Depois de quase cinco meses do início da vacinação contra Covid-19 no Brasil, um quarto imunizante chega ao país nesta semana. O primeiro lote, com três milhões de doses, seria entregue ao Ministério da Saúde nesta terça-feira (15), mas a previsão não se confirmou. Santa Catarina vai receber 104.400 doses. A data de distribuição para os estados ainda não foi informada.

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O contrato do governo brasileiro com a Janssen, assinado em março, prevê 38 milhões de doses. As entregas estavam previstas para começar em julho, mas foram antecipadas para este mês. No entanto, o curto prazo de validade da primeira remessa preocupava. O lote venceria em 12 dias.

Na segunda-feira (14), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária autorizou o aumento do prazo de validade da vacina da Janssen de três para quatro meses e meio. A autorização foi dada depois que Anvisa analisou estudos apresentados pela Janssen, que comprovam a estabilidade da vacina quando mantida entre 2 ºC e 8ºC durante esse período. 

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A FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, também autorizou a ampliação do prazo de validade na quinta-feira passada (10).

Com a mudança, a primeira remessa que deve chegar ao Brasil ainda esta semana poderá ser usada até 9 de agosto. A Diretoria da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina ainda aguarda orientações do Ministério da Saúde.

A vacina da Janssen, desenvolvida pelo braço farmacêutico da Johnson & Johnson, é a única no mundo que protege com apenas uma dose. Uma vantagem para países como o Brasil, que precisam aumentar com rapidez o número de pessoas completamente imunizadas. 

Atualmente, apenas 11% da população do país completou o esquema de vacinação. Para o imunologista, Daniel Mansur, essa característica vai acelerar bastante o processo de vacinação. 

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— Uma só dose é, realmente, um grande avanço, porque a pessoa já estará imunizada pouco tempos depois — avalia.

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Os estudos de fase um e dois comprovaram a eficácia de uma única aplicação, de acordo com o coordenador dos estudos da vacina da Janssen em Santa Catarina, Dr. Felipe Dal Pizzol. 

— Nesses estudos prévios, com menor número de participantes, se demonstrou que uma única administração da dose recomendada era tão eficaz quanto duas doses em tempos separados. A resposta imunológica e a proteção eram atingidas de maneira semelhantes. Então, a Jassen conseguiu a aprovação e, pelo menos até hoje, é a única que confere proteção com uma dose — explica.

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Os estudos para uso emergencial, feitos com mais de 40 mil pessoas no mundo, apontaram que a vacina tem eficácia de cerca de 70% para casos leves ou assintomáticos e de 85% para casos graves. Nenhuma morte foi reportada no grupo dos vacinados. 

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A proteção máxima da vacina da Janssen é atingida catorze dias depois da aplicação da dose. O método utilizado para desenvolver a vacina da Janssen é parecido ao usado pelas vacinas da Pfizer e da Oxford/AstraZeneca

VACINA JANSSEN
Imunizante usa tecnologia similar às vacinas da Pfizer e Oxford/AstraZeneca, já aplicadas no Brasil. Veja como ele age no organismo humano.
1
Adenovírus que infecta humanos, com sintomas do resfriado comum
2
Remove-se a capacidade de reprodução do adenovírus
3
Fragmentos do coronavírus
são inseridos no adenovírus
adenovírus
modificado
célula humana
4
Após a vacinação, a célula
humana absorve o
adenovírus modificado
5
O adenovírus transmite
informações para o organismo
humano reconhecer e gerar a
proteção contra o Coronavírus
INFOGRAFIA: Ben Ami Scopinho, NSC Total
Fonte: Prof Dr. Daniel Mansur
Laboratório de Imunobiologia – UFSC

Um vírus que causa alguns tipos de refriados em humanos, chamado Adenovírus, é usado como um mensageiro. Parte do conteúdo genético dele é retirado e, no lugar, são colocados pedaços de coronavírus. Essa é a mensagem que é entregue ao organismo.

Quando o adenovírus entra na célula, o corpo acha que foi infectado e começa a produzir anticorpos. 

— Ele só entra na célula e entrega a sua mensagem. A partir daí, as células vão produzir a proteína spike . Elas não têm capacidade replicativa e não têm como causar nenhuma infecção, mas serve para entregar essa mensagem — complementa Mansur.

Cada frasco da vacina da Janssen contém cinco doses, que não precisam de estrutura especial de refrigeração: podem ser armazenadas entre 2 ºC e 8 ºC. Depois de aberto o frasco, as vacinas precisam ser aplicadas em até 6 horas.

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Em Santa Catarina, o centro de pesquisa do hospital São José, em Criciúma, foi o único a recrutar voluntários para participar da pesquisa. Cento e cinquenta pessoas receberam, em novembro do ano passado, uma dose de vacina ativa ou de placebo para que junto com outros centros de pesquisa do mundo pudessem determinar a segurança e a eficácia para uso emergencial.

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O médico Felipe Dal Pizzol explica que os estudos continuam e os voluntários serão acompanhados por até dois anos. 

— Na primeria fase do estudo, como queria-se aplicar para uso emergencial por causa da pandemia, a eficácia foi determinada em até 28 dias após a dose. Então, ela se demonstrou eficaz, mostrando que essa única dose protege de forma adequada tanto para casos leves como para casos graves. Como ainda se busca a aprovação para uso definitivo, o estudo continua sendo realizado. Então, esses participantes vao ser seguidos por até dois anos após a administração da dose para determinar não só a segurança no curto prazo, mas também no longo prazo — esclarece.

O jornalista, Giovane Marcelino, foi um dos voluntários. Em fevereiro deste ano, quando o estudo foi aberto, ele foi informado pelos pesquisadores que havia recebido a dose placebo, mas que tinha o direito de receber a dose ativa. 

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— É muito gratificante, nesse atual momento em que há muita incerteza sobre quando vai ser vacinado, né? Eu ter tido essa possibilidade há alguns meses e estar protegido, eu fico muito feliz. Mas, claro, não largando em nenhum momento o álcool gel, a máscara e todos os cuidados. Eu espero que muito em breve muitas pessoas possam estar sentindo a mesma sensação que eu estou sentindo agora — comemora.

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O imunologista, Daniel Mansur, reforça que mesmo vacinado contra a Covid-19, os cuidados precisam continuar. 

— Essas pessoas vão estar protegidas nas devidas percentages de cada vacina, no entanto, isso não impede delas transmitirem o vírus. Diminui a chance, mas não por completo e o único jeito de ficar livre da pandemia é diminuir os casos com a vacinação, com distanciamento, com o uso de máscaras e quando essa curva tiver bem baixa ,a gente pode voltar a nossa vida normal. A gente espera que isso possa acontecer o mais rápido possível — finaliza.

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