A Turquia convocou nesta segunda-feira pela terceira vez em três dias o encarregado de negócios holandês para protestar contra o “tratamento dado aos ministros e cidadãos turcos na Holanda”, depois da anulação de atos de apoio ao presidente turco Recep Tayyip Erdogan.
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Desde sábado, os dirigentes turcos criticam as autoridades holandesas. Na véspera, Erdogan prometeu que elas “pagarão um preço alto” pelo tratamento dado a dois ministros turcos, que, segundo ele, recordam “o nazismo e o fascismo”.
Neste contexto de extrema tensão, a Holanda pediu nesta segunda-feira a seus cidadãos na Holanda que fiquem “vigilantes” e evitem “as concentrações e locais muito lotados”.
Durante o fim de semana, houve várias manifestações diante das representações diplomáticas holandesas em Istambul e Ancara.
A Holanda expulsou no sábado a ministra turca da Família, Fatma Betul Sayan Kaya, e negou a autorizar uma visita do chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu.
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Os dois diplomatas turcos iriam participar de comícios para promover entre os turcos nesse país o ‘sim’ no referendo constitucional previsto para 16 de abril na Turquia que visa a reforçar os poderes de Erdogan.
A presença de políticos turcos nesses comícios deu lugar nas últimas semanas a confrontações entre Ancara e várias capitais europeias, o que não aconteceu em período eleitorais anteriores.
No domingo, diante de milhares de seguidores em Kocaeli, norte do país, Erdogan afirmou em um discurso que as reações europeias refletiam uma espécie de “islamofobia”.
– Conquistar sua base nacionalista –
“Erdogan busca inimigos estrangeiros imaginários para conquistar sua base nacionalista às vésperas do referendo. É simples assim e os holandeses caíram na armadilha, invés de ignorar o referendo a favor de Erdogan”, afirmou à AFP Soner Cagaptay, analista especialista em Turquia do Washington Institute.
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O primeiro-ministro holandês Mark Rutte disse no domingo que deseja uma diminuição das tensões.
Nesta segunda, o ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag, lançou uma nova advertência. “Não permitiremos que ninguém atente cntra a honra da nação e do Estado turco”, declarou.
“Vamos assistir à queda da Europa. A Europa está doente, ao contrário da Turquia”, disse, por sua vez, o vice-premiê turco Nurettin Canikli.
A União Europeia, por sua vez, pediu nesta segunda à Turquia que se evite uma intensificação das crises diplomáticas com a Alemanha e a Holanda.
“A UE pede à Turquia que evite declarações excessivas e ações que corram o risco de agravar ainda mais a situação”, indicaram em um comunicado conjunto a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o comissário europeu das Negociações de Ampliação, Johannes Hahn.
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O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também pediu aos países da Aliança Atlântica que “contribuam para uma desescalada das tensões” diplomáticas entre a Turquia e alguns países europeus.
“Eu incentivaria a todos os aliados a mostrar um respeito mútuo, a manter a calma e ter um enforque comedido para contribuir para uma desescalada das tensões”, declarou Stoltenberg à imprensa.
Esta crise acontece antes das eleições legislativas previstas para quarta-feira na Holanda, onde o partido do deputado anti-Islã Geert Wilders se situa em segundo lugar, de acordo com as últimas pesquisas.
O chefe da diplomacia turca pôde, no entanto, participar em uma comício no domingo no leste da França, Metz. Erdogan agradeceu às autoridades francesas por autorizar a visita.
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Já o primeiro-ministro dinamarquês Lars Lokke Rasmussen sugeriu no domingo que seu colega turco Binali Yildirim adie uma visita à Dinamarca prevista para o final de março por causa das tensões com a Holanda.
Na Alemanha, onde várias cidades cancelaram comício a favor de Erdogan nas últimas semanas, o ministro do Interior Thomas de Maizières disse opor-se à visita de ministros para essas concentrações.
“Uma campanha eleitoral turca não tem nada a ver aqui, na Alemanha”, declarou em entrevista a um canal de TV.
* AFP