No sexto dia consecutivo de protestos na Turquia, a polícia prendeu 25 pessoas por incitarem pelo Twitter a participação em protestos. Nesta quarta-feira, milhares de pessoas foram as ruas pedindo a renúncia do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.
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Segundo a agência estatal de notícias Anatolia, 25 pessoas foram detidas em Izmir por difundirem “informações mentirosas e difamatórias” no microblog. Ali Engin, membro local do principal partido de oposição, o Partido Republicano do Povo (CHP), declarou que os suspeitos foram presos por terem “convocado as pessoas a protestar”.No domingo, Erdogan criticou publicamente o Twitter e as redes sociais, chamando-os de “criadores de problemas.
Dois sindicatos convocaram manifestantes nesta quarta-feira. Após uma nova madrugada de violência, a Confederação dos Sindicatos do Setor Público (KESK) e a Confederação Sindical dos Trabalhadores Revolucionários (DISK), dois movimentos de esquerda, anunciaram marchas de protesto e greves nas maiores cidades do país.
Em Istambul, os manifestantes se reuniram durante a tarde na Praça Taksim, coração dos protestos que agitam a Turquia, gritando “Taksim, resiste, os trabalhadores chegam” e “Tayyip, os saqueadores estão aqui!”.
O mesmo ocorreu na capital Ancara, onde pelo menos 10 mil manifestantes, alguns com emblemas com a imagem do fundador da Turquia moderna, Mustafa Kemal Atatürk, também marcharam em meio a uma nuvem de bandeiras turcas.
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Na espera do retorno na quinta-feira à Turquia do chefe de Governo, em visita oficial ao norte da África, os manifestantes continuam determinados a mostrar sua força, apesar do pedido de desculpas apresentado pelo vice-primeiro-ministro Bülent Arinç às vítimas da violência policial dos último dias.
– Antes, as pessoas temiam expressar seus medos publicamente. Mesmo os tweets eram um problema. Agora, eles não têm mais medo – declarou, em meio à multidão de manifestantes, Tansu Tahincioglu, que dirige uma empresa na internet.
Após uma reunião com Arinç em Ancara, os representantes dos manifestantes turcos exigiram do governo que o governo demita os chefes de polícia de várias cidades do país, incluindo Istambul e Ancara, pelo uso excessivo da força.
Por meio de um porta-voz, o arquiteto Eyüp Muncu, eles também exigiram a libertação das pessoas detidas, o abandono do projeto de destruição da praça Taksim e do parque Gesi, o fim do uso de gás lacrimogêneo e respeito à liberdade de expressão no país.
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Como nas noites anteriores, confrontos foram registrados em Istambul e Ancara durante a madrugada. As forças de segurança utilizaram bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água para dispersar centenas de manifestantes que tentavam se aproximar do gabinete do primeiro-ministro.
Nas duas cidades, os manifestantes permaneceram distantes da polícia, respeitando os apelos feitos nas redes sociais. Apenas os mais exaltados entraram em confrontos com as forças oficiais.
– Os manifestante da noite foram organizados por grupos radicais. Nós preferimos manter distancia – explicou à AFP Gamze Güven, uma dentista de Ancara, “foram os mais jovens que atacaram a polícia”.
Também ocorreram distúrbios na cidade de Hatay, no sudeste do país e próxima à fronteira com a Síria, onde na segunda-feira um jovem militante de 22 anos morreu no hospital após se ferir nos protestos.
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Os manifestantes acusam Erdogan de uma guinada autoritária e de querer “islamizar” a Turquia laica.
– Não temos o direito ou o luxo de ignorar o povo, as democracias não podem existir sem oposição – ressaltou o vice-primeiro-ministro, antes de afirmar que o governo aprendeu com os eventos.
Além das duas mortes confirmadas no domingo e na segunda-feira, a violência deixou mais de 1,5 mil feridos em Istambul e ao menos 700 em Ancara, segundo as organizações de defesa dos direitos humanos e os sindicatos médicos.