A Universidade Federal de Santa Catarina teve sua aula inaugural do curso de “Educação Antirrascista: letramento racial para servidores da UFSC”, resultado Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional. Organizado pela pró-reitoria de Ações Afirmativas em parceria com a pró-reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas, o evento, na quarta-feira (2), teve a participação da vice-reitora Joana Célia dos Passos.

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A professora falou sobre a construção social da desigualdade entre negros, indígenas, quilombolas e brancos no país e destacou a importância da criação de instrumentos para frear o racismo na instituição. Para Joana, a universidade tem que enfrentar o mito da democracia racial.

— Para nós, o racismo precisa ser enfrentado porque ele se materializa em pequenas coisas, porém, de uma forma muito explícita para quem sofre esse crime. Não há racismo velado e um lugar que por muito tempo produziu ciência para assegurar práticas como o racismo, o patriarcado e o capacitismo precisa agora servir para desconstruir essa lógica.

Essa é mais uma ação da universidade para erradicar os atos discriminatórios e as desigualdades raciais no ambiente institucional. No final do ano passado, o Conselho Universitário aprovou um texto sobre a Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional onde foram listadas diferentes formas de discriminação que devem ser combatidas na universidade. Constam também itens como o nazismo, o antissemitismo, a xenofobia, o discurso de ódio contra religiões, entre outros. O racismo epistêmico (diminuição do valor de produções científicas somente por não estarem de acordo com os cânones ocidentais) também é declarado como uma prática a ser combatida.

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Em setembro do ano passado, uma pichação racista direcionada a uma estudante de pedagogia no banheiro do Centro de Educação (CED) abriu os olhos da comunidade universitária para a realidade do racismo institucional. Colegas, professores e movimentos negros se mobilizaram para cobrar atitudes da universidade em busca de justiça a jovem vítima e as muitas outras pessoas que também sofrem esses ataques. Com a manifestação de outros casos de racismo e nazismo em diferentes centros da universidade, a comunidade da UFSC sentiu a necessidade de que a política de enfrentamento fosse concluída o mais rápido possível. De acordo com a reitoria, os crimes que ocorreram na universidade seguem para serem investigados pela Polícia Civil.

— Eu me inscrevi no curso para me renovar como ser humano e saio inspirada — disse Carolina Peña, coordenadora de espaço físico na UFSC.

Para além da preocupação com estudantes, professores e servidores técnico-administrativos em educação, as aulas embasadas no texto aprovado pelo Conselho Universitário estabelecem diretrizes de como tratar casos de racismo que envolvam funcionários de empresas terceirizadas a serviço da Universidade ou comunidade em geral, indicando como tratar esses episódios, sem deixar de acolher as vítimas e abrindo canais para que também denunciem as agressões. O curso tem três módulos e as aulas se entendem entre agosto e setembro.

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