O presidente americano, Donald Trump, deve se pronunciar nesta semana sobre o eventual traslado da embaixada americana a Jerusalém e seu reconhecimento como capital de Israel, provocando a reação do mundo muçulmano, que adverte sobre o risco de bloquear um acordo de paz com os palestinos.
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“Grande catástrofe”, “escalada”, “violência”: os aliados dos palestinos multiplicavam nesta seus alertas nesta segunda-feira (4).
Os palestinos têm pressionado líderes regionais para que eles se oponham à decisão de Washington, enquanto o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, ameaçou com uma nova “intifada”.
Modificar o estatuto “histórico” de Jerusalém causaria “uma grande catástrofe” e “colocaria fim ao processo de paz” entre israelenses e palestinos, declarou o porta-voz do governo turco Bekir Bozdag durante uma entrevista coletiva.
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Essa decisão do governo americano “abriria o caminho a novos confrontos, novas disputas, mais instabilidade na região e acontecimentos imprevisíveis”, disse.
A Jordânia advertiu os Estados Unidos sobre “as graves consequências” de um eventual reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, anunciou o ministério das Relações Exteriores jordaniano.
Essa decisão fomentará a violência e não contribuirá para o processo de paz, alertou a Jordânia, que é guardiã dos lugares santos muçulmanos de Jerusalém.
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A posição jordaniana foi comunicada pelo ministro do país, Ayman Safadi, em uma conversa telefônica com seu homólogo americano Rex Tillerson.
Já o líder da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, afirmou que se decidirem abrir a embaixada americana em Jerusalém, isso poderá estimular o fanatismo e a violência na região.
“É lamentável que alguns insistam em dar esses passos, sem que importe o perigo que isso implica para a estabilidade do Oriente Médio e do mundo inteiro”, expressou Abul Gheit à imprensa.
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– Trump anunciará decisão nesta semana –
Se Trump anunciar o traslado da embaixada americana a Jerusalém, poderia causar fúria no mundo árabe e complicar as tentativas de Kushner nas negociações de paz que realiza entre israelenses e palestinos.
Kushner, de 36 anos e chefe da pequena equipe negociadora da Casa Branca, fez uma incomum aparição pública na qual deu um tom otimista às suas gestões para chegar a um acordo entre israelenses e palestinos.
“O presidente vai tomar sua decisão”, disse no fórum Saban, organizado pela Brookings Institution, e optou por não negar relatos segundo os quais Trump declararia na quarta-feira Jerusalém como capital de Israel.
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“Está analisando muitos fatos, e quando tomar sua decisão, será ele quem irá anunciá-la. Tenham certeza que o fará no momento certo”, afirmou Kushner.
Trump deve decidir na segunda-feira se adia ou não por mais seis meses os planos de trasladar a embaixada americana de Tel Aviv a Jerusalém.
Todos os presidentes fizeram isso desde 1995 por considerarem que não era o momento para uma decisão dessa envergadura, e se espera que Trump volte a fazer isso, pela segunda vez, embora essa medida não lhe agrade muito.
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No entanto, diplomatas e observadores esperam que na quarta-feira Trump diga em um discurso que apoia o direito de Israel a considerar Jerusalém sua capital.
– Aliança de Israel e países sunitas? –
Kushner trabalha lado a lado com funcionários israelenses e estabeleceu vínculos com os monarcas da Arábia Saudita e dos Emiratos Árabes.
O genro do presidente americano acredita que há uma oportunidade para a paz se países árabes sunitas da região se alinharem com Israel para enfrentar a ameaça do Irã, braço xiita do islã.
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Kushner considera que um acordo entre israelenses e palestinos pode ser alcançado inclusive antes de um grande realinhamento de países.
“É preciso se concentrar em resolver o grande tema”, disse ao público presente em um fórum realizado no domingo passado.
“A dinâmica regional desempenha um papel importante no que acreditamos que são oportunidades, porque vários desses países olham e dizem que querem a mesma coisa”, afirmou. “E olham as ameaças regionais e acredito que veem Israel, que é tradicionalmente seu adversário, como um aliado muito mais natural que há 20 anos”, acrescentou.
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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falou neste fórum por videoconferência e também se referiu às possibilidades de reconciliação na região.
No entanto, pôs ênfase em considerar o Irã uma ameaça comparável à da Alemanha nazista por sua suposta determinação de “assassinar judeus”.
Sua mensagem não teve muitas referências à questão palestina, mas fez alusão à paz regional, embora com prazos mais longos do que os que Kushner tem em mente.
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“Tenho esperança no futuro. Hoje Israel é muito mais bem-vindo do que antes pelas nações do mundo”, disse.
* AFP