Eleitores dos Estados Unidos decidem na terça-feira (3) nas urnas se o novo morador da Casa Branca, nos próximos quatro anos, será o democrata Joe Biden ou se renovam com o atual inquilino, o republicano Donald Trump. Qual deles vai executar gestão que permitirá mais vantagens econômicas ao Brasil na interação com o gigantesco PIB anual norte-americano, da ordem de US$ 21 trilhões? Apesar das propostas já conhecidas, é difícil prever quem será melhor, mas a diversidade da pauta brasileira aos EUA indica que, com mais empenho, será possível crescer naquele mercado.

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A mudança de governo sempre gera otimismo, mas independentemente de quem vencer, o Brasil enfrentará desafios para avançar no mercado norte-americano por questões gerais e específicas de cada candidato. Entre as gerais, estão a balança comercial entre os dois países, favorável aos EUA, o que inibe motivação para novas parcerias da parte deles; desinteresse em acordo de livre comércio com o Mercosul e o fato de o Brasil ser considerado um país periférico no radar dos EUA.

Para a economia brasileira, o mercado norte-americano é fundamental. Afinal, é o segundo maior destino das exportações do país, atrás apenas da China. Em 2019, o intercâmbio de produtos e serviços entre os dois países superou US$ 100 bilhões. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é uma das entidades otimistas sobre a possibilidade de mais negócios. Destaca que no ano passado os investimentos diretos dos EUA no Brasil passaram de US$ 70 bilhões e os de empresas brasileiras no mercado norte-americano ficaram perto de US$ 39 bilhões.

Neste ano, o isolamento da pandemia reduziu em 25% os negócios entre dos dois países até setembro, somando US$ 33,443 bilhões, com um superávit de US$ 3.125 bilhões para eles.

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Entre as medidas do candidato Joe Biden, uma das que podem favorecer o Brasil, apesar de indiretamente, é a volta ao multilateralismo internacional com sanções mais leves contra a China, o que melhoraria as condições comerciais para todos os países. A cobrança pela preservação da Amazônia também ajuda. É uma pressão maior ao presidente Jair Bolsonaro, um dos negacionistas do problema, mas colabora para a solução, o que melhoraria a imagem e os negócios do país.

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Para a economista Maria Teresa Bustamante, presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), que já participou de negociações comerciais internacionais, Joe Biden, se eleito, deve manter um posicionamento amigável com o Brasil, mas cobrar duramente a política de preservação ambiental e de relações trabalhistas. Ela prevê também que o democrata deve agir firme na cobrança de práticas comerciais leais, sem dumping.

A reeleição de Donald Trump pode significar a continuidade das relações diplomáticas e comerciais praticadas até agora, com mais perdas do que ganhos ao Brasil. Apesar de o presidente Bolsonaro se dizer amigo de Trump e vice-versa, a prática do lema “América Primeiro” (American first) impôs barreiras a diversos produtos brasileiros. A lista inclui cotas para aço, taxação do alumínio, do açúcar e até de molduras, um dos produtos exportados por Santa Catarina. Juntas, essas medidas reduziram em US$ 1,6 bilhão as vendas, estimou a CNI.

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Essas restrições, segundo Bustamante, são ações antidumping e compensatórias que afetam o Brasil. Apesar da expectativa de que Bolsonaro e Trump seguirão amigos, a economista diz que medidas de facilitação de comércio aduaneiro assinadas há poucos dias entre Brasil e EUA serão o principal avanço a partir dessa aproximação de ambos.

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As vendas do país aos norte-americanos são diversificadas. Incluem aviões, motores automotivos, produtos de madeiras, calçados e outros. Situação de SC é semelhante. Até meados de 2019, os EUA eram, com frequência, o principal destino das vendas do Estado. A pauta atual inclui itens como motores elétricos, blocos para motores, veículos, barcos e máquinas agrícolas. De janeiro a setembro, as vendas do Estado aos norte-americanos somaram US$ 977 milhões. A qualidade dessas pautas mostra que é possível se empenhar para crescer e ganhar solidez no mercado americano, apesar das trocas de governo e das crises econômicas.

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