Raríssimo e com características típicas de animais ancestrais, o tubarão-cobra é catalogado pelos cientistas como um verdadeiro fóssil vivo. É que sua linhagem evolutiva remonta ao Carbonífero, período que ocorreu há 359 milhões de anos. Mesmo assim, os atuais exemplares pouco diferem de seus ancestrais, desde a pré-história.

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É importante destacar que foram encontrados fósseis de 8 espécies extintas em seu gênero. O que somaria um total de 10 tipos diferentes de tubarões-cobra que habitaram o planeta no passado. Apesar desta variedade, não há registros de aparição de tubarão-cobra nas águas de Santa Catarina. Nem no Brasil.

São animais bem antigos e bastante diferentes do que costumamos pensar sobre a forma de tubarões. Afinal, o tubarão-cobra incorpora a aparência de dois animais em um só.

Vivendo nas profundezas dos oceanos em quase todo o mundo, o tubarão-cobra geralmente nada em profundidade entre 200 e 1200 metros. Para se ter uma ideia da dificuldade de acesso ao seu habitat, um mergulhador autônomo desce, no máximo, a 40 metros de profundidade.

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O tubarão-cobra é da espécie Chlamydoselachus anguineus, a única da família Chlamydoselachidae que não foi totalmente extinta. Há aproximadamente uma década, o termo “tubarão-cobra” caracteriza duas espécies diferentes difíceis de serem distinguidas externamente.

No entanto, existem diferenças no condrocrânio, no número total de vértebras e no número de dobras da válvula espiral.

O tubarão-cobra tem características de tubarão e de cobra juntas em um só organismo
O tubarão-cobra tem características de tubarão e de cobra juntas em um só organismo (Foto: Banco de Imagens)

As características do tubarão-cobra

O tubarão-cobra tem um formato anguiliforme, com a aparência de uma enguia. Mas a cabeça desse animal, em termos de morfologia, é o que o coloca na família dos tubarões. Cabe mencionar que a enguia é uma espécie de peixe que se assemelha muito às cobras.

Imagine esses dois animais, tubarão e cobra, que muitas pessoas consideram do mal, juntos em um só organismo. Para quem não gosta de tubarão e muito menos de cobra, trata-se de um verdadeiro terror.

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Graças à presença das fendas branquiais, os cientistas puderam classificá-lo como tubarão. Enquanto a maioria dos tubarões possui 5 pares de brânquias, os tubarões-cobra têm 6. A primeira delas se funde com a parte inferior da mandíbula, o que dá ao animal uma aparência de colar.

O corpo cilíndrico e alongado pode medir até 2metros de comprimento, com as barbatanas dorsais, pélvicas e anais colocadas junto à cauda. A cor é sempre escura, com tonalidades que vão do marrom ao preto.

A cabeça do tubarão-cobra é achatada, como se fosse uma cobra d’água. Tem um focinho muito curto e uma boca alongada de forma terminal com cerca de 300 dentes em forma de tridente. Sem dúvida, o aparato mandibular desse tubarão tão primitivo indica uma habilidade incomum para devorar.

O tubarão-cobra possui uma mandíbula longa e flexível, dai sua capacidade de engolir sua presa por inteiro.

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O habitat do tubarão-cobra

A variedade comum e a africana do tubarão-cobra têm uma distribuição diferente. A primeira espécie vive de forma cosmopolita mas irregular, nas águas dos oceanos Atlântico e Pacífico. Já a espécie africana foi encontrada em países como Angola, Namíbia e África do Sul.

Por viver nas profundezas, é muito difícil de encontrar o tubarão-cobra na natureza. As informações que se têm sobre esse animal vêm de espécimes que vivem em cativeiro ou de indivíduos presos em redes de arrasto em grandes profundidades.

Também é interessante saber que em cativeiro, o tubarão-cobra nada continuamente com a boca aberta. Por conta disso, os cientistas acreditam que seus dentes brancos podem ser um mecanismo para atrair suas presas. Em todo caso, sua morfologia e anatomia internas revelam que esse animal está preparado para viver na escuridão.

O tubarão-cobra tem um esqueleto reduzido e um índice de calcificação muito baixo. Os cientistas afirmam que esse tipo de tubarão possui um enorme fígado repleto de lipídios de baixa densidade, o que o ajuda a manter a posição na coluna d’água sem esforços. Sua linha lateral sensível é muito primitiva, mas refinada, permitindo detectar movimentos mínimos nas presas ao redor.

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Como é a reprodução do tubarão-cobra

O tubarão-cobra não se reproduz como a maioria dos peixes. Afinal, são ovovivíparos, animais cujo embrião se desenvolve em um ovo alojado dentro do corpo da mãe. O ovo recebe proteção, mas o embrião desenvolve-se a partir do material nutritivo existente no ovo.

A fertilização do tubarão-cobra é interna e ele dá à luz a filhotes vivos, mas que não ficam conectados com a mãe por meio de uma placenta durante a gestação. Os filhotes se alimentam do saco vitelino de um ovo internalizado e, somente quando são jovens, a fêmea os libera para fora.

