Desde o fim de abril, 25 alunos do 2º ano do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina não sabem mais o que é a rotina de ir para a escola de segunda à sexta. A professora da turma se afastou por problemas de saúde, e desde então não foi colocado um substituto, deixando as crianças sem receber o ensino regular.
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Pais de alunos contam que foram informados por meio de bilhetes nas agendas dos filhos que a aulas seriam improvisadas com medidas paliativas, com outros professores cumprindo parte da carga e o resto preenchido com aulas de artes, libras e educação física.
A funcionária pública Carolina Machado, mãe de uma aluna, conta que o período de afastamento deveria se encerrar no dia 1° de junho, mas para a surpresa de todos um novo bilhete chegou, avisando que a professora iria se afastar por mais 60 dias, e as aulas seriam somente nas segundas e quartas até a contratação de um novo professor.
— Enquanto isso, as crianças seguem sem o planejamento pedagógico previsto no início do ano. O primeiro semestre já foi totalmente prejudicado. Minha filha pede para vir pra escola. Neste sábado vai ter uma festa da cultura e a turma dela não vai ter nenhum projeto e apresentação, pois sem professor não conseguiram preparar nada — lamenta.
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O supervisor de vendas Bruno Macri tem dois filhos no colégio e um problema duplo. O menino está no 2º ano, na turma sem professor, e a outra que filha, que está na 4º ano, também está sem a grade de aulas completas:
— Na segunda minha filha não tem as duas últimas aulas faz um tempo, e às vezes na terça não tem aula. A gente faz o que pode para se virar com eles em casa, mas claro que não consegue seguir o cronograma da escola. Nessa idade eles sentem falta de uma professora de referência — explica.
Em busca de solução
Os pais procuraram a direção da escola para buscar uma solução para o problema, mas a única reposta que tiveram era que, por lei federal, a escola só poderia contratar um substituto em caso de afastamento superior a 60 dias. O representante da Associação de Pais e Professores, Gilberto Sebrão Junior, diz que além dos alunos ficarem sem aulas, os professores também sofrem as consequências:
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— Pra gente não interessa a burocracia, o que queremos é uma solução. Precisa ter a contratação de um substituto urgente, pois o outros professores também ficam sobrecarregados. Este problema vem acontecendo há anos — explicou.
Os pais se mobilizaram e estão fazendo um abaixo-assinado pedindo urgência na reposição, além de terem feito denúncia no Ministério Público Federal e na ouvidoria da UFSC.
Processo seletivo está em andamento
A diretora Josalba Ramalho Vieira, explica que a escola precisa seguir a legislação federal para contratação de professores substitutos, o que só pode ocorrer quando o afastamento for superior a 61 dias:
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— Infelizmente a professora está com o problema de saúde e passou por toda uma junta médica do Hospital Universitário. No primeiro mês conseguimos reorganizar para que outros professores atendessem a turma, mas agora só estamos conseguindo nas segundas e quartas — disse.
De acordo com Josalba, todos os superiores foram informados do problema e na semana passada ela esteve em Brasília no Ministério da Educação para tratar disso, porém precisa ser feita uma mudança na legislação federal:
— Eu me somo à voz das famílias e tento administrar o situação, no entanto fico amarrada pela lei. A boa notícia é que estamos com um processo seletivo em andamento, já temos candidatos aprovados, agora é uma questão da burocracia para que a contratação seja feita. Acredito que em mais uma semana e meia já teremos a professora — finalizou.
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