A utilização da estrela amarela na noite de sábado durante um protesto de judeus ultraortodoxos provocou indignação em Israel. Em uma manifestação realizada no bairro Mea Shearim, em Jerusalém, vários participantes vestiam uniformes listrados que faziam referência aos campos de concentração europeus e usavam estrelas de Davi amarelas com a palavra “Judeu” no centro – como as que os judeus foram obrigados a usar presas em suas ruas roupas durante o domínio nazista em vários países da Europa.

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A manifestação tinha por objetivo protestar contra o que os ortodoxos consideram uma “campanha de difamação” movida pela mídia israelense contra a rigidez dos costumes ortodoxos. E o uso dos símbolos do Holocausto no protesto provocou críticas indignadas.

– Condeno da forma mais enérgica este fenômeno de utilização dos símbolos do Holocausto. É inaceitável. Isto prejudica a recordação do Holocausto e os valores fundamentais do judaísmo – declarou Avner Shalev, diretor do Memorial Yad Vashem, dedicado ao estudo e à memória do genocídio cometido pelos nazistas durante a II Guerra Mundial (1939 – 1945).

Centenas de judeus ultraortodoxos, alguns com a estrela amarela, participaram do protesto no sábado à noite em Jerusalém, contra os meios de comunicação que, segundo eles, são hostis a suas ideias, em um clima de tensão entre laicos e religiosos que vem se acentuando na sociedade israelense.

Neste domingo, todos os jornais israelenses publicaram fotos dos manifestantes, incluindo crianças, com a estrela amarela sobre o uniforme listrado dos deportados para os campos de extermínio nazistas.

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– Nós devemos reagir a esta grosseira provocação rompendo as muralhas do gueto que isola os Hassidim (literalmente os que ‘Temem a Deus’) por meio da educação e formação – escreveu Nahum Barnea, principal articulista do Yediot Aharonot, o principal jornal do país. – Mas também devemos fixar os limites, reduzindo os subsídios públicos aos institutos talmúdicos e as subvenções familiares – completou, em referência às famílias ortodoxas que não trabalham para dedicar-se ao estudo da Torá.

Shalom Yerushalmi, colunista do jornal Maariv, também indignado com a manifestação de sábado, afirmou que

– Nunca antes a luta entre laicos e religiosos havia sido tão degradada.