Esta gravidez é uma ótima estratégia. Porque os bebês já nascem desenvolvidos e bem mais preparados para se virar no seu novo mundo.

O período de gestação desses animais é bastante longo. E pode levar até 3 anos e meio. É praticamente o dobro de tempo que dura a gestação de uma fêmea de elefante africano: 22 meses. O ciclo de gestação do tubarão-cobra é o mais longo entre todos os vertebrados conhecidos.

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Estima-se que, em águas profundas, machos e fêmeas sexualmente maduros possam se reproduzir durante todo o ano. O tubarão-cobra não apresenta uma estação reprodutiva, o que significa que pode se reproduzir em qualquer época do ano. Para os cientistas, isso pode ter sido uma adaptação relacionada com o longo período de gestação.

Outro dado curioso revela que o tubarão-cobra produz o menor número de filhotes, entre as espécies de sua ordem, a Hexanxiformes. O tubarão-cobra produz uma média de 6 filhotes a cada gestação.

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Tubarão-cobra é perigoso?

Assim como outras espécies, o tubarão-cobra é um predador, mas não apresenta perigo para os humanos. Isso mesmo levando em conta seu tamanho. Vale lembrar que o tubarão-cobra pode chegar aos dois metros de comprimento.

Os estudos sobre esse animal demonstram características tão particulares que os especialistas criaram para o tubarão-cobra um único gênero, chamado Chlamydoselachus.

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Esse peixe possui a mandíbula longa e equipada com 300 dentes pontiagudos, distribuídos em 25 fileiras. Eles se alimentam de lulas, peixes ósseos e até tubarões menores.

O encontro entre tubarão-cobra e banhistas é muito raro. Além disso, a espécie humana não faz parte da dieta alimentar dele. Mesmo assim, não se pode dar sopa ao azar. Afinal, se ele atacar uma pessoa, por se sentir ameaçado, por exemplo, com certeza não será possível conseguir sair viva desse ataque. São mais de 300 dentes bem afiados.

Os dentes dessa espécie de tubarão entram em contraste com sua pele marrom ou cinza escura e brilham, servindo de isca para atrair presas através da iluminação produzida por seus dentes. No momento em que a presa percebe que está numa armadilha, já é tarde demais.

A espécie foi vista em Portugal, Japão e Austrália
A espécie foi vista em Portugal, Japão e Austrália (Foto: Banco de Imagens)

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Tubarão-cobra foi avistado em três continentes

Está cada vez mais difícil ver essa espécie de tubarão. É um evento raro, mas acontece. Veja abaixo, as aparições mais recentes:

  • Em 2007, uma fêmea foi vista em águas pouco profundas no litoral do Japão, perto da cidade de Shizuoka. O peixe foi filmado por funcionários de um parque marítimo japonês, depois de ser alertado por um pescador. Este disse ter visto uma criatura parecida com uma enguia, cheia de dentes pontudos e de 1,6 metro de comprimento.

No entanto, a espécie parecia estar em más condições quando os funcionários do parque o levaram para uma piscina de água do mar, onde o filmaram nadando e abrindo sua mandíbula.

Os pesquisadores acreditam que a fêmea pode ter vindo para perto da superfície porque estava doente. Infelizmente, o tubarão morreu poucas horas depois de ter sido pego.

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  • Em 2015, um tubarão-cobra acabou sendo capturado por um grupo de pescadores nas águas do Estado de Victória, sudeste da Austrália. O exemplar, de cerca de 2 metros de comprimento, foi capturado perto dos lagos Entrance.

Segundo a Associação da Indústria de Pesca com Rede do Sudeste, esta é a primeira vez que o animal foi visto na região. O achado movimentou o meio científico que pesquisa estes animais, principalmente, pela dificuldade de se encontrar tubarões dessa espécie.

  • Em agosto de 2017, um grupo de cientistas capturou acidentalmente um tubarão-cobra de 1,5 metro de comprimento, perto de Portimão, em Portugal. Era macho e estava a mais de 700 metros de profundidade. Em novembro de 2017, o mesmo grupo de estudiosos capturou na mesma região outro exemplar deste tubarão.

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Espécie ameaçada de extinção

Por viver nas profundezas, é muito difícil e até impossível calcular o número da população de tubarão-cobra. Infelizmente, sabe-se que muitos espécimes acabam sendo vítimas das redes de pesca comercial. Embora não sejam caçados especificamente por sua carne ou materiais. São capturados até de forma acidental.

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Mesmo tendo baixa atratividade comercial, o tubarão-cobra encontra-se ameaçado de extinção devido à ação humana. Além disso, em razão de sua demora em produzir filhotes. O aquecimento global também é um fator que contribui para sua extinção.

Lembrando que ​​esta espécie era considerada extinta, mas as aparições em diferentes continentes desmentiu essa teoria.

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