As universidades públicas de Santa Catarina ainda têm pelo menos 109 bolsas de pós-graduação bloqueadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Na quarta-feira, o Ministério da Educação (MEC) anunciou a liberação de 3.182 bolsas em todo o país. A medida desbloqueou pouco mais da metade dos 5.613 auxílios que haviam sido congelados nove dias antes, no dia 2 de setembro.

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Segundo dados da Capes, Santa Catarina havia perdido 242 bolsas com o bloqueio do início de setembro. Agora, com a liberação desta semana, recuperou 134 delas. O número corresponde a 55% dos auxílios que haviam sido congelados uma semana atrás. Até este domingo a Capes não havia informado quantas dessas bolsas foram recuperadas por instituição.

No entanto, a última liberação não é suficiente para recuperar todas as bolsas que as principais universidades do Estado perderam ao longo de 2019. Isso porque em maio e junho, a Capes já havia bloqueado outras 6.198 bolsas de pós-graduação em todo o país.

Com o saldo das bolsas que já estavam bloqueadas desde esse primeiro corte mais as que não foram recuperadas neste desbloqueio de setembro da Capes, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ainda possui 93 bolsas bloqueadas. O cálculo é da própria instituição e inclui auxílios para mestrado, doutorado e pós-doutorado. Contabiliza também uma projeção de bolsas que por enquanto não poderão ser abertas até o fim do ano – em geral, quando um aluno se forma, outra seleção é aberta para conceder bolsa a outro aluno, o que este ano não será possível fazer se essas bolsas continuarem bloqueadas.

Na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), das 24 bolsas que estavam bloqueadas, oito foram recompostas na quarta-feira. Com isso, restam 16 bloqueadas. A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) informou que segue com sete bolsas suspensas, pois nenhum dos cursos afetados na instituição se enquadra nos conceitos 5, 6 ou 7. Na soma, as três principais universidades de SC têm, portanto, 116 bolsas bloqueadas.

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UFSC afirma que cortes "têm levado à paralisação das pesquisas”

Nesta sexta-feira, a Câmara de Pós-Graduação (CPG) da UFSC divulgou nota em que cobra do governo federal uma "comunicação mais objetiva e institucional" na adoção das medidas ligadas às bolsas. O texto afirma que ainda não há certeza sobre quantas das bolsas já bloqueadas no sistema da Capes serão respostas às demais universidades federais e afirma que a UFSC foi "a universidade que teve a maior perda de cotas de bolsas no país, a despeito do rigoroso controle na gestão dos recursos".

A nota, assinada pela presidente Cristiane Derani, que também é pró-reitora de Pós-Graduação, afirma que os cortes de recursos e de bolsas "têm levado à paralisação das pesquisas, ao prejuízo à ciência e à tecnologia bem como à formação de recursos humanos qualificados no país".

"De fato, se o quadro atual de asfixia financeira na pós-graduação não for imediatamente resolvido, estará em xeque o próprio sistema nacional de educação, ciência e tecnologia do país", diz um trecho final da nota.

As bolsas desbloqueadas esta semana são as voltadas a alunos de cursos com conceito 5, 6 e 7. Para a pró-reitora, essa medida tira a condição de programas do nível 4 de continuarem um bom andamento e serem avaliados até chegar ao nível 5.

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– É como ter uma família em casa e alimentar o adulto que trabalha, mas a criança, que precisa se desenvolver, não – critica a professora.

A reposição das bolsas para os cursos de notas 3, 4 e 5 é uma das reivindicações feitas na nota da CPG. Além disso, o grupo pede a recomposição do orçamento de 2019 e de 2020 da UFSC e a revisão da exigência de novos critérios e indicadores.

Situação das bolsas de pesquisa

UFSC

Bloqueadas até esta semana: 248

Recuperadas: 155

Ainda bloqueadas: 93

Udesc

Bloqueadas até esta semana: 24

Recuperadas: 8

Ainda bloqueadas: 16

UFFS

Bloqueadas até esta semana: 7

Recuperadas: 0

Ainda bloqueadas: 7

Total de bolsas da Capes bloqueadas nas três universidades: 116