A nação vive a síndrome da corrupção e toda a lama é lançada apenas à classe política, como se só dela dependesse o conjunto de soluções. Claro que o Congresso poderia aprovar leis severas, perpetuando a inabilitação de empresas corruptas ao serviço público, punindo seus dirigentes e os que se deixaram corromper, bem como reduzir as estruturas dos legislativos e alterar os critérios de eleição dos membros dos tribunais de contas da União e dos Estados, além dos desembargadores e ministros da Justiça.

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Contudo, a aplicação das armas de combate à corrupção depende da disposição dos governantes em assumir o desafio de desenraizar essa pestilência que assola a maioria das organizações públicas. Se o Ministério dos Transportes, por exemplo, se dispusesse a travar uma luta séria contra essa epidemia, bastaria, com modernas tecnologias, implementar o pregão eletrônico para substituir licitações, muitas vezes camufladas, e acabar com os aditivos de contratos, que, em sua maioria, avultam e aviltam os valores e os cofres públicos. São medidas simples de serem implementadas e, com certeza, remédios, materiais escolares, equipamentos, entre outros, seriam adquiridos a preços bem mais acessíveis, favorecendo a população.

Enquanto papagaios, principalmente em cargos comissionados de ministérios e secretarias, muitas vezes com a conivência de seus governantes, praticam a corrupção com técnicas já conhecidas por autoridades, os periquitos dos Legislativos levam a fama, embora também saibam saborear o milho verde. Por isso, a nação precisa deixar de focar apenas no Legislativo, que já aprendeu a conviver com essa pecha. É necessário exigir dos governantes que serão eleitos em outubro o compromisso de desencadear operações contra a corrupção, investindo em tecnologia e know-how e acabando com a inflação de cargos comissionados.