo que possa ser executado até o final do ano?

Udo – Muitas coisas estão em curso. Nossa proposta de governo tem o compromisso assumido para que, dentro do período de dois anos, a gente possa ter todos os postos de saúde reformados e com acessibilidade assegurada. Dos 57 postos atuais, nenhum deles tinha acessibilidade. Hoje, 21 têm. E nós temos um termo de ajustamento de conduta (TAC), firmado com o Ministério Público, que vai permitir com que 100% dos postos de saúde possam atender com essas condições de segurança e conforto aos usuários. Isso já está andando. Da mesma forma, os nossos prontuários eletrônicos estão sendo alargados. As consultas vão ocorrer à distância, não há necessidade de alguém ir no posto de saúde buscar consulta. Dos 57 postos de saúde, em 16 ainda tem aquela fila de madrugada que vai desaparecer. Nos demais, essa questão está completamente resolvida. A entrega de medicamentos foi outra coisa que nós equacionamos e continua em curso. Em janeiro de 2013, dos 130 remédios que o município distribui, que são aqueles da atenção básica, faltavam 40; hoje, faltam quatro. Estamos procurando transformar novamente o Hospital São José em hospital-escola, que já foi no passado. Fazer com que o governo federal assuma um bocadinho desse ônus porque hoje nós estamos gastando 41% do nosso orçamento com a saúde, o que é perverso. Não que se esbanje dinheiro, pelo contrário, porque estamos pagando contas que não são nossas, são do governo estadual e federal. Estamos trabalhando nisso e esperamos que nesse próximo semestre a gente consiga recuperar essa condição de hospital-escola.