“A guerra começou”. Foi com essa notícia que a ucraniana Yulia Taranushenko, 29, foi acordada pelo seu namorado na manhã desta quinta-feira (24). A empresária ucraniana relatou os momentos de terror e incerteza que sua família, que vive na Ucrânia enfrenta, e como está a situação no país.
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Yulia é empresária e mora em Kiev, capital do país, mas atualmente está na Turquia a trabalho. Ela conta que acordou com uma ligação de seu namorado logo após os bombardeios começarem, às 5h na Ucrânia (meia-noite no horário local de Brasília).
— Ele ligou e falou: “A guerra começou”. Eu fiquei em choque e perguntei de novo: “O que?”. Ele repetiu: “A guerra começou”. Então liguei para os meus pais e eles disseram que isso era falso, mas quando eles ligaram a TV perceberam que era verdade — relata.
Anatoliy, 52, e Anna Taranushenko, 50, moram atualmente em Chernobay, uma das cidades que ficou imune aos ataques durante a madrugada (veja indicação no mapa abaixo). Yulia conta que assim que eles souberam o que estava acontecendo no restante da Ucrânia prepararam um abrigo improvisado na casa deles, em um ambiente no subsolo onde costumam guardar alimentos.
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Outros familiares de Yulia, que moram em Vasilkov, cidade próxima a Kiev que foi bombardeada. Eles relataram que ouviram os ataques e as janelas de casa tremeram. Imediatamente correram para abrigos anti-bomba que existem na cidade.
— Eu senti uma dor no coração. Não consigo comer, não consigo nem falar sobre isso. Imagine, em um dia você está vivendo sua vida normalmente, trabalhando, saindo com os amigos, e no outro, você acorda e os prédios estão explodindo ao seu redor. Estou muito preocupada com meus pais que estão lá. Agora nem consigo mais falar com eles, porque estão sem conexão de celular — descreve Yulia.


Ucrânia declara lei marcial
Após os ataques dos russos, o presidente da Ucrânia declarou a Lei Marcial no país, que substitui autoridades e leis de uma nação por leis militares. Os homens acima de 18 anos foram convocados pelo exército, voos foram cancelados e conexões de celulares interrompidas. Yulia diz que o país realmente vive uma situação de guerra e ela não tem como voltar para casa agora.
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A ucraniana ainda explica que, pela sua experiência, a relação entre russos e ucranianos sempre foi pacífica e todos estão em choque com a situação.
— Ninguém queria guerra. Na Ucrânia moram pessoas diferentes — ucranianos, russos, poloneses, etc — e todas as pessoas antes desta situação tinham vidas simples e normais. Eu vi relatos na internet que russos na Ucrânia sofrem preconceito, porque falam russo e amam a Rússia. Mas isso é falso. Ucranianos são as pessoas mais amigáveis e pacíficas no mundo — desabafa.
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Conflito entre Rússia e Ucrânia
O conflito entre Rússia e Ucrânia recupera disputas ocorridas em 2014, quando o território da Crimeia, península ucraniana, foi incorporado à Rússia, sob o pretexto de que estava defendendo seus interesses e os dos cidadãos de língua russa.
Há muito tempo que a Rússia resiste aos movimentos da Ucrânia de aproximação com instituições europeias, tanto a Otan como a União Europeia. A principal demanda de Moscou agora é para que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se tornará membro da Otan, uma aliança militar que reúne 30 países.
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Após o presidente russo, Vladimir Putin, reconhecer independência das regiões separatistas da Ucrânia, Donetsk e Luhansk, o conflito se intensificou, já que a Rússia colocou sua tropas militares dentro do territótio ucraniano. Depois de várias ameaças, na manhã desta quinta-feira (24), a Rússia começou a bombardear a Ucrânia.
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