Atentados contra ônibus e prédios públicos, incluindo postos policiais e delegacias, se tornaram uma marca das organizações criminosas nos ataques recentes em Santa Catarina. Mas há casos registrados nos últimos dias que, apesar de não carregarem a assinatura de facções, engrossam a lista de crimes no Estado.

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Estes, no entanto, podem estar relacionados a atos de vandalismo ou oportunismo, avaliam os comandos das polícias Civil e Militar.

Exemplos são os dois caminhões incendiados esta semana em Joinville. Na primeira ocorrência, na manhã de terça, uma carreta foi queimada no bairro Profipo. Ela estava estacionada há mais de três meses na rua, sem uso, e pertencia a um mecânico sem ligação com as forças policiais.

Situação parecida se repetiu na madrugada de ontem, no bairro Vila Nova, onde um caminhoneiro acordou com o barulho de uma das carretas em chamas. Trata-se de um veículo ano 1976, também estacionado e sem uso há mais de três meses, que ficou destruído em uma lateral da Estrada Anaburgo.

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– Não tenho inimizade com ninguém, estava consertando o caminhão para poder trabalhar. Acho que é ato de vandalismo -, raciocinava o dono, Eloi Joaquim dos Santos Chiquito, 52 anos.

Sem seguro para cobrir o prejuízo, o caminhoneiro se consola por ter outros veículos para continuar o trabalho em uma empreiteira. As duas ocorrências levantam a mesma pergunta: qual seria o recado dos criminosos em ações de prejuízo a famílias e trabalhadores?

O tenente-coronel Eduardo Luiz do Valles, comandante do 8º Batalhão da PM, que abrange a maior parte de Joinville, não ignora o fator oportunismo em algumas ações recentes.

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– Existem comunidades de criminosos. Não são organizados, mas se conhecem. Essas pessoas se aproveitam do momento para acobertar atos de vandalismo, fazendo o que sempre quiseram -, avalia.

A repressão aos chamados “casos isolados”, aponta Valles, não demanda novas estratégias no comando da PM.

– A maneira de lidar com isso é a mesma de sempre, com rondas e patrulhas.

O delegado regional Dirceu Silveira Júnior, responsável pela atuação da Polícia Civil em Joinville e outras cinco cidades vizinhas, acena que existe um cuidado na diferenciação entre atentados característicos de facções e ações isoladas. Mas, pondera Dirceu, não se pode ter certeza da origem de cada ocorrência até que a autoria seja definida.

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– Mesmo que o modus operandis seja diferente, todos se tratam de incêndio. Qualquer hipótese levantada agora pode ou não se confirmar.