O governador Raimundo Colombo (PSD) negou mais uma vez que o pagamento de R$ 10 milhões feito pela JBS para a campanha de reeleição em 2014 tenha sido ilegal. Em um evento sobre o crescimento de gás natural na manhã desta segunda-feira em Florianópolis, o governador disse que a delação em que o diretor Ricardo Saud diz ter pago para receber “facilidades na licitação” da Casan foi “unilateral” e que não há “nenhuma prova”. Na declaração, Colombo ainda criticou o pedido de explicações feito pela OAB-SC no último sábado.
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Leia a entrevista na íntegra:
O que o senhor tem a dizer sobre a delação dos irmãos donos da JBS?
As doações da JBS foram oficiais, depositadas no diretório nacional do partido que repassou ao diretório estadual. Sobre esse assunto de Casan, não foi tratado em nenhum momento. Pelo o que eu saiba essa empresa é uma empresa de proteína animal, boa frango, carnes, suínos, linguiça e não cabe tratar de Casan. Até por que se eu fosse eu fosse tratar qualquer avanço relacionado a Casan seria tratado na bolsa de SP, e isso não aconteceu. Quanto ao repasse em supermercado, eu não conheço, nunca participei, todas as pessoas da campanha não tem informação sobre isso. Isso não existiu. Agora, um delator sob pressão, ele vende a mãe e foi exatamente o que esse sujeito fez. Não há nenhuma prova, é de uma irresponsabilidade absurda. Eu espero que seja tratado com a responsabilidade que nós merecemos. Afinal de contas, nós estamos há mais de 40 anos na vida pública e é injusto que um v*** desses se expresse desta forma e ofenda todo um trabalho que esta sendo feito. Não houve, eu não participei, eu não conheço nada que tenha sido feito que não tenha sido a doação oficial que está nas contas bancárias. Esses são os fatos, essa é a realidade. Eu peço a todos que confiram isso em qualquer esfera.
Mesmo que tenha sido feito um repasse pelo diretório nacional, por alguma razão ele foi parar na sua campanha. Foi por que a direção nacional assim quis, ou foi por que o senhor pediu?
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Eles repassaram a 1.780 candidatos, inclusive para os meus concorrentes aqui em SC. Era uma prática que eles adotaram, de política. É só olhar as contas dos concorrentes que concorreram ao governo do Estado comigo e vocês também vão encontrar as doações da Odebrecht e vocês não estão dizendo isso.
Na delação, o Joesley fala que ocorreu um encontro em um apartamento em junho ou julho de 2013 em São Paulo. O senhor lembra deste evento? Ele realmente aconteceu?
Sim, o presidente Kassab (Geraldo Kassab, presidente do PSD) me convidou e disse que a empresa faria uma doação, como faria aos meus concorrentes em Santa Catarina e desejaria oficializar essa doação. De fato isso aconteceu, foi feito oficialmente, na conta do banco, e está lá para quem quiser olhar sem nenhuma irregularidade e absolutamente dentro das leis vigentes da prática eleitoral.
O fato de receber uma doação, seja da JBS ou de qualquer outra empresa, quando você é chamado par ama reunião com ele, o senhor acha que em algum momento a empresa tem a expectativa de receber algo em troca quando faz a doação?
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O importante é que o governo do Estado não deu nada em troca em absolutamente nada em troca. A delação que eles fazem é de que teriam tentado negociado a Casan e isso não aconteceu. Não foi vendida nenhuma ação. Eles não denunciam nada além disso. Diferentemente de outros Estados, onde houve problema fiscal. Aqui eles falam que gostariam de comprar a Casan e não compraram. Agora, doação de campanha, se você achar um candidato que não teve doação de campanha você vai perceber que isso não aconteceu, que é uma prática normal, usual e que precisa mudar para não ter constrangimento como esse que nós estamos vivendo agora no Brasil.
Naquele encontro vocês não trataram sobre a Casan?
Claro que não. O pessoal não tem atividade de saneamento e nem nós podemos vender a Casan, tanto que não vendemos nem uma ação sequer. Foi um encontro normal.
Eles têm um braço na construção civil e eles dizem que teria havido uma conversa no sentido de que eles ajudariam a escrever um edital caso vingasse a proposta.
Isso não aconteceu, não faz sentido. Eu não aceitaria conversar sobre isso. O governo não participa de edital e nunca participou. O nosso governo é sério. São seis anos e meio de muito esforço e tem um dos melhores equilíbrios fiscais do Brasil. Então o que houve foi uma doação oficial, regular e está contabilizada no partido e oficializada pelo Tribunal Regional de Eleitoral. É só fiscalizar.
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A OAB pediu esclarecimentos sobre esse caso. Como o senhor vê isso?
A OAB tinha também que se preocupar com essa política de delação e ver o que está acontecendo. Mas é a nossa responsabilidade de esclarecer a todos os catarinenses o que de fato aconteceu. E o que não aconteceu, quem tem que se responsabilizar é quem denunciou.
A segunda delação em que o nome do senhor acontece. Existe algum prejuízo à sua governabilidade?
Vamos trabalhar mais, com mais firmeza, para cumpri com o nosso dever com os catarinenses. O que nós não podemos é aumentar o desemprego, aumentar a crise e gerar mais problemas para a sociedade. Então eu vou cumprir com o meu dever e vou me esforçar muito, trabalhar o dobro para manter o equilíbrio em Santa Catarina, por que parece que poucas pessoas entendem que isso é o mais importante a fazer nesse momento. E delação é unilateral. A pessoa vai lá e fala o que quer e depois não tem nenhuma prova e suja a honra dos outros. Eu tenho 40 anos de vida pública, 10 mandatos e não tenho nenhum processo na justiça até hoje, será que isso não vale nada?
Confira a entrevista em áudio do governador Raimundo Colombo ao repórter Leonardo Gorges na íntegra: