A cena foi a mesma que a registrada há quase dois meses após a fuga de 28 detentos do Presídio Regional de Blumenau: barro espalhado pelas celas, um túnel e um buraco no pátio. E o pior: a montanha de terra passou novamente despercebida. A tentativa de fuga frustrada de presos da Galeria B-1, impedida pela ação dos vigilantes, é mais um indício de que apesar do reforço na segurança depois da fuga em massa, os problemas são os mesmos.
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A Corregedoria da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania esteve na unidade durante a tarde e colheu depoimento dos funcionários e detentos. A perícia foi feita e uma sindicância instaurada, mas a corregedoria não soube dizer que ações foram adotadas após a descoberta do túnel. Em nota, o Departamento de Administração Prisional (Deap) informou que “todas as medidas legais, periciais e correcionais foram tomadas e as autoridades competentes já foram informadas”. O secretário-adjunto de Justiça e Cidadania, Leandro Lima, só falará sobre o caso quando vai se inteirar do problema. Nesta segunda-feira ele passou o dia em reuniões em São Paulo.
O túnel foi descoberto por volta das 6h por um dos servidores de plantão. Com cerca de 15 metros de extensão, o buraco foi aberto a partir de uma cela da galeria B-1, que tem cerca de 60 metros quadrados, e termina próximo ao prédio da administração, dentro do pátio da unidade. Os detentos foram flagrados no momento em que saíam do túnel, mas nenhum conseguiu escapar. Depois da tentativa de fuga, 17 foram transferidos: sete para o Presídio Regional de Joinville e 10 ao Complexo Penitenciário da Canhanduba, em Itajaí.
De dia, familiares e amigos dos detentos buscavam informações, mas eram avisados que a unidade passava por perícia e que presos haviam sido deslocados.
Esta é a terceira vez no ano que presos investem contra a segurança do Presídio Regional de Blumenau. A primeira ocorreu no início de janeiro, quando dois presos renderam um dos vigilantes com uma faca. Rafael da Silva e John David Meira aproveitaram que o outro servidor dormia e fugiram pelo portão. No fim de janeiro, outros 28 detentos escaparam. Saíram por um túnel aberto na Galeria T. A passagem terminava nos fundos do presídio. Até ontem, 15 haviam sido recapturados.
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Investigações sobre fuga em massa foram prorrogadas
Há duas investigações que apuram as responsabilidades da fuga em massa, uma da Polícia Civil de Blumenau e outra da corregedoria. Ambas tiveram os prazos prorrogados. Além das fugas, no início do mês a Polícia Militar foi acionada para conter um princípio de rebelião após a transferência de detentos entre alas da unidade. As últimas operações pente-fino resultaram na apreensão de celulares, drogas e objetos cortantes, mas não impediram a abertura do túnel.