As pedras inertes das lápides são um símbolo da morte. Mas as lembranças que carregam, no nome daqueles que já se foram, fazem delas memórias vivas. Nos cemitérios da região, há sepulturas que ultrapassam a barreira do tempo e atraem visitantes – seja porque guardam personalidades conhecidas, como o Beto Carrero, em Penha, ou porque carregam o nome de pessoas que se eternizaram na história dos municípios, como a família Konder, em Itajaí.

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O fato é que, em meio a um ambiente lembrado por momentos de tristeza e dor, tornaram-se pontos de visitação. Coveiro do maior cemitério da região, o da Fazenda, em Itajaí, Leandro Setti, 28 anos, já acompanhou muitos curiosos a túmulos de pessoas conhecidas.

Entre as quase 30 mil sepulturas, onde se estima que haja 100 mil pessoas enterradas, as lápides que mais chamam atenção são as de famílias tradicionais. Imponentes e sóbrias, concentram-se na primeira quadra do cemitério, onde muitos jazigos datam do início do século 20.

A curiosidade sobre elas disputa espaço com casos recentes, que ainda comovem os visitantes do Cemitério da Fazenda. Como o do estudante Rafael Mendonça, morto por engano ao ser confundido com criminosos que haviam assaltado um banco, junto ao Porto de Itajaí – um dos túmulos mais procurados, segundo Setti.

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Em Camboriú, no cemitério do Centro, é também uma sepultura que lembra uma tragédia recente a mais procurada. Ex-miss Balneário Camboriú, Elisa Santana morreu atropelada em junho. Desde então, sua lápide é a que mais recebe visitas na cidade onde ela viveu.

– Em casos em que houve grande comoção, visitar o túmulo é uma forma de criar familiaridade – explica Katia Simone Ploner, mestre em Psicologia Social e da Personalidade e professora da Univali.

Algo parecido com o que leva as pessoas a visitar sepulturas de gente famosa. A relação entre a morte, abstrata, e a materialidade das sepulturas, tem a ver com os padrões culturais e religiosos da comunidade:

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– Manter um túmulo cuidado é como manter a memória daquela pessoa, uma questão de reconhecimento social – diz Katia.

Beto Carrero

Onde: Cemitério Municipal, Penha

Na simplicidade do cemitério de Penha, a réplica dourada do chapéu do caubói é lembrança de Beto Carrero, homem que eternizou a alegria e tornou famosa a cidade do Litoral. Morto em 2008, após uma cirurgia cardíaca, Beto tem a lápide mais visitada da cidade – e atrai gente que vem de longe. Não raro, turistas que chegam ao Beto Carrero World procuram a assessoria do parque para perguntar onde ele está enterrado e fazem questão de visitar a sepultura.

Maria e João Kracik

Onde: Cemitério da Fazenda, Itajaí

As lápides, enfeitadas com imagens sacras, remontam ao início do século 20. Segundo o administrador do Cemitério da Fazenda, diácono Fernando Coelho, as sepulturas estão entre as mais antigas da cidade, e ficam na quadra dos túmulos históricos. ?

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Mausoléu dos prefeitos

Onde: Cemitério da Fazenda, Itajaí

Parte da vida política de Itajaí também passa pelo Cemitério da Fazenda. Logo na entrada, um espaço é reservado para os prefeitos. Samuel Heusi e Pedro Ferreira estão lá. No dia 7 de novembro, Marcos Konder também será transferido do túmulo que ocupa, junto à família, para o memorial. O Cemitério da Fazenda também guarda a sepultura de Irineu Bornhausen, governador de Santa Catarina de 1951 a 1956, e senador entre 1959 e 1967.

Famílias tradicionais

Onde: Cemitério da Fazenda, Itajaí

Na quadra onde ficam os túmulos mais antigos do Cemitério da Fazenda, não é difícil encontrar nas lápides nomes que ficaram eternizados em ruas e prédios públicos de Itajaí: Cônego Tomás Fontes, famílias Malburg e Bauer, e Marieta Konder Bornhausen, que dá nome ao principal hospital da região. ?

Tragédias

Onde: cemitérios da Fazenda, em Itajaí, e do Centro, em Camboriú

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A exemplo da sepultura da ex-miss Balneário Camboriú, Elisa Santana, que é a mais visitada de Camboriú (foto), o mausoléu dedicado a Olga Mussi – eleita miss Santa Catarina em 1963, que morreu em um acidente – está entre os mais vistos em Itajaí. O memorial ocupa uma capela vistosa no Cemitério da Fazenda, em Itajaí. No mesmo cemitério estão os túmulos dos amigos Jean Carlos Testoni, Roger Jorge dos Santos, Ramiro Juarez Oliveira dos Santos e Randall Juliano Oliveira dos Santos. Mortos em um acidente, em 1993, eles foram enterrados lado a lado em Itajaí.