Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) afirmaram nesta segunda-feira sua “solidariedade sem reservas” com Londres no caso do ex-espião russo envenenado no Reino Unido.
Continua depois da publicidade
Os ministros, reunidos em Bruxelas, também reafirmaram em um comunicado que levam “extremamente a sério a avaliação do governo britânico de que é muito provável que a Federação Russa seja responsável”.
O presidente russo Vladimir Putin, reeleito no domingo, rejeitou qualquer responsabilidade e disse que era um disparate acusar Moscou.
Ao mesmo tempo, o porta-voz do Kremlin pediu ao governo britânico que apresente provas para sustentar a acusação.
Continua depois da publicidade
O ex-agente Serguei Skripal, 66 anos, e sua filha Yulia, 33, foram envenenados em 4 de março em Salisbury (sudoeste da Inglaterra) com uma substância tóxica que pertence à família de agentes Novitchok, desenvolvidos na Rússia.
Neste contexto, especialistas da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) devem se reunir nesta segunda-feira com investigadores do laboratório militar britânico de Porton Down, perto de Salisbury, e da polícia britânica. As autoridades devem entregar mostras da substância utilizada.
Estas mostras serão analisadas em laboratórios internacionais e os resultados serão conhecidos em menos de duas semanas, segundo as autoridades britânicas.
Continua depois da publicidade
Os governos dos Estados Unidos, Alemanha e França manifestaram apoio à análise da Grã-Bretanha no caso Skripal de que esta foi a primeira vez que um agente neurotóxico foi utilizado nas ruas da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Os países ocidentais desejam que a Rússia divulgue os detalhes do programa Novitchok.
“Que alguém possa pensar que na Rússia alguém se permitiria fazer estas coisas pouco antes da eleição e da Copa do Mundo de futebol é absurdo, um disparate”, afirmou Vladimir Putin no domingo.
“Destruímos todas as nossas armas químicas sob a supervisão de observadores internacionais”, completou, antes de afirmar que a Rússia está disposta a “participar nas investigações necessárias”.
Continua depois da publicidade
“Para isto é necessário que a outra parte também tenha interesse. No momento não vemos isto”, disse.
O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, buscou o apoio dos colegas europeus e afirmou em Bruxelas que os desmentidos da Rússia “são cada vez mais absurdos”.
No domingo ele afirmou que Londres dispõe de “provas de que a Rússia não apenas buscou desenvolver agentes neurotóxicos para assassinar nos últimos 10 anos, mas também que fez reservas de Novitchok”.
Continua depois da publicidade
Como protesto, Londres expulsou 23 diplomatas russos e interrompeu os contatos bilaterais. A Rússia respondeu com a expulsão de 23 diplomatas britânicos e ordenou o fim das atividades do British Council, a organização internacional do Reino Unido para as relações culturais e de educação.
Moscou também anunciou a suspensão do acordo para a abertura e funcionamento do consulado britânico em São Petersburgo.
A reação da UE, preparada pelos ministros, será discutida durante a reunião de cúpula de chefes de Estado e de Governo na quinta-feira e sexta-feira em Bruxelas.
Continua depois da publicidade
A hipótese de sanções existe, mas nenhum chanceler da UE se pronunciou explicitamente sobre o tema.
O bloco europeu está dividido sobre as sanções econômicas adotadas para punir a Rússia pela anexação da Crimeia em 2014. Na semana passada foram prorrogadas por mais seis meses, mas vários países da UE não desejam punições mais duras.
* AFP