A declaração de pandemia de Covid-19 feita pela Organização Mundial da Saúde completa um ano nesta quinta-feira (11). Nesse período, o mundo todo assistiu a uma mudança na rotina e à adoção de novos hábitos, como uso de máscara e distanciamento social. Também acompanhou a busca por respostas sobre o surgimento do novo coronavírus e sobre uma vacina ou um tratamento que pudessem poupar vidas e retomar alguma normalidade.

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Ao fim do primeiro ano de pandemia, essa jornada já permitiu a descoberta de algumas certezas por parte da ciência, que podem ajudar no combate à disseminação do vírus, ao mesmo tempo em que mantém muitas dúvidas sobre como serão os próximos meses.

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Como surgiu o coronavírus

A origem do vírus que transformou o mundo foi alvo de muitas teorias ao longo do último ano. Ainda não há uma certeza sobre de onde o SARS CoV-2 surgiu e como infectou humanos, mas algumas teses já foram praticamente descartadas e outras continuam em estudo.

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Uma equipe da Organização Mundial da Saúde (OMS) esteve na China entre janeiro e fevereiro de 2021 para tentar identificar a origem do vírus. Conforme os primeiros resultados da missão que foram divulgados, uma das principais conclusões é que a hipótese de o vírus ter sido criado ou ter “vazado” de algum laboratório é considerada “extremamente improvável” pelos pesquisadores, a ponto de não se propor novos estudos nesta linha.

Outras três hipóteses foram consideradas pelos pesquisadores da OMS: a transmissão direta de um animal que possua o vírus para um humano e a existência de uma “espécie intermediária”, outro tipo de animal mais próximo a humanos que foi infectado e, posteriormente, passou o vírus a uma pessoa.

Essa corrente é considerada “o caminho mais provável” e deve exigir pesquisas mais específicas. A última hipótese considerada seria uma circulação do vírus pelo comércio de produtos congelados, por meio da rede de frios. Essas hipóteses devem continuar sendo alvo de estudos mais completos.

Como foi o ano em pandemia? Confira na retrospectiva

As investigações sobre a origem do novo coronavírus têm apontado para a população de morcegos. A pesquisa mostrou semelhança entre o SARS CoV-2 e tipos de coronavírus encontrados em morcegos e pangolins. No entanto, os vírus não seriam “suficientemente semelhantes ao SARS CoV-2” para indicar que pudessem ter passado diretamente desses animais para humanos, segundo os pesquisadores afirmaram na coletiva. Daí a tese principal de que outras espécies poderiam ter atuado como “intermediárias” nesse processo de contaminação de humanos pelo coronavírus.

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Outra descoberta envolve o local de origem do vírus. O mercado de frutos do mar Huanan, na cidade de Wuhan, na China, costuma ser apontado como o ponto onde o vírus teria surgido. A pesquisa, no entanto, não confirma. Os pesquisadores afirmaram que é “provável” que o local tenha funcionado como um foco de transmissão, mas dizem que também houve infecções em outras partes da cidade chinesa ao mesmo tempo. 

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Hábitos de higiene que vieram para ficar

Futuro: como vamos conviver com o vírus?

Enquanto a origem do coronavírus ainda é investigada, os próximos anos convivendo com o vírus e a possibilidade de novas pandemias também são estudados por especialistas. A chegada das vacinas contra a Covid-19 trouxe alívio à população mundial no início deste ano. Porém, um novo desafio se desenha. 

Paralelamente à distribuição dos imunizantes, se assiste ao surgimento de novas variantes do vírus, com potencial maior de contágio e a possibilidade de novos “perfis” da doença, o que tem preocupado pesquisadores e profissionais da saúde do mundo inteiro. 

– Seria um ano de boas notícias. Da vacinação em todos os países. Mas, ao mesmo tempo, tivemos um segundo semestre de 2020 com pandemia em descontrole, o que facilitou o surgimento de novas variantes, que são favorecidas por conta dessa replicação descontrolada do vírus. E este ano de 2021, então surge com essa grande preocupação: variantes e alterações no perfil da doença – explica o presidente da Sociedade Catarinense de Infectologia, Fábio Gaudenzi.

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Um comunicado técnico publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no último dia 4 de março, alerta para a dispersão geográfica de ‘variantes de preocupação’ em pelo menos seis estados brasileiros, incluindo Santa Catarina. 

Surgida no Amazonas, a “P1”, conhecida como variante brasileira, é mais transmissível que outras mutações do coronavírus, o que levou países como Portugal, Reino Unido, Itália e Alemanha a proibirem a entrada de viajantes vindos do Brasil. Além da linhagem brasileira, a Fiocruz também identificou no país a B.1.1.7, que surgiu no Reino Unido, e a B.1.351, da África do Sul.

A gente aprendeu muito, mas o vírus mudou e continua tendo que se estudar para entender realmente o comportamento. Fabio Gaudenzi, presidente da Sociedade Catarinense de Infectologia

Com o aparecimento de novas mutações, o conhecimento que se tem sobre o vírus, acumulando durante cerca de um ano contribui para os estudos, mas não é o suficiente, já que o vírus da Covid-19 “tem como característica, mudar suas próprias características”, segundo Gaudenzi.  

– A gente aprendeu muito, mas o vírus mudou e continua tendo que se estudar para entender realmente o comportamento. Mesmo já tendo um ano de doença, a gente começa 2021 com novas dúvidas. Ou seja, sanou as dúvidas do passado, mas podemos estar diante de novas doenças, da Covid-19 com perfil diferente – alerta o especialista. 

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Questionado sobre a possibilidade de uma nova pandemia, Gaudenzi disse que as novas variantes estarão concorrendo entre si muito em breve, o que pode causar uma série de epidemias localizadas, com características regionalizadas e que demandam ainda mais estudos e conhecimento da genômica. 

– Quanto mais solto o vírus estiver, mais casos graves e óbitos vão existir, porque não temos tratamento eficaz para evitar. O objetivo é não adoecer. Evitar a transmissão evita a morte e evita as novas variações – conclui o infectologista.

E a próxima pandemia? De onde virá?