O Jornal A Notícia mostrou em reportagem neste sábado que o turismo rural está em expansão em Joinville e, hoje, cerca de 1,5 mil pessoas estão ligadas ao segmento no interior do município. Neste domingo (3), trazemos um pouco da história de uma das pioneiras em investir no turismo rural em Joinville: a família Kersten. Desde a década de 1990, Ango, o patriarca, abre sua propriedade de cerca de 160 mil metros quadrados para visitação.
Continua depois da publicidade
Ao lado da esposa Ivanir, o anfitrião mantém o local instalado na Estrada Bonita aberto para visitação desde 1992, sendo que três anos mais tarde já recebia excursões de escolas e faculdades. De lá para cá as duas filhas do casal também se profissionalizaram para ajudar nos negócios.
Agora, o sítio recebe também grupos de adultos e idosos, atraídos pelos produtos coloniais feitos no local e têm a possibilidade de conhecer animais exóticos, um museu rural, ou apreciar um bom café.
— Quando criamos o museu e abrimos a propriedade para visitação a ideia era transmitir um pouco de história e da cultura dos antepassados às crianças das escolas que nos visitavam. Mas o que acabou surpreendendo é, que, principalmente as pessoas da 3ª idade que conhecem este espaço se emocionam, choram, porque viveram isso tudo e resgatam um pouco das suas próprias histórias — relata Ango.
O acervo do museu é composto por cerca de 870 peças, desde itens simples como discos de vinil e fitas cassete a até máquinas de escrever, ferramentarias e uma colheitadeira datada de 1895. Fotos antigas das primeiras excursões e da própria família, que está na sexta geração, também são compartilhadas. “A tecnologia evolui muito rápido, então reúno aqui coisas que já não existem e que nem são tão antigas assim, mas que para a maioria das pessoas traz um pouco de cultura”, considera.
Continua depois da publicidade
O ambiente é aberto diariamente das 7h30 às 18 horas ao custo de R$ 15 (consumo mínimo) e oferece ainda passeios de trator (R$ 15 a parte) – que passa sobre as águas do Rio Pirabeiraba – além de comércio de artesanatos e iguarias do interior, como caldo e melado de cana, geléias e mel, cucas, pães e bolachas. O melado, inclusive é feito uma ou duas vezes na semana dentro de um “tacho”, levando 360 litros de cana-de-açúcar, colhida diretamente no terreno e que dá origem a 55 litros de melado por receita.
Permanência do campo
A tradição familiar fez com que Juliana Kersten, de 29 anos, decidisse ficar nas terras da família depois de adulta, assim como a irmã Joyce, que também trabalha na propriedade. Juliana começou a ajudar ainda pequena, aos 13 anos de idade, como guia de excursões e aprendeu com a mãe a fazer cucas, bolachas e pães para venda. Ela participou do curso de especialização da Epagri e como resultado, criou a pouco mais de um ano o seu próprio negócio.
Em um empreendimento anexo ao sítio dos pais, Juliana mantém a Alles Blau – Cuca e Café, na qual vende produtos caseiros aos fins de semana e feriados a partir das 10 horas, e também funciona como café colonial, das 15h às 19h.
— Quando a gente gosta do que faz, se espelha nos seus pais, investe no turismo e vê que está dando certo, talvez até pensa, mas não concretiza a saída do campo. Então por esse histórico familiar e de fazer o que eu gosto, acho que não teria oportunidade melhor do que estar investindo com a sua família e para a sua família — considera Juliana.
Continua depois da publicidade
Eco turismo e eventos ganha força
Vanessa Venzke Falk, presidente do Joinville Convention Bureau, avalia que a utilização de espaços rurais voltados ao turismo e para a realização de eventos também está crescendo como um todo em Joinville. Isto considerando que o turismo rural é uma tendência a nível nacional.
— As pessoas estão buscando mais essa aproximação com a natureza e em Joinville esse movimento não é diferente. Hoje já temos diversas propriedades rurais abertas e voltadas a este mercado, mas ainda pouco conhecidas, então temos um potencial ainda muito maior a ser explorado — reforça.
— Quando vamos em busca de captar eventos, as opções rurais também são lembradas como um atrativo a parte à escolha da cidade para sediá-los — completa.
Em uma propriedade distante cerca de 20 quilômetros do Centro, está outro exemplo das potencialidades do turismo rural joinvilense, tanto em sediar eventos quanto em promover diversão para a família toda. Com 190 mil metros quadrados, o Parque Ecológico Caminho das Águas, na Estrada Piraí, reúne centenas de pessoas aos sábados, domingos e feriados em torno de três piscinas naturais abastecidas com a água de um afluente do rio.
Continua depois da publicidade
O espaço, ao custo de R$ 15 a entrada, conta ainda com 39 quiosques para churrasco e área de camping (a locar), além de trilhas em meio a mata nativa e lanchonete.
Conforme um dos donos das terras, Rogério Tamazia, o local foi viabilizado na década de 1990 depois que seu pai comprou o terreno, que antes servia para extração de britas e o revitalizou. Com a ajuda de um sistema de captação, a água percorre galerias até chegar às três piscinas do espaço, duas delas com até 1,70 metro de profundidade e a outra com 2,10 metros. Depois do uso, semanalmente a água é escoada novamente para seguir o curso do rio e é renovada para uso dos banhistas na semana seguinte.
— É um negócio que demandou bastante investimento, mas que deu certo. Além de complementar a renda da família, eu particularmente adoro a natureza. Sou apaixonado por isso tudo, então o legal de ter esse tipo de negócio é que o reconhecimento (dos visitantes) é imediato — aponta Rogério.
Hoje o Caminho das Águas já disponibiliza o espaço para aniversários e confraternizações empresariais, mas na área comum aos demais visitantes. No futuro, a intenção da família é ampliar os negócios. Dentre as intenções está a construção de chalés e a implantação de uma área própria para festas.
Continua depois da publicidade