O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, quer que a cúpula do G7 que seu país receberá em um mês tranquilize aos cidadãos tentados pelo nacionalismo e pelo populismo e proponha medidas concretas sobre o meio ambiente e a educação de mulheres em zonas de crise.
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Os líderes dos sete países mais industrializados (Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Japão e Canadá) se reunirão nos dias 8 e 9 de junho na região de Charlevoix, Quebec, em um contexto de questionamento da ordem multilateral mundial.
“Muitos países e muitos cidadãos questionam os sistemas, seja por excesso de nacionalismo, por um populismo um pouco exagerado, (ou por) temas antiglobalização”, disse Trudeau em uma entrevista exclusiva à AFP.
“Isso deve estar no centro das discussões que teremos no G7: como tranquilizar os cidadãos sobre o futuro que estamos construindo juntos”, disse.
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“É importante estarmos atentos e manter esta ordem, esta paz, esta estabilidade, esta previsibilidade que nos ajudou a acreditar tudo o que adquirimos hoje”, afirmou em seu gabinete do Parlamento federal de Ottawa.
Mais uma vez, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump e suas decisões sobre o comércio e o acordo nuclear iraniano serão o foco de atenção.
Enquanto seu país renegocia à força o Tratado de Livre Comércio de América do Norte (Nafta), e os europeus e japoneses se rebelam contra as novas políticas comerciais americanas, Trudeau nega que Trump esteja isolado.
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Convencido de que o G-7 saberá “unir temas de segurança e crescimento econômico”, o líder liberal disse que espera “discussões verdadeiras e sólidas sobre como avançar juntos.”
– Igualdade de gênero –
Além dos principais problemas internacionais – o acordo nuclear iraniano, o conflito na Síria, a Coreia do Norte, as tensões comerciais -, Trudeau quer mobilizar seus colegas em torno da igualdade de gênero, com a criação de um conselho consultivo sobre o tema no G7.
“A paridade, a defesa dos direito da mulher, a inclusão das minorias LGBT e de outras em uma sociedade não é apenas um tema moral, é um tema profundamente econômico”, assegura.
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O dirigente quer estimular seus aliados a debater este assunto nos países em desenvolvimento. onde são necessários “muitos investimentos”, em particular, em “contextos de crise, nos campos de refugiados, (onde) a educação para as meninas é quase inexistente”.
“Sim, como países do G7, podemos investir na educação de mulheres e meninas em situação de crise, vamos diminuir o impacto da crise (…) e garantiremos que não se perca uma geração”, acrescenta Trudeau.
– Oceanos –
Outro assunto que interessa ao líder de 46 anos: a proteção dos oceanos, “um dos temas com mais consenso no G7 e no mundo”.
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O Canadá quer que os chefes de Estado e de Governo reunidos em Quebec abordem questões como a “pesca sustentável, uma melhor recopilação de dados (no mar), a investigação científica, a redução do número de objetos de plástico que acabam (despejados) nos oceanos”.
Com a mudança climática e seu corolário de “eventos meteorológicos extremos”, é urgente pensar em “infraestrutura sustentável e investimentos acordados” neste sentido.
O G7 deve dar soluções às pessoas afetadas por “furacões no Caribe, inundações ou o aumento do nível do mar”, enumera o primeiro-ministro, acrescentando que o Canadá reduzirá suas emissões de gases de efeito estufa conforme o acordo climático de Paris de 2015.
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A proteção dos oceanos “é um tema que preocupa o planeta e o G7 realmente pode demonstrar uma boa coordenação e liderança para abordá-lo”, afirma Trudeau, lembrando que “os governos precisam apresentar resultados tangíveis”.
A cúpula será realizada semanas antes de o Canadá se tornar o primeiro país do G7 a legalizar a maconha, embora vários estados americanos também estejam nesse caminho. Trudeau espera ser consultado por aliados que “estejam interessados em ver como isso ocorrerá (…) antes de aventurar-se” a fazer o mesmo.
* AFP