Uma argentina de 32 anos virou alvo da Polícia Civil de Santa Catarina após uma série de ataques racistas cometidos contra funcionários da TPA, em Bombinhas, no Litoral Norte do Estado. Segundo a investigação, a mulher teria praticado o crime em ao menos três ocasiões diferentes. Flagrantes feitos em gravações das próprias vítimas mostram a turista chamando as pessoas de “negros de merda” e “macacos”. Ela foi indiciada pelo crime de racismo por questões étnicas, cuja pena varia de um a três anos de prisão, e o caso já foi encaminhado ao Ministério Público.

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Conforme a investigação, tudo teria começado no fim de novembro durante uma discussão entre ocupantes de um carro em que a argentina estava e funcionários do pedágio ambiental. Os estrangeiros teriam se recusado a parar o veículo na entrada da cidade, sob a alegação de serem isentos do pagamento por terem imóvel na cidade. Segundo as regras vigentes em Bombinhas, porém, todos os carros com placas de fora devem ser parados para comprovar a isenção, o que os turistas argentinos teriam se recusado a fazer, ainda de acordo com a Polícia Civil. Foi nesse momento que o crime teria sido cometido.

Em um dos vídeos obtidos pelos investigadores, a mulher aparece discutindo com funcionários da TPA, no momento em que se aproxima de uma das cabines com o celular em mãos e chama uma das vítimas de “macaco de merda”. Outra gravação revela o momento em que o carro onde a mulher estava deixa o local e ela grita a frase “morram todos, negros de merda”. Um terceiro vídeo expõe o namorado da mulher tentando contê-la dentro do carro. Ele chega a pedir à mulher que se acalme e diz que eles “não estão na Argentina”. Segundos depois, a agressora repete a frase “negros de merda”.

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O delegado responsável pelo caso, Renan Balbino Silva Araujo, conta que na gravação do interrogatório a mulher ficou em silêncio ao ser questionada sobre o racismo. Familiares ainda teriam relatado à Polícia Civil que “não sabiam” que os xingamentos proferidos pela mulher eram considerados crimes no Brasil. O investigador ainda representou por uma medida cautelar para que a mulher não possa sair da comarca de Porto Belo e nem possa se aproximar dos funcionários da TPA, o que ainda depende de um aval da Justiça. O inquérito foi finalizado nesta semana e enviado ao MPSC.

A argentina foi identificada pela reportagem como Ivanna Geraldina D’Amario, de 32 anos. O NSC Total tentou contato por telefone e também pelas redes sociais com a mulher, porém não obteve retorno até a publicação deste texto. 

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