A Turquia pediu nesta quarta-feira que a Rússia e o Irã assumam suas responsabilidades, interrompendo a ofensiva do regime sírio contra uma província rebelde, sinal da tensão crescente antes de novas negociações de paz.

Continua depois da publicidade

“O Irã e a Rússia devem assumir as suas responsabilidades na Síria”, pedindo que Damasco encerre sua ofensiva na província rebelde de Idleb (noroeste), declarou o chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu.

A Turquia, que colabora estreitamente com a Rússia há vários meses na questão da Síria, vem aumentando a pressão nos últimos dias sobre Moscou e em Teerã, a medida que as forças do regime de Damasco intensificaram seus bombardeios em Idleb.

Desde 25 de dezembro, o regime sírio conduz uma ofensiva para recuperar a província de Idleb, a única que lhe escapa inteiramente e que é controlada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham, dominado pela ex-facção síria da Al-Qaeda.

Continua depois da publicidade

“Se vocês são os padrinhos, o que é o caso, têm que parar o regime. Não se trata de um simples ataque aéreo, o regime tem outras intenções e está avançando em Idleb”, lançou Cavusoglu a Moscou e Teerã.

As autoridades turcas convocaram na terça-feira à noite os embaixadores da Rússia e do Irã em Ancara para comunicar seu constrangimento ante o que considera uma ofensiva contra rebeldes islâmicos sob a luta contra o terrorismo.

O presidente russo, Vladimir Putin, espera unir todos os lados em conflito nos dias 29 e 30 de janeiro em Sochi para encontrar uma saída para o conflito que já custou mais de 340 mil vidas desde 2011.

Continua depois da publicidade

Além disso, segundo a oposição síria, uma nova rodada de discussões patrocinadas pela ONU deve acontecer em Genebra a partir de 21 de janeiro.

Após uma séria crise diplomática causada pela destruição em novembro de 2015 de um bombardeiro russo pela aviação turca, Ancara e Moscou se reaproximaram.

Mas há desentendimentos profundos entre a Turquia, que apoia os rebeldes, e a Rússia, que patrocina, juntamente com o Irã, o regime sírio, principalmente sobre o destino de Bashar al-Assad.

Continua depois da publicidade

Ancara também recusa a participação dos grupos curdos sírios PYD e YPG na reunião programada em Sochi, uma posição reiterada nesta quarta-feira por Cavusoglu.

“Intensos contatos estão em andamento” para preparar a reunião de Sochi, indicou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

“A Rússia terá dificuldades em propor uma solução política. Sochi já fracassou duas vezes, e há uma falta de clareza sobre os participantes”, observa um diplomata europeu, que se diz “cético” sobre as chances de sucesso desta reunião.

Continua depois da publicidade

A situação em Idleb é acompanhada de perto pela Turquia, que desdobrou tropas nesta província para criar postos de observação como parte da criação das “zonas de distensão” negociadas por Moscou, Ancara e Teerã.

A Turquia também teme o afluxo de refugiados para seu território se a ofensiva do regime sírio aumentar.

Além disso, a Rússia expressou seu aborrecimento após um ataque às bases russas na Síria com drones lançados, segundo Moscou, da província de Idleb.

Continua depois da publicidade

Citado pelo jornal Krasnaya Zvezda nesta quarta-feira, o ministério da Defesa russo disse que pediu aos chefes de Estado-Maior e de Inteligência turcos que “impeçam os ataques de drone como os ocorridos”.

Se a ofensiva de Damasco continuar, Erdogan não hesitará, “se necessário”, em telefonar a Putin para pedir-lhe para intervir, assegurou o chefe da diplomacia turca.

* AFP