Para definir sucesso existem pelo menos cem diferentes formas: fama, dinheiro, metas cumpridas. A bailarina, cantora e compositora Tatiana Cobbett propõe uma subversão da palavra ao questionar seu conceito e dar a ela novo sentido. Para um público ainda condicionado a nomes “de sucesso e que vendem milhões”, ela e uma legião de artistas independentes oferecem a arte como uma ação coletiva e colaborativa. Arte de sucesso e com fartura. É o Musicasa, projeto no qual literalmente abre as portas de sua casa em Florianópolis e a transforma num local de intercâmbio musical e artístico e de saraus entre músicos da cidade e do resto do país.

Continua depois da publicidade

LEIA TAMBÉM

Espetáculo Nise da Silve em cartaz no Pedro Ivo

Guia cultural da Grande Florianópolis

Continua depois da publicidade

O Musicasa nasceu da prática e está ligado ao trabalho com o músico Marcoliva, com quem Tatiana forma um duo. Há cinco anos vem ocorrendo sem tanto planejamento, mas com profundo engajamento.

– Ofereço minha casa para desenvolvermos o ideal de parceria e coletividade, de debate sobre música e criação – diz.

O formato e a periodicidade não são definidos, num mês podem ocorrer até três Musicasas. Geralmente são saraus na sala de casa, em que músicos de outras cidades ou países apresentam trabalhos e trocam conhecimentos musicais com artistas da terra.

Continua depois da publicidade

VOCÊ QUERENDO O SUL E EU QUERENDO O NORTE

Em outros casos o Musicasa vai para a rua. Desde o dia 23, músicos do Rio Grande do Norte estão na Ilha para uma breve turnê pela cidade, que termina hoje com show na Casa de Noca, na Lagoa da Conceição. A cantora Khrystal e os instrumentistas Ronaldo Freire (flauta), Sami Tarik (percussão) e Zé Fontes (baixo), integrantes do Grupo Saturnino de música instrumental, montaram o Projeto Qu4tro, exclusivamente para circular por Florianópolis.

– Aqui temos a oportunidade de tocar todos os dias, e se não estamos tocando, pelo menos conversamos sobre tocar. A interação musical é fantástica – avalia Freire.

Tem ainda o que Tatiana Cobbett chama de “Música Súbita“, que são as criações coletivas e de improviso. O catarinense Leandro Fortes, por exemplo, e o percussionista potiguar Sami Tarik fizeram uma música juntos, por Skype, já no repertório dos visitantes.

Continua depois da publicidade

A música de Khrystal:

– Essa liga musical ocorre naturalmente. Percebemos as escolhas diferentes dos músicos do Sul e do Nordeste e nos influenciamos com essa troca – diz Zé Fontes, que nasceu em Blumenau e mora no Rio Grande do Norte há 20 anos.

No final das contas é tudo é Brasil, e é um mundo só. E assim como artistas de fora têm aqui um CEP e parceiros, músicos de Santa Catarina também têm abrigo quando vão para fora – Tatiana Cobbet & Marcoliva, o Trama Trio e outros músicos já tocaram pelas bandas do Nordeste e outros estados sob a aba do chapéu de companheiros de caminhada.

O Musicasa é independente e não recebe nenhum tipo de financiamento.

– Pretendo que o projeto se mantenha assim. Todo e qualquer dinheiro que venha, é para aparelhamento. O sucesso é a fartura, não é a miséria – diz Tatiana.

Continua depois da publicidade

Ela acredita que um artista se fortalece quando pensa o quê e sobre o que está fazendo e essa é a proposta do Musicasa. O público, em contrapartida, percebe a qualidade, a novidade e o frescor da produção musical brasileira.

Agende-se

O quê: Projeto Qu4tro – Musicasa Potiguá, com Khrystal e Grupo Saturnino (RN)

Quando: hoje, a partir das 23h

Onde: Casa de Noca (Av. das Rendeiras, 1.176, Lagoa da Conceição, Florianópolis)

Quanto: R$ 15 (até a meia-noite) e R$ 20

Informações: (48) 3238-5310