A reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) reuniu estudantes na tarde desta quinta-feira (29) para falar sobre um segundo pacote de medidas de redução de despesas que pretende adotar caso as verbas bloqueadas pelo governo federal não sejam liberadas até 15 de setembro. A administração reforça, no entanto, que mesmo com a implementação dessas readequações, a instituição pode parar até outubro se não houver desbloqueio dos recursos.
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Entre as medidas, que haviam sido antecipadas após reunião da reitoria com o Sindicato dos Professores da UFSC (Apufsc), está a de limitar as refeições do Restaurante Universitário (RU) apenas para o estudantes carentes, que são isentos de cobrança. Isso reduziria de cerca de 15 mil para 3,5 mil o número médio de refeições oferecidas por dia na instituição, segundo dados da Apufsc. Hoje, estudantes pagam R$ 1,50 e servidores, R$ 2,90. Os dois públicos somam cerca de 11,5 mil frequentadores diários em todos os campi.
Outra medida já confirmada é o cancelamento da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex), evento anual que apresenta projetos dos acadêmicos e é considerado um dos principais eventos de divulgação científica de SC. A Sepex ocorreria entre os dias 17 e 19 de outubro e tem um custo de organização estimado em R$ 300 mil pela instituição. É a primeira vez que o evento é cancelado em 17 edições do encontro.
O congelamento de bolsas é uma proposta mencionada após a reunião com a Apufsc para a partir do próximo mês, caso não sejam desbloqueados recursos pelo governo federal, mas não foi confirmada pela reitoria.
Apesar do apelo de alunos para a divulgação de todas as medidas, a lista completa com as adequações previstas pela reitoria deve ser apresentada entre esta quinta-feira (29) e a terça-feira (3 de setembro), após reunião do Conselho Universitário. As ações, no entanto, são decisões administrativas e, por isso, não dependem de aprovação desse colegiado.
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O professor Vladimir Arthur Fey, secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão da UFSC, afirmou que há uma relação de aproximadamente 15 ações previstas para a partir de 15 de setembro, caso não sejam liberados recursos.
Fey apresentou os dados sobre o orçamento da UFSC e informou que, até o momento, foram liberados R$ 84 milhões dos R$ 101 milhões que a universidade tem previstos para custeio das atividades durante todo o ano — antes do bloqueio, esse valor era de R$ 145 milhões. Com isso, sobram R$ 17 milhões para manter os trabalhos até o fim do ano.
O custos do mês de agosto já foram mantidos graças às economias feitas no primeiro pacote de medidas, segundo a reitoria. Como os R$ 17 milhões restantes a receber se não houver desbloqueio equivale aos custos de apenas 1,4 mês, a projeção é de que a partir de 15 de setembro a universidade já possa ter pedidos recusados de fornecedores do Restaurante Universitário, por exemplo, o que leva à necessidade das mudanças para dar uma sobrevida ao funcionamento da universidade, conforme a administração.
A expectativa é que as novas medidas representem uma redução de R$ 1,8 milhão. Revisões em contratos e outras ações tomadas entre maio e agosto já haviam proporcionado diminuição de R$ 1,2 milhão nas despesas. São esses R$ 3 milhões que a universidade espera serem suficientes para levar os trabalhos por mais algumas semanas.
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Mesmo com as novas medidas de redução de despesas previstas, no entanto, o secretário afirmou que as ações não são suficientes para garantir as atividades da universidade até o fim do ano:
— Mesmo se essas medidas forem implementadas, não quer dizer que a gente vai funcionar até o final do ano. Se não houver desbloqueio, vai parar em outubro, no máximo.
A lista com todas as reduções previstas pela reitoria deve ser apresentada entre esta quinta-feira e a terça-feira (3 de setembro), quando ocorre a próxima reunião do Conselho Universitário.
Fey esteve essa semana em Brasília, mas retornou sem qualquer previsão do governo federal de possíveis liberações de recursos. Ainda assim, a reitoria acredita que até o fim de setembro algum valor a mais possa ser disponibilizado.
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Reunião tumultuada discutiu medidas
A reunião em que as medidas foram discutidas foi tumultuada e começou com quase duas horas de atraso. Isso porque o encontro precisou mudar de auditório em função do alto número de universitários que compareceram ao primeiro espaço previsto, o auditório do Centro de Comunicação e Expressão (CCE).
Após cerca de uma hora de conversa, os estudantes criticaram as decisões da reitoria, como a redução de serviços terceirizados, a possível limitação do RU apenas aos isentos e defenderam postura mais firme da reitoria na defesa da liberação dos recursos junto ao governo federal. Os estudantes ainda cogitaram possíveis manifestações para pressionar pela liberação de recursos do MEC.
Os estudantes também criticaram o projeto Future-se, que o governo federal tenta aplicar a universidades federais. Ao fim da apresentação do professor Vladimir Arthur Fey, o reitor da UFSC, Ubaldo Cesar Balthazar, se posicionou contra o Future-se. Uma assembleia com estudantes deve ocorrer na terça-feira (3) para voltar a discutir as reduções propostas pela reitoria, e também a posição da UFSC sobre o Future-se.
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