O primeiro-ministro eleito do Canadá, Justin Trudeau, disse nesta terça-feira ao presidente americano, Barack Obama, que retirará os caças canadenses do combate contra o grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria, mas não deu prazos para tal.

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“Cerca de uma hora atrás, eu falei com o presidente Obama”, disse Trudeau em coletiva de imprensa.

Embora o Canadá permaneça “um forte membro da coalizão contra o EI”, Trudeau disse ter deixado claro ao chefe de Estado americano “os compromissos que assumi a respeito de pôr fim à missão de combate”.

O presidente americano “compreende os compromissos” assumidos durante a campanha eleitoral no sentido de “acabar com a missão de combate”, declarou o dirigente liberal canadense.

Durante a conversa, Obama e Trudeau “concordaram com a importância de se aprofundar a forte relação entre EUA e Canadá”, revelaram funcionários da Casa Branca.

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“Se comprometeram a trabalhar juntos para atingir um acordo ambicioso e duradouro sobre a mudança climática em dezembro, em Paris”. Obama também propôs “uma reunião em um futuro próximo”.

– Canadá está de volta –

Em entrevista coletiva, Trudeau disse que o Canadá “está de volta” ao cenário internacional, após uma década de ausência de compromissos diplomáticos.

“Quero dizer aos amigos deste país em todo o mundo, muitos dos quais estavam preocupados com ver que o Canadá perdeu sua generosidade e sua voz construtiva nos últimos dez anos. Tenho uma mensagem simples para vocês em nome de 35 milhões de canadenses: estamos de volta”!

No governo conservador do atual premiê, Stephen Harper, o Canadá deu uma guinada em sua tradição de país pacifista, comprometendo-se com o envio de um contingente de soldados ao Afeganistão, a participar dos ataques aéreos na Líbia e, mais recentemente, em atuar na Síria e no Iraque como parte de uma coalizão internacional.

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Ao mesmo tempo, pôs fim a programas tradicionais do Canadá de ajuda ao desenvolvimento, dirigidos especialmente à África e à América Latina.

Entre os principais objetivos do futuro premiê está comandar o Canadá rumo à recuperação de sua combalida economia, em um país que sofreu contração no primeiro semestre deste ano.

O Canadá é o quinto produtor de petróleo do mundo e sofreu enormemente com a queda vertiginosa dos preços da commodity.

Justin Trudeau prometeu relançar a atividade com um programa de infraestrutura e de criação de empregos.

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No plano das políticas ambientais, o Canadá foi o primeiro país a se retirar do Protocolo de Kioto, em 2011.

Nesta terça-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou sua esperança de que o Canadá tenha um papel determinante para garantir o êxito da próxima Conferência Mundial sobre Mudança Climática (COP21). O evento acontece em Paris, de 30 de novembro a 10 de dezembro.

Durante o governo de Harper, vários membros do gabinete puseram abertamente em dúvida a veracidade da mudança climática, e dezenas de cientistas federais foram demitidos.

Trudeau garantiu que buscará formar “um governo que planeje políticas, olhe para os fatos e ouça os cientistas”.

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O futuro primeiro-ministro canadense é filho de Pierre Trudeau, considerado o pai do Canadá moderno. Pierre morreu em 2000 e ocupou duas vezes o cargo de premiê: entre 1968 e 1976 e de 1980 a 1984.

* AFP