A quarta rodada de negociações entre a União Europeia e o Mercosul para um tratado de livre comércio finalizou nesta sexta-feira, em Bruxelas, sem uma data precisa para intercambiar as primeiras ofertas, o que supõe uma freada na aspiração inicial de concluir o acordo em 2011.

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Ao término de cinco dias de negociações a portas fechadas, a UE e os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paragua, Uruguai) reconheceram que ainda é preciso trabalhar intensamente em todas as áreas de negociação para alcançar um acordo “exaustivo, equilibrado e ambicioso”.

A Comissão Europeia, que negocia em nome dos países da UE, e o Mercosul “continuarão preparando internamente ofertas comerciais melhoradas. Quando finalizarem este trabalho, decidirão conjuntamente uma data para seu intercâmbio simultâneo”, segundo afirma o breve comunicado emitido. As partes não quiseram fazer declarações oficiais à imprensa.

A Comissão Europeia expulsou nesta sexta-feira os jornalistas do prédio onde transcorreram as reuniões e o vice-ministro das Relações vice-ministro de Relaciones Econômicas do Paraguai, Manuel María Cáceres, cujo país exerce a presidência pro témpore do Mercosul, negou-se a responder perguntas ao fim do encontro.

Várias fontes diplomáticas próximas ao Mercosul informaram, por sua vez, que a quarta rodada, na qual foram abordados temas como as normas de origem, a aérea dos serviços ou os investimentos, permitiu alguns progressos e caráter técnico. No entanto, as fontes explicaram que o primeiro intercâmbio de ofertas não pode ter lugar como estava inicialmente previsto devido ao fato de a Comissão Europeia pedir mais tempo.

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É possível que os primeiros intercâmbios comerciais aconteçam na próxima rodada, prevista para 2 a 6 de maio em Assunção, mas, em qualquer caso, será difícil cumprir com a meta de encerrar as negociações em 2011, segundo as fontes ligadas às negociações.

O chefe negociador europeu, João Aguiar Machado, já advertiu nesta semana que é contrário a fixar um calendário de conclusão das negociações, apesar de o comissário europeu do Comércio, Karel de Gucht, se mostrar confiante na possibilidade de encerrá-las durante 2011.

Os europeus haviam decidido adiar por ora “sine die” a apresentação das primeiras ofertas comerciais, apesar de, a princípio, ter fixado esta nova rodada como momento propício para tentar encerrar as negociações durante o primeiro semestre de 2011.

Bruxelas e o Mercosul decidiram em 2010 retomar as negociações depois de uma suspensão de seis anos, apesar da recusa de alguns países europeus, encabeçados pela França, receosos de ver comprometidos seus interesses agrícolas diante de um bloco que representa seu principal competidor no setor.

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A Eurocâmara aprovou na semana passada um duro relatório que exige da Comissão que “deixe de fazer concessões que possam repercutir negativamente na agricultura comunitária” e pediu um estudo sobre “o impacto do acordo com o Mercosul”.