Ana Maria e Mailson formam um casal aventureiro. Juntos, costumam colocar o pé na estrada para conhecer novos lugares, percorrer trilhas e caminhadas. Há oito meses, ganharam a companhia de Aslan, um empolgado filhote de Golden Retriever. O cão virou parceiro dos passeios da dupla, sempre em contato com a natureza.

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Serra Catarinense aposta em turismo de inverno além do frio, com aventura, natureza e vinhos

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Ana Maria Rehm, 28 anos, e Mailson Correa, 33, trabalham com tecnologia da informação em Florianópolis. Com a onda de frio do último fim de semana, arrumaram mochila, casacos, potinho de água de Aslan e cruzaram a BR-282 para comemorar o aniversário de Ana Maria na Serra Catarinense. Eles já conheciam a região, mas voltaram para visitar o Cânion Espraiado e conhecer o visual do Morro do Campestre, em Urubici, depois de saber da atração por vídeos no YouTube.

– A Serra tem esse clima frio, o contato com a natureza. As paisagens, o relevo, é diferente. Somos um casal que viaja bastante, já moramos fora, e essa região não deixa a desejar, tem muitas opções – conta Ana Maria.

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Há cerca de dois anos, Arildo Luiz Oderdenge pavimentou a subida, construiu uma estrutura de apoio e começou a explorar turisticamente o Morro do Campestre. O local, privado, tem se tornado uma espécie de “nova pedra furada”, em alusão ao ponto mais famoso da cidade, e chega a ter filas para fazer fotos no vão da pedra que fica no topo do morro. Um restaurante inaugurado há oito meses complementa as opções para quem passeia. Em um fim de semana de frio e movimento, 2 mil pessoas chegam a passar pelo local.

Mailson, Ana Maria e Aslan voltaram a pontos turísticos da Serra Catarinense no último fim de semana
Mailson, Ana Maria e Aslan voltaram a pontos turísticos da Serra Catarinense no último fim de semana (Foto: Tiago Ghizoni, Diário Catarinense)

Expansão passa por investimentos privados

O plano que orienta o desenvolvimento do turismo da Serra prevê um pacote de R$ 356 milhões de investimentos em um período de 10 anos que poderiam dar uma nova condição ao setor na região. O maior valor (R$ 232,5 milhões) é calculado para obras de infraestrutura, como pavimentação de rodovias e acessos, mas há valores calculados também para implantação de rotas de ciclismo, revitalização de pontos turísticos e sinalização.

Mas além desses investimentos públicos, a região também identifica a necessidade de projetos da iniciativa privada para ampliar a oferta de serviços aos visitantes da região.

O caso do Morro do Campestre é um dos exemplos que a região almeja repetir, em que investimentos privados ampliam a oferta de atrações e serviços para atrair pessoas à Serra. Caso semelhante é projetado na Serra do Corvo Branco, onde um parque com passarela de vidro é projetado para aproveitar ainda mais os potenciais da natureza local.

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O plano de desenvolvimento do turismo local destaca a existência de 227 meios de hospedagem, responsáveis por 8,2 mil leitos na região. Desse número, 62% dos empreendimentos são pousadas. Além disso, os 18 municípios da região têm 240 estabelecimentos de alimentação – sendo 129 deles restaurantes.

No entanto, a região ainda reconhece ter necessidade de novos empreendimentos na área de serviços para atender os turistas. Projetos como a rua coberta de Urupema surgem como tentativa de atrair justamente mais estabelecimentos desses setores de atendimento ao turismo. Embora a região possua pousadas que ofereçam conforto e opções de lazer, a carência de estabelecimentos de alta gastronomia, por exemplo, é um dos pontos citados no plano de turismo da região.

Alto do Morro das Torres, em Urupema, atrai visitantes em busca de cenas de neve e geadas
Alto do Morro das Torres, em Urupema, atrai visitantes em busca de cenas de neve e geadas (Foto: Tiago Ghizoni, Diário Catarinense)

A turismóloga da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), Ana Vieira, que é importante que eventuais investidores e gestores municipais definam em conjunto quais os gargalos e estabelecimentos mais necessários para a consolidação das cidades como destino turístico.

– Para poder dar um ambiente de mercado favorável à negociação turística, precisamos de estabelecimentos formais de hotelaria, de médio porte, que consigam ter bloqueios e reservas de hospedagem para operadoras. Isso é muito importante para se estabelecer. O perfil de Urubici e de Bom Jardim da Serra são pequenas propriedades, mas Lages e São Joaquim, em contrapartida, já têm hotéis mais amplos, o que dá essa garantia de negociação para as operadoras – detalha Ana

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Sinalização em pontos turísticos e circulação de visitantes

Outro ponto que a região está atenta é à sinalização das cidades e locais de visitação. O plano de desenvolvimento turístico identificou que apenas 36% dos pontos turísticos estavam sinalizados, e elencou 50 atrações como prioritários para receber melhorias nas indicações e placas para visitantes. No principal cartão-postal de Urubici, o Morro da Igreja, onde fica a famosa pedra furada, a necessidade de autorização prévia para visitar o local ainda pega de surpresa muitos visitantes que decidem pelo passeio de última hora.

A sinalização é parte de uma visão mais integrada do turismo na região. Se no passado havia certo bairrismo para disputar qual cidade é a mais fria, hoje a ideia é que os municípios tentem construir uma concepção de turismo regional em que a estrela seja a Serra Catarinense.

– Esse ponto da sinalização é importante para que o turista possa ampliar a circulação da região que ele escolheu para visitar. Quando chove, por exemplo, Urubici quase não tem atrações para atividades que não sejam externas, mas São Joaquim tem, que são as vinícolas. Essa ampliação da circulação precisa ser feita para que o turista possa permanecer por mais tempo aqui – detalha a turismóloga da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), Ana Vieira.

Entre os empresários do turismo da Serra Catarinense, é comum ouvir paralelos com a Serra Gaúcha – ora apontando diferenças de investimento e estrutura para cobrar mais atenção do poder público, ora abordando semelhanças entre os potenciais das duas regiões.

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Os exemplos de Gramado e Canela pairam em torno da região como uma espécie de “irmã mais velha”, que inspira sobre onde sequer chegar. A condição de destino que atinge o brilho máximo no frio, mas que não depende apenas dele para oferecer roteiros de natureza e lazer, parece ser um horizonte cada vez mais em comum entre as duas serras

Morro do Campestre, em Urubici, atrai turistas pela paisagem do local
Morro do Campestre, em Urubici, atrai turistas pela paisagem do local (Foto: Tiago Ghizoni, Diário Catarinense)

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