A tradição é forte: a folia só começa oficialmente em Florianópolis depois do desfile do Berbigão do Boca, no Centro de Capital. Neste ano, o tradicional bloco dos bonecos gigantes completa 27 anos e acontecerá no dia 22 de fevereiro, como sempre uma sexta-feira. Devido às obras de revitalização da Praça XV, a saída acontecerá na Avenida Paulo Fontes, em frente ao Mercado Público.

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O palco será montado na pracinha do antigo Miramar. Já o trajeto será basicamente o mesmo, passando pelas ruas Marechal Deodoro, Tenente Silveira e entorno da Praça XV. Segundo a organização do evento, a expectativa de público é de 60 mil pessoas.

— Desta festa participa todo mundo que gosta de Carnaval, desde o pessoal que só assiste até os que de fato participam, de todas as escolas de samba. Então ele reúne todas as tribos pra buscar aquela motivação pro Carnaval, que acontecerá uma semana depois, tem uma bebidinha, os caricatos, os foliões. E aí a pessoa se dá conta que está no Carnaval. Está criado o clima! — destaca o carnavalesco Leonardo Garofallis, um dos diretores do Berbigão.

Confira a programação

12h — Concentração ao lado do Mercado Público, com participação ao vivo no Jornal do Almoço

13h — Festival gastronômico com 12 chefs de cozinha disputando o título de melhor "berbigãozeiro" de Santa Catarina

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14h — Prefeito Gean Loureiro entrega a chave ao Rei Momo, e estará deflagrada a folia

15h — Shows artísticos, culturais e musicais

19h — Tem início o desfile (bloco)

22h — Retorno ao Mercado Público e encerramento

Ouça a reportagem na Rádio CBN Diário

Homenageado é um folião anônimo

Todos os anos, uma personalidade importante do Carnaval de Florianópolis que deixa o mundo terreno é imortalizada na forma de um bonecão. Em 2019 será a vez de Túlio Carpes, um ex-funcionário público do Estado que passou os últimos dias em Nova Veneza, no sul catarinense. Túlio era um folião anônimo.

— A cenografia dele é a seguinte: ele vinha pela Praça XV, naquela época muita gente se vestia de mulher, hoje é mais raro, então ele colocava uma toalha de praia na frente do Palácio Cruz e Souza, armava um guarda-sol e ele, de biquíni, fazia caras e bocas. Todo mundo parava pra fotografar. Era uma figura típica do carnaval de Florianópolis. Ele já estava fora da Ilha há 10 anos, morreu faz dois, mas era a a mais pura expressão do folião anônimo.

Rainha de primeira viagem

A sambista Michelle Santos, de 33 anos, é nascida e criada no samba manezinho. Já desfilou por diversas escolas da Capital, mas neste ano vai representar, pela primeira vez, o Berbigão do Boca. Ela foi selecionada em um concurso junto com mais 10 meninas, em um júri formado pela diretoria do Berbigão mais personalidades carnavalescas da cidade. Ela está entusiasmada.

— Ser rainha do Carnaval de uma escola é um trabalho, tem todo um comprometimento, mas o Berbigão é mais alegria, mais bloco, mais povão. A gente consegue curtir mais o Carnaval mesmo sendo representante dessa folia!

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Bonequeiro tem prazer em "ressuscitar um personagem da Ilha"

Há quase três décadas, é o artista plástico Allan Cardoso, de 61 anos, que faz todos os bonecos do bloco. O bonequeiro conta que sua maior alegria é eternizar as pessoas na confecção de um boneco.

— Eu tenho uma satisfação enorme em fazer os bonecos e ser o cara que ressuscita um personagem da Ilha que fez algo de bom para enobrecer a cidade.

Questionado sobre quanto tempo precisa para confeccionar cada bonecão, seu Allan diz apenas que demora, já que tudo é feito em etapas, mas que "depende da empolgação".

— Tem dias que a gente está inspirado e fica três quatro horas no boneco. Mas tem dia que a gente sai, e volta, e busca outra forma de semelhança pra que, quando ele chegue no dia da apresentação, todo mundo olhe e diga "olha, é ele mesmo" e se deslumbre com a fisionomia da pessoa no boneco caricato.

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O artista plástico conta que os foliões sempre lhe pedem para fazer um boneco de si. Ao que responde: "tu tens que morrer primeiro!". O que não é a hora para ninguém que vai pular no Berbigão.