Temperaturas elevadas aliadas à falta de energia – provocada pelos temporais que atingiram a cidade entre sábado e segunda-feira – deixaram os joinvilenses incomodados. A insatisfação foi percebida em um protesto na terça-feira que mobilizou cerca de 300 pessoas no Iririú, na zona Leste, que ficaram sem luz por mais de 24 horas.

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Como as tempestades devem voltar a atingir o município nos próximos dias, o prefeito Udo Döhler se reuniu com a presidência da Celesc nesta quarta-feira para cobrar agilidade na resposta à comunidade. Udo solicitou que a estatal reveja os plantões das equipes que atuam em Joinville.

– A mobilização da Celesc ocorreu de maneira bastante resolutiva, embora a população tenha ficado muito intranquila porque esse reparo demorou. Mas nós estamos sujeitos a eventuais acidentes desta ordem no futuro, por isso precisamos ter segurança – avaliou o prefeito.

Para o presidente da Celesc, Cleverson Siewert, a resposta dada pela empresa foi eficiente se comparada a outros Estados que também sofreram com as ações da natureza nos últimos dias. Ele ressaltou que a distribuidora já trabalha com uma programação especial para o verão. Nesta temporada, foram contratadas 32 equipes para reforçar o atendimento dos técnicos.

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Segundo Siewert, as 24 alimentadoras de energia que caíram com a tempestade de segunda foram religadas em cerca de dez horas. Sobraram problemas pontuais ocasionados pela vegetação. Nesses casos, a demora foi maior porque dependia de reparos como a remoção de árvores caídas na rede e troca de postes.

Embora o serviço prestado pela Celesc cumpra com as norda Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Siewert se comprometeu a avaliar a situação de Joinville. A resposta deve ser apresentada em até 40 dias.

– Os indicadores da cidade são bastante bons e estão dentro do que estabelece o órgão regulador. Um estudo mais aprofundado vai fazer enxergar outras lógicas. Me comprometi a fazer um estudo para tentar entender essa situação um pouco melhor – prometeu Siewert.

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Vegetação é o maior problema, diz Celesc

Foto: Rodrigo Philipps / Agência RBS

Para evitar tantos conflitos de queda de energia após os temporais típicos do verão, o coordenador regional da Celesc, Jeferson Arantes, defende que precisa haver conscientização no plantio de árvores. Essa medida reduziria significativamente os problemas.

– O abafamento e a chuva típicos da nossa região propiciam o crescimento rápido da vegetação. Por isso, é importante que daqui para frente sejam plantadas árvores que alcancem no máximo sete metros de altura – enfatizou.

Quatro equipes contratadas pela Celesc e outras frentes da Fundema fazem a poda das árvores. Porém, a atuação não tem sido suficiente. Entre sábado e segunda-feira, a distribuidora de energia registrou mais de 1,5 mil ocorrências na região Norte. Só na segunda foram 1,2 mil. Dessas, 1,1 mil foram ocasionadas por vegetação na rede, sendo que pelo menos 10% dos casos correspondem a restos de pipa enrolados na fiação elétrica que, umedecidos, dão passagem de corrente elétrica e provocam o rompimento dos fios e a queima de transformadores.

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Em dias normais, a Celesc atua com duas equipes no período da manhã, três à tarde e duas à noite, além de três caminhões com seis técnicos no horário comercial. Um caminhão permanece de plantão durante a noite.

Em dias de temporais como os que ocorreram nesta semana, equipes de outras cidades são remanejadas para reforçar o atendimento. Na terça-feira, havia 28 equipes de plantão em Joinville.

Nesta quarta-feira, a Celesc ainda trabalhava com 18 para dar conta dos últimos reparos. São Francisco do Sul também recebeu reforço, pois 18 mil unidades consumidoras da ilha foram atingidas pelo temporal de segunda.

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Procon notificou a Celesc

O Procon de Joinville notificou a Celesc na tarde desta quarta-feira por causa da demora no atendimento emergencial. De acordo com o gerente do Procon, Kleber Fernando Degracia, o órgão fiscalizador pode autuar a distribuidora pelo mau serviço prestado. A Celesc tem até cinco dias para responder à notificação.

– Houve demora para resolver os problemas. Queremos saber se houve diminuição das equipes técnicas – destacou.

Os consumidores que tiveram prejuízos podem procurar o Procon pela central de atendimento ou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Caso o consumidor não se dê por satisfeito, também pode apelar para as esferas judiciais por meio do Juizado Especial ou Vara Cível.

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Segundo o gerente regional da Celesc, Jeferson Arantes, uma resolução da Aneel defende que a distribuidora não é responsabilizada quando os danos são provocados por ações da natureza